62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 2. Comportamento Animal
A FREQUÊNCIA DE EMISSÃO DE CANTO DE Phaetornis superciliosus (AVES, TROCHILIDAE) NO PARQUE ECOLÓGICO DE GUNMA, SANTA BÁRBARA-PA.
Duan da Silva Brito 1
Márcia Cristina Dias Morais 1
Luis Fernando Teixeira Nascimento 1
Amanda de Almeida Monte 1
Leiliany Negrão de Moura 1
Maria Luisa da Silva 1
1. Universidade Federal do Pará-UFPA
INTRODUÇÃO:
Todos os animais precisam se comunicar, trocar informações que permitem aos indivíduos sua sobrevivência. Entre as aves, a comunicação é essencialmente acústica e neste processo é emitido um som muitas vezes complexo e harmonioso, que corresponde ao conceito de canto, cuja função biológica é o reconhecimento da espécie. O Parque Ecológico de Gunma (PEG) está localizado no município de Santa Bárbara em uma região de clima tropical úmido. A floresta é predominantemente do tipo ombrófila densa de terra firme, seguido de floresta secundária (capoeira) latifoliada, igapó e várzea. O PEG é drenado por dois igarapés, o Tracuateua e o Tauriê. O Beija-flor Besourão-do-rabo-branco Phaetornis superciliosus é uma espécie abundante na região amazônica e habita áreas de vegetação secundária e bordas de floresta. As fêmeas constroem os ninhos em folhas de palmeiras e os machos apresentam um comportamento de exibição em arena, que consiste de agregações em pequenos territórios nos quais os machos cantam e se exibem na tentativa de atrair fêmeas para o acasalamento. O objetivo deste trabalho é descrever a frequência de canto diária e anual de Phaethornis superciliosus na área do PEG, identificando possíveis fatores que possam influenciar a variação deste comportamento.
METODOLOGIA:
A espécie objeto do presente estudo é Phaetornis superciliosus, da familía Trochilidae, conhecida popularmente como Rabo-branco-de-bigodes ou Besourão-de-rabo-branco. Apresenta retrizes (penas da cauda) centrais longas e pontas brancas que chamam a atenção por seu movimento quando a ave está vocalizando. Os padrões faciais são marcantes, vermelho ou laranja no bico, lado ventral cinza e listras claras da cabeça ocre-pálido. É comum em toda a Amazônia florestal, abundante nas capoeiras do estuário do Amazonas. Ocorre do México à Bolívia e Brasil amazônico (Amazonas, Pará e Amapá). A área de estudo é o Parque Ecológico de Gunma (PEG) que está localizado no município de Santa Bárbara, Pará, entre as coordenadas de 01o13'00.86" S e 48o17'41.18" W. Registramos a quantidade de emissões de canto de P. superciliosus, dada pelo acompanhamento de um individuo ao longo de todo seu período ativo, uma vez por mês, onde contabilizamos o número total de emissões em um minuto, com intervalos de uma hora, de novembro de 2009 a março de 2010.
RESULTADOS:
Foram analisados dois indivíduos de duas arenas diferentes: na arena 1 a análise se deu entre os meses de novembro e janeiro e na arena 2 de fevereiro a março. Na arena 1 verificou-se que o período de maior atividade foi o mês de dezembro entre 16-17h, com média de 16,5 cantos/min. Em contrapartida, no mês de janeiro foi registrado como o período de menor atividade, com média de 9,9 cantos/min. No mês de fevereiro a média de emissões foi pouco maior que no mês de março (média= 15,1 e 13,2, respectivamente). Esta pequena diferença se deve principalmente à emissão de 28 cantos/min nas primeiras horas da manhã no mês de fevereiro, enquanto que em março não houve emissão alguma neste mesmo período. Os picos de emissão ocorreram entre 10h e 11h em fevereiro e entre 9h e 10h em março. Os indivíduos emitiram 14,7 cantos em média, com picos de emissão de 69 cantos/min entre 16h e 17h na arena 1 e de 70 cantos/min entre 9h e 10h na arena 2, coincidindo com os momentos que ocorriam chuva moderada. Nas duas arenas houve ausência de emissão de canto principalmente pela manhã entre 7h e 9h no mês de novembro, entre 7h e 12h nos meses de dezembro e janeiro, entre 7h e 9h em fevereiro e em março houve emissão somente entre 9h e 10h.
CONCLUSÃO:
A frequência de emissão de cantos dos indivíduos observados foi semelhante ao longo dos meses amostrados, embora tenhamos verificado as seguintes diferenças: houve emissões de canto nas primeiras horas do dia (de 6h as 7h) em todos os meses, exceto em março. A chuva parece ser um fator que exerce influência na quantidade de emissões de canto, pois em momentos de chuva moderada, os indivíduos emitiram um número maior de cantos do que em momentos sem chuva. Há a necessidade, no entanto, de realização de coleta de dados acerca da frequência diária de canto por no mínimo um ano, para finalizar um ciclo reprodutivo, o que permitirá evidenciar os períodos de maior atividade de canto. Este estudo pode fornecer uma base para o entendimento da dinâmica do comportamento em arena, conhecimento ainda insipiente para a espécie em questão.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq.
Palavras-chave: Beija-flor, Amazônia, Comportamento vocal.