62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 7. Etnologia Indígena
Projeto Paraupaba: a questão Indígena no Rio  Grande do Norte
Jussara Galhardo Aguirres Guerra 1
Dennys Lucas Xavier 3
Nátaly Santiago 3
Maria Gorete Nunes Pereira 2
1. Museu Câmara Cascudo-UFRN
2. Secretaria de Estado de Educação e Cultura
3. Departamento de CIências Sociais-UFRN
INTRODUÇÃO:

Este estudo, realizado durante os anos de 2008 e de 2009, teve como objetivo conhecer a realidade sociocultural de quatro grupos familiares que se auto-afirmam como indígenas e que se articulam no sentido de sua visibilidade e conquista de direitos de cidadania diferenciados. Constatamos os seguintes aspectos para essa pesquisa: a estrutura familiar das comunidades-alvos, sua origem e parentescos por meio de elaboração de recortes genealógicos, sua dinâmica sociocultural, memória social, história oral e a identificação dos sinais diacríticos com os quais os grupos reivindicam a "emergência étnica". Historiograficamente os grupos indígenas do estado norte-rio-grandense foram silenciados e esquecidos dentro de um processo político-ideológico de dominação e opressão que os considerou extintos, desaparecidos. O presente estudo, portanto fez uma releitura dos dados historiográficos locais com análise crítica e cuidadosa, bem como ouviu dos próprios sujeitos históricos suas histórias particulares e vivências específicas em contextos adversos que os impulsionaram em busca de sua sobrevivência em meio aos processos de transformações socioculturais.

METODOLOGIA:

Sujeitos participantes: pesquisadores e pessoas das comunidades indígenas dos seguintes municípios do Rio Grande do Norte: Baia Formosa- Comunidade indígena de Saji ; João Câmara - Amarelão- comunidade indígena dos Mendonça; Canguaretama- Catu -  comunidade indígena dos Eleotério; Açu- comunidade dos Caboclos.  Ações desenvolvidas:

Trabalho de campo:

- visitas dos pesquisadores às comunidades indígenas citadas.

- realização de reuniões com as comunidades para levantamento de informações voltado para os problemas e demandas.

- realização de entrevistas diretivas, individuais e em rodas de conversa.

 

Documentos e equipamentos utilizados: bibliografia de autores /antropólogos que oferecem suporte ao desenvolvimento da pesquisa e seus desdobramentos. As entrevistas foram realizadas com o auxílio de gravadores, filmadoras, câmeras fotográficas para registros de áudio, vídeo e fotografia, quando permitido, inclusive em locais indicados pelos entrevistados.

RESULTADOS:

À medida que cada aspecto era abordado na pesquisa, outros se desdobravam no sentido de esclarecer sobre a identidade étnica, memória social, história oral e relações interétnicas. Quanto às informações coletadas nas entrevistas  que se relacionam à origem e identidade dos grupos investigados, percebemos inicialmente que os etnônimos dos grupos (suas autorreferências) já indicam a conexão com antecessores indígenas fundadores do lugar onde vivem. Isso ficou claro por meio da história oral que foi relatada  durante as entrevistas. A partir desses dados outros aspectos foram desvendados no que diz respeito aos parentescos, genealogias (recortes genealógicos), migrações e deslocamentos, identidade social e interações sociais.

Da mesma forma, informações de ordem político-social foram observadas para melhor entendimento da dinâmica das comunidades-alvos com relação a suas demandas, seus problemas levados ao conhecimento do poder público com o apoio do movimento indígena do Nordeste, mais especificamente da Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo - APOINME, em audiências públicas, encontros, articulações e assembléias.

CONCLUSÃO:

O estudo obteve dados úteis para o entendimento da origem comum compartilhada pelo coletivo e como os grupos se conectam com os seus antecessores indígenas de forma subjacente ao modo de organização social. Os processos de migrações e deslocamentos desses grupos familiares, bem como a criatividade e a resistência dos mesmos foram cruciais para sua perpetuação em solo potiguar. Foram compreendidos também como os aspectos socioculturais inscritos nas redes de referências intersocietárias entre os grupos familiares e a sociedade circundante (incluindo nesta última dimensão, as ações dos agentes governamentais e não-governamentais) evoluem mediante o processo de "emergência étnica" dos referidos grupos familiares em atendimento a suas demandas - educação, saúde, território,etnodesenvolvimento. Da mesma forma, pudemos  constatar que o órgão indigenista oficial - a FUNAI tem mantido relacionamento político com esses grupos, reconhecendo-os e procurando atendê-los no tocante aos direitos diferenciados.

 

Instituição de Fomento: PROEX/UFRN; PROPESQ/UFRN, FAEX/UFRN, MUSEU CÂMARA CASCUDO/UFRN, FUNAI-DF, FUNDAÇÃO JOSÉ AUGUSTO, SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃOE CULTURA-RN.
Palavras-chave: INDÍGENAS NO RIO GRANDE DO NORTE., HISTÓRIA ORAL., IDENTIDADE ÉTNICA..