62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 11. Morfologia - 3. Citologia e Biologia Celular
INFLUÊNCIA DO ENVELHECIMENTO NA PRODUÇÃO DE CÉLULAS HEMATOPOÉTICAS EM CAMUNDONGOS: ENSAIO EXPERIMENTAL IN VITRO
Alessandra Marinho Miranda 1
Fernanda Ginani 2
Carlos Augusto Galvão Barboza 3
1. Biomédica, Centro de Biociências - UFRN
2. Depto. de Morfologia - UFRN
3. Prof. Dr./Orientador - Depto. de Morfologia - UFRN
INTRODUÇÃO:

O sistema hematopoiético é responsável pela imunidade, nutrição e oxigenação das células dos tecidos que formam o organismo humano. As células e partículas que compõem esse sistema - hemácias, neutrófilos, linfócitos, eosinófilos, basófilos, plaquetas e monócitos - têm uma curta vida e por isso se faz necessária a sua constante produção. Para que isto seja possível, a medula óssea possui células tronco hematopoiéticas capazes de originar as diversas células que compõe o sangue. Todavia, com o envelhecimento do organismo essas células apresentam um decréscimo do potencial de proliferação e diferenciação, o que pode afetar a renovação tecidual. É nesse contexto que o presente trabalho está inserido, visando avaliar a influência do envelhecimento do organismo na capacidade proliferativa de células hematopoiéticas, utilizando um modelo experimental in vitro.

METODOLOGIA:
Extratos de medula óssea foram obtidos da tíbia e fêmur de camundongos jovens (30 dias; n=6) e senis (18 meses; n=6). Os animais foram submetidos à eutanásia e dissecados para remoção dos ossos. No laboratório de cultivo celular, sob condições assépticas, a medula foi extraída através da inserção da agulha no canal medular e posterior lavagem do mesmo com meio alfa-MEM. Os extratos de medula foram submetidos ao cultivo em estufa úmida por 24 horas, com meio alfa-MEM contendo 10% de soro fetal bovino, para permitir a adesão das células mesenquimais à placa de cultura e a manutenção das células hematopoiéticas no sobrenadante. Para descrever uma curva de crescimento das células hematopoiéticas, foram feitos subcultivos com o mesmo meio, nos intervalos de 24, 48 e 72 horas. Em cada período, foi realizada a contagem das células hematopoiéticas viáveis em três placas de cultura. Os dados obtidos sofreram a análise não paramétrica com o software GaphPad Prism 5.0 (La Jolla, USA). O valor das contagens correspondeu à média ± desvio-padrão de três amostras por intervalo. As diferenças entre os grupos foram comparadas pelo método Kruskal-Wallis para dados não relacionados e pelo teste de Mann Whitney para dados do mesmo grupo; em ambos os testes foi considerado um nível de significância de 5%.
RESULTADOS:
Como resultado de nosso estudo comparativo entre as culturas das células hematopoiéticas de camundongos jovens e senis, considerando o intervalo de tempo de 24, 48 e 72 horas, obtivemos uma curva de crescimento celular, na qual pôde ser notado que as células retiradas dos camundongos jovens (30 dias) apresentaram uma tendência de proliferação contínua entre os intervalos de 24 e 72 horas. Já as células dos animais senis (18 meses) somente apresentaram proliferação considerável nas primeiras 24 horas; após esse período, houve um declínio celular que se prolongou até o ultimo período analisado (72 horas). A diferença verificada entre os grupos jovens e senis pode ser justificada através de vários fatores que agem de maneiras distintas durante a senescência celular, especialmente o tamanho do telômero, o ciclo celular, a produção e resposta às citocinas, e o padrão de expressão gênica. Estudos posteriores mais completos devem ser propostos, para confirmar que esses fatores associados realmente desempenham um papel importante na diferença no índice de proliferação de células de origem de animais jovens e senis.
CONCLUSÃO:
Concluímos que a idade avançada do animal influencia negativamente no rendimento in vitro de células hematopoiéticas da medula óssea, o que pode representar um fator importante a ser considerado nos protocolos que utilizam essas células para terapia de doenças do sistema hematopoiético.
Palavras-chave: medula óssea, células hematopoiéticas, cultivo celular.