62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 4. Fitotecnia
A EFICIÊNCIA DO MANEJO EM ÁREAS DE AÇAIZAL NATIVO NO ASSENTAMENTO 26 DE MARÇO, TERRITÓRIO SUDESTE DO PARÁ.
Ana Caroline Neris Nogueira 1
Gleyciane Cruz Brandão 2
Loyanne Lima feitosa 2
Janiel Borges 3
1. Núcleo de Ciências Agrárias e Desenvolvimento Rural (NCADR), UFPA
2. Depto. de Ciências Agrárias, Faculdade de Agronomia- UFPA
3. Movimento dos Sem-Terra- Pará
INTRODUÇÃO:
O açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) é uma palmeira típica da floresta amazônica e muito expressiva para a sua cultura e para a economia. Nos últimos anos o consumo vem se expandindo a outras regiões do país e do mundo, ampliando as oportunidades de emprego e estimulando a economia local. A exploração do açaizeiro se dá através de técnicas próprias de extrativismo, praticado intensamente por milhares de pessoas no estuário amazônico, sendo esta atividade detentora de um importante papel social, econômico e ambiental para as famílias que a praticam. Garante uma rica fonte de alimento, geração de renda e preservação da biodiversidade a partir da sua utilização na recuperação e conservação de áreas de mata ciliar. Na maioria das áreas de açaizal, a palmeira tem origem nativa e por isso as práticas adequadas de manejo não tem sido utilizadas a fim de melhorar o desempenho da produção do fruto e a extração do palmito. Diante deste contexto fortemente marcado por uma exploração extrativista predatória, o presente estudo propõe algumas práticas de manejo que visam o melhor aproveitamento das áreas e das palmeiras de açaí com a finalidade de comparar os dados obtidos com a produção das áreas não manejadas durante o mesmo período e dentro da mesma área, que se encontram numa propriedade inserida no Assentamento Rural 26 de Março no município de Marabá, território sudeste do estado do Pará.
METODOLOGIA:
Para a realização do presente estudo, utilizou-se o período inicial da safra de 2008/2009 da produção do açaí. Os dados foram estimados para uma área de 1 hectare e foram realizadas como práticas de manejo : demarcação das parcelas (medindo 1500 m²); limpeza da área; identificação das espécies sem valor de mercado para desbaste, mantendo aquelas produtoras de madeira, frutos, sementes, fibras, látex, óleos e fitoterápicos e por fim o desbaste e raleamento das touceiras, a fim de retirar o excesso de estipes, mantendo de 3 a 5 estipes por touceira. Para as áreas sem manejo utilizou-se a mesma demarcação de 1500m² para comparação no mesmo período de colheita. O local escolhido para o estudo foi o Assentamento Rural 26 de Março por apresentar áreas de açaizal nativo e o estabelecimento da família Silva pelo interesse da mesma em melhorar o desempenho econômico do seu açaizal. O estabelecimento tem 46,5 ha de área total e a área de açaizal nativo encontra-se na área de APP- Área de Preservação Permanente.
RESULTADOS:
Verificou-se que após as práticas de manejo, o número de touceiras por hectares ficou em torno de 307. Nas touceiras, encontrou-se 1040 estipes com uma produção de 267 cachos pesando 388,7 kg depois de colhidos e os frutos pesaram 833,3kg depois da colheita e limpeza. Para a área de açaizal onde não foi realizado manejo, o número de touceiras, estipes e cachos apresentaram respectivamente 233, 1347 e 120. Apesar do número de estipes ser maior do que foi encontrado na área manejada a produção ficou em torno de 135,3 kg de cachos e 356,7 kg de frutos colhidos representando uma menor produção quando comparado com os dados obtidos da produção na área manejada que concentrou um percentual de 133,6% a mais de frutos colhidos.
CONCLUSÃO:
A produção do açaí manejado tem sido enfatizada como a forma de garantir a extração sustentada dessa espécie. O manejo dos açaizais visa o aumento da produção por área e uma maior rentabilidade à atividade. É, portanto, uma inovação de relativa facilidade de compreensão pelas famílias pelo fato das práticas serem simples e de possível integração ao cotidiano das mesmas como a roçagem, o raleamento, o desbaste das touceiras, a escolha das espécies que devem permanecer em determinado local e a colheita (subida nos estipes) que são atividades corriqueiras entre os assentados. Apesar das limitações, verificou-se uma produção consideravelmente superior da área manejada. Esse aumento da produção pode está ligada a uma maior radiação solar e menor disputa por nutrientes na área manejada, tendo sido favorecido pelas práticas a ela aplicadas. De uma maneira geral, todos esses elementos indicam que o manejo de açaizais é uma prática que pode ao mesmo tempo aumentar a possibilidade de renda das famílias, como de reconstruir o revestimento florístico, além de ser uma importante fonte de alimento e alternativa para maior diversidade de atividades nas áreas de assentamentos.
Palavras-chave: Manejo, Açaí, Práticas.