62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
DIFICULDADES DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
Raionara Cristina de Araújo Santos 1
Tarciana Sampaio Costa 2
Haneide Maria Leite Mendonça Landim 3
Tarcizo Rufino da Costa Filho 4
Arieli Rodrigues Nóbrega 5
Francisco Arnoldo Nunes de Miranda 6
1. Depto. de Enfermagem - UFRN
2. Depto.de Enfermagem - UFRN/SMS - Abaiara
3. SMS-Abaiara
4. Faculdade Ciências Médicas
5. Depto. de Enfermagem - UFRN/ SMS - Souza
6. Prof. Dr./Orientador - Depto.de Enfermagem - UFRN
INTRODUÇÃO:

O estado do Ceará foi pioneiro no desenvolvimento de atividades relacionadas à Atenção Primária em Saúde no Brasil, através da implantação do Programa de Agentes de Saúde (PAS), em 1987, como parte de um programa emergencial de emprego por ocasião de vários períodos de seca no estado. O programa funcionou nos municípios afetados de forma mais severa, sendo finalizado em 1988 com o término do período da seca. No entanto, devido aos seus inúmeros êxitos o Estado reiniciou-o em 1989 com recursos estaduais, como parte de um movimento pela reforma da saúde pública no Ceará. Atualmente, o mesmo foi redefinido como Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) integrando a Estratégia Saúde da Família (ESF), demonstrando sua relevância como também a necessidade de aprofundar os conhecimentos acerca de tal temática. Dessa forma, objetiva-se identificar as dificuldades e os problemas encontrados pelo Agente Comunitário de Saúde (ACS) no exercício profissional no município de Abaiara-CE.

METODOLOGIA:

O estudo foi realizado na Secretaria de Saúde localizada no Município de Abaiara-CE, tendo como amostra 21 ACS. Realizou-se um estudo de campo durante os meses de setembro e outubro de 2009, no qual os participantes responderam um roteiro de entrevista contendo questões subjetivas. Os dados foram analisados a partir da transcrição da fala dos participantes sendo estas organizadas em três categorias, a saber: o PACS antes e depois da implantação da ESF sob a ótica dos ACS; a receptividade da população para com o ACS; e as dificuldades encontradas na realização do trabalho. Os resultados foram analisados e discutidos à luz da literatura pertinente à temática. Para o processo de coleta de dados foram levadas em consideração as exigências contidas na Resolução 196/96.

RESULTADOS:

Em relação ao PACS antes e depois da implantação da ESF, percebe-se que houve mudanças significativas, pois, a partir de então, o ACS passou a exercer um maior número de atividades mediante a participação numa equipe multiprofissional, tornando-se o ator fundamental desse processo, sendo o elo entre os outros profissionais e a comunidade. Inicialmente, os agentes de Saúde trabalhavam quase que isoladamente com a comunidade, com pouca ou quase nenhuma participação de outros profissionais. Com a implantação da ESF, o ACS passou a fundamentar todas as estratégias do programa. No tocante à receptividade da população para com o ACS, houve considerável satisfação da comunidade em acolhê-lo no domicílio, reconhecendo e valorizando o trabalho desenvolvido pelo mesmo. A falta de educação continuada foi destacada como uma dificuldade encontrada no trabalho diário, o que, conseqüentemente, gera insegurança pessoal e descrédito por parte da comunidade assistida; assim como a priorização da atenção básica por parte dos gestores municipais, a ausência de incentivo financeiro aos ACS's e a carência de material para realização de algumas atividades pelos mesmos, tais como falta de medicamentos e transporte para deslocamento da equipe para área de atuação.

CONCLUSÃO:

Mudanças significativas no trabalho dos ACS foram percebidas com a implantação da ESF, permitindo um trabalho conjunto com vários profissionais da saúde, integrantes da ESF, que dão suporte às atividades desenvolvidas pelos ACS. No que diz respeito à receptividade por parte da comunidade ao ACS, ficou evidenciado a satisfação daquela em acolher o ACS em seu domicílio, sendo considerado como um aspecto positivo ao facilitar o trabalho do agente e contribuir para resultados causadores de impacto na saúde pública brasileira. Identificaram-se lacunas tanto no que se refere à educação continuada desses profissionais, quanto a problemas relativos à carência de recursos materiais e financeiros para a ESF. Tais dificuldades representam empecilhos para o desenvolvimento, resolutividade e eficácia do trabalho do ACS, sendo necessária a discussão e debates sobre essas questões em conferencias municipais, estaduais, congressos e eventos científicos, como também entre os gestores, no intuito de prover a melhoria das condições de trabalho desses trabalhadores da saúde.

Palavras-chave: Atenção primária à saúde, Saúde da Família, Profissional de saúde.