62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 1. Anatomia Vegetal
ANATOMIA DE RAIZ E FOLHA DE BANANEIRA (Musa sp. Cv. Pacovan Ken) MICROPOPAGADAS SOB CONDIÇÕES DE BAP E FONTES DE CARBONO DIFERENTES
Gabrielle Macedo Pereira 1
Marina de Siqueira 1
Lucila Karla Felix Lima de Brito 2
Fátima Batista Dutro 2
Edilma da Costa Pereira 2
Juliana Espada Lichston 3
1. Depto. de Botânica, Ecologia e Zoologia, UFRN
2. Pesquisador da EMPARN - Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte
3. Profa. Dra/Orientadora - Depto. de Botânica, Ecologia e Zoologia, UFRN
INTRODUÇÃO:
A produção de mudas via técnicas de cultura de tecidos vegetais é denominada micropropagação. Para a bananicultura, tal técnica pode apresentar benefícios como disseminação de cultivares resistentes a pragas e doenças. A cultivar Pacovan Ken é resistente ao mal da sigatoka negra e bem aceita no mercado do Rio Grande do Norte. No entanto, não há relatos científicos da sua resposta a micropropagação que evidenciam viabilidade desta técnica na produção comercial de mudas. Desse modo, o desenvolvimento de protocolos, visando à produção certificada e o barateamento do processo, trariam benefícios à bananicultura do RN. Diferenças significativas na capacidade organogenética in vitro são encontradas ao se variar composição mineral, vitaminas e fontes de açúcares dos meios de cultura. As condições ambientais também influenciam na morfoanatomia vegetal. Plantas cultivadas in vitro geralmente apresentam espaços intercelulares, sistema vascular pouco desenvolvido e reduzida capacidade de sustentação, estômatos poucos funcionais e baixa atividade autotrófica. Neste trabalho avaliou-se a ocorrência de alterações anatômicas em raízes e folhas da c.v. Pacovan Ken micropropagada in vitro, sob tratamentos com duas fontes de carbono (sacarose e açúcar cristal) e BAP sob diferentes concentrações.
METODOLOGIA:
Analisaram-se 16 tratamentos: os ímpares (T1,T3, T5, T7, T9, T11, T13, T15), tinham como fonte de carbono o açúcar cristal e os pares (T2, T4, T6, T8, T10, T12, T16), sacarose P.A. Para cada tratamento existiam três repetições, totalizando 48 espécimes de Musa sp. Cv. Pacovan Ken, totalizando 48 indivíduos. As amostras foram fixadas em etanol 70% entre os dias 21 a 24 de maio de 2008, posteriormente foram repassadas para FAA 70% no Laboratório de Anatomia Vegetal da UFRN (LANVE). Para análise anatômica, prepararam-se lâminas histológicas semipermanentes de folha e raiz, seccionadas a mão-livre com lâmina de aço inox e mergulhados em solução de hipoclorito de sódio comercial 1% (m/v) para retirada dos pigmentos naturais da planta. As secções transversais foram coradas com Azul de Alcian 1% e Safranina 1% para caracterização estrutural, colocadas em álcool 80% acidificado (etanol 80% e ácido clorídrico P.A) e posteriormente colocadas em álcool 100%. Os cortes foram lavados em água destilada para, em seguida, serem colocados em lâminas com glicerina 50%. Os cortes histológicos foram analisados em microscópio óptico (marca Bioval, modelo L2000A) e fotografados com auxilio de câmera digital com zoom óptico de 3 vezes.
RESULTADOS:
Nas raízes, observou-se a presença de pelos absorventes e parênquima lignificado nas duas primeiras camadas de células da região cortical. Ainda no córtex, nota-se a presença de aerênquima, espaços que armazenam ar e ocorrem no cultivo in vitro em função da grande umidade. Os espécimes tratados com sacarose P.A. apresentaram uma quantidade pouco maior de aerênquima que os tratados com açúcar cristal. A endoderme apresenta células com estrias de Caspary e células de passagem. Foram encontrados idioblastos contendo ráfides no parênquima cortical e observou-se pouco investimento em tecido esclerenquimático. As folhas apresentam cutícula muito delgada, mostrando que não há investimento contra a perda de água, e estômatos tetracíticos na região abaxial e adaxial (anfi-hipoestomática), com células guardas riniformes e câmara subestomática ampla. A fina camada de parênquima paliçádico também pode ser explicada pela baixa taxa fotossintética da planta, já que tal parênquima tem como principal função a fotossíntese. Presença de cavidade de ar, algumas dessas preenchidas por células parenquimáticas, formando tampões.
CONCLUSÃO:
Entre os dezesseis tratamentos (48 espécimes analisados), não foram observadas diferenças significativas na anatomia de raízes e folhas. Portanto, de acordo com estas análises, as duas fontes de carbono e as diferentes concentrações de BAP são viáveis para a produção de mudas de bananeira (Musa sp. Cv. Pacovan Ken). Pode- se constatar também que a organização anatômica descrita é padrão para o gênero Musa sp.
Instituição de Fomento: EMPARN - Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte
Palavras-chave: Morfo-anatomia, Micropopagação, Fontes de Carbono.