62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
ALZHEIMER, UM OLHAR ALÉM DO PACIENTE
Túlio César Vieira de Araújo 1
Danielle Rezende Ferreira 1
Maria de Fátima Lucena dos Santos 1
Soraya Maria de Medeiros 1, 2
1. Depto. de Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
2. Profa. Dra./Orientadora
INTRODUÇÃO:

O ser humano comporta-se como se nunca fosse envelhecer. No entanto o envelhecimento é considerado a conquista do século. De acordo com o IBGE (2000), a população relativa de idosos do Rio Grande do Norte, corresponde a 8, 2%, mas a longevidade não significa necessariamente uma velhice saudável, assim, o crescente aumento na expectativa de vida da população, eleva a incidência de patologias próprias do avanço da idade, especificamente as demências. A doença de Alzheimer é a mais freqüente das demências degenerativas. No Brasil os cuidados realizados geralmente ficam a cargo da família e da comunidade, esse cuidado pode ser uma opção do familiar ou indicação dos membros familiares, no entanto, nem todas as famílias possuem membros disponíveis ou emocionalmente acessíveis para assumir a responsabilidade. Diante desse contexto, definimos como objetivo: conhecer o cuidador do idoso com Alzheimer e as estratégias que ele vem utilizando para cuidar do portador de DA. Este estudo pretende oportunizar uma idéia da dimensão dos problemas enfrentados no cotidiano do cuidado exercido pela família no domicílio, no sentido de aprimorar conhecimentos para o planejamento de ações integrais em saúde, que favoreçam a qualidade de vida do portador de DA, do cuidador e da família.

METODOLOGIA:

O presente estudo é de natureza qualitativa e teve o referencial teórico construído à luz da história oral temática que se caracteriza pelo emprego exploratório da narração. Para a presente construção, trabalhamos com nove cuidadoras familiares, que participam de um grupo de apoio aos cuidadores familiares de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do município de Natal/RN. Utilizamos um roteiro de entrevista individual, aplicado junto aos cuidadores familiares de portadores de Alzheimer, com questões norteadoras que abordaram os temas de interesse para o estudo. Após esclarecimentos e aceitação em participar do estudo, foi solicitada a autorização dos cuidadores familiares para a gravação de depoimentos em fitas magnéticas, utilizando-se um gravador. A partir do consentimento destes, foi agendada, de acordo com a sua disponibilidade, a entrevista no local e horário por eles propostos. Foi usado também, um caderno de campo no decorrer das entrevistas, conforme o modelo de história oral proposto por Meihy (2002). A etapa seguinte constou da análise das narrativas dos cuidadores familiares. Para Minayo (2004), a análise temática comporta um feixe de relações e pode ser graficamente representada através de uma palavra, uma frase ou um resumo.

RESULTADOS:

Ao analisar os resultados pode-se observar que na fase inicial, a família tenta negar a doença de Alzheimer. Tornar-se um cuidador familiar do portador de DA é uma tarefa que pode causar sofrimento e diferentes sentimentos. "Eu me tornei cuidadora, porque ninguém se dispunha a vir cuidar dela, achavam que ela estava doente, mas não queria aceitar a doença" (Dora, filha). Tendo em vista as dificuldades, a família necessita reorganizar-se, repensar valores e buscar formas de se relacionar com o portador. A doença de Alzheimer atinge pessoas a partir de 60 anos de idade, assim quando o companheiro(a) torna-se cuidador a sua idade já esta também avançada. Quando o cônjuge não pode desempenhar esse papel ou já é falecido, a responsabilidade pelos cuidados passa a ser uma obrigação filial. Os filhos afirmam que cuidam porque não há alternativa, a figura da nora prestando esse cuidado ainda é algo novo em nossa realidade.Percebe-se assim que o parentesco tem uma influência decisiva na escolha do cuidador, a maioria dos cuidadores relatam que a família não colabora, culminando numa sobrecarga física e psicológica. Dessa forma, o portador de DA e sua família necessitam de uma rede de apoio ampla, que possam envolver os portadores de DA, o cuidador familiar, e por extensão, toda a família.

CONCLUSÃO:

Os depoimentos nos mostram que os motivos pelos quais os familiares tornam-se cuidadores são variados. Porém, destaca-se a necessidade de o idoso portador de DA, ser cuidado permanentemente por pessoas confiáveis, que mantenham um, relacionamento afetuoso e, neste aspecto, geralmente, tem sido constatado o grau de parentesco entre o portador e o cuidador. A partir das informações colhidas dos familiares cuidadores, percebemos que o parentesco tem uma influência decisiva na escolha do cuidador, acentuando-se a medida da maior relação familiar. Desta forma, ser o único a cuidar de um portador de DA, é extremamente difícil senão impossível durante o percurso da doença. Sendo assim, torna-se necessário criar estratégias de cuidados permanentes, que envolvam harmonia e superação das necessidades do portador de DA, sendo importante ressaltar que para cuidar do outro o cuidador necessita de cuidados permanentes.

Palavras-chave: Alzheimer, Idoso com Alzheimer, Cuidar de um portador de Alzheimer.