62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE: A VISÃO DOS PROFISSIONAIS E USUÁRIOS DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Juliana Bento da Cunha 1
Mirna Cavalcante Gurjão 1
Antônio Medeiros Junior 2
1. Depto. de Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
2. Prof. Orientador - Depto. de Saúde Coletiva - UFRN
INTRODUÇÃO:
No Brasil, a partir dos anos 70 do século passado, iniciaram-se experiências comunitárias em que profissionais dos serviços de saúde aprendiam a interagir com movimentos populares, possibilitando a dinamização das trocas de conhecimentos entre os atores envolvidos no campo da saúde. A partir da criação do SUS e do fortalecimento da democracia, demandas mais abrangentes têm surgido para os movimentos populares, ao mesmo tempo em que novas reflexões sobre educação popular compõem a agenda de alguns gestores, profissionais e usuários dos serviços públicos de saúde interessados em ampliar os espaços de aprendizagem e de interação na sociedade. Baseado nesse fato, este estudo objetiva identificar as representações sociais elaboradas por profissionais de saúde e usuários da Estratégia de Saúde da Família de Natal e da Grande Natal, acerca da Educação Popular em Saúde.
METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo qualitativo, onde foram entrevistados 94 profissionais que atuam na Estratégia de Saúde da Família de Natal (RN) e da Grande Natal e 98 usuários desse serviço. Os profissionais tinham entre 22 e 65 anos de idade (média 35,7 anos), estavam, em média, há 4,5 anos na ESF, 80,5% eram do sexo feminino, a maioria era formada por dentistas e enfermeiros (29,7% e 25,5%, respectivamente) e 76,6% possuíam Ensino Superior Completo. Dos usuários, 20,4% eram do sexo masculino, a idade média era de 41 anos, utilizavam o serviço, em média, há 6,5 anos, a maioria (34,7%) possuía o Ensino Fundamental incompleto e 34,7% eram donas-de-casa. Todos responderam a pergunta "O que é Educação Popular em Saúde para você?". As respostas dos usuários e dos profissionais foram analisadas, separadamente, segundo o método de Bardin (1977), sendo agrupadas de acordo com aproximação em nível semântico, tendo cada categoria recebido a denominação que melhor a representasse.
RESULTADOS:
Após a análise das respostas segundo Bardin, viu-se que para os profissionais "Educação Popular em Saúde" representa "Cuidado e prevenção" (41,23% das respostas), "Controle social" (23,71%) e "Compromisso profissional e capacitação" (32,98%). Já para os usuários, significa "Assistência" (51,51%), "Informação" (30,30%) e "Participação Popular" (9,09%). Uma parcela dos entrevistados não quis responder a pergunta ou não soube responder (9,09% dos usuários e 2,08% dos profissionais). No grupo dos profissionais, pode-se dizer que não houve grande disparidade de uma categoria em relação à outra. Em se tratando dos usuários, vê-se que esses valorizam a assistência à participação popular e que um número significativo de entrevistados não respondeu a questão. Há possibilidade de esse resultado ser devido à pouca informação a respeito do tema, o que pode ter gerado confusão na formulação da resposta. Além disso, nota-se que algumas categorias formadas a partir das respostas fazem parte do mesmo nível semântico, como por exemplo, "Cuidado e prevenção" e "Assistência", "Controle social" e "Participação Popular".
CONCLUSÃO:
Notou-se a presença de elementos que refletem a importância do tema para cada grupo pesquisado e que, apesar das diferenças, existe consenso entre as representações sociais elaboradas por profissionais e usuários. Os resultados também mostram a necessidade da veiculação de mais informação a respeito de Educação Popular em Saúde a todos os grupos interessados.
Palavras-chave: Educação Popular em Saúde, Profissionais de Saúde , Usuários.