62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 2. Botânica Aplicada
Interação entre Cladonia verticillaris (líquen) com solos salinizados: interferência na produção de pigmentos fotossintéticos
Andrezza Karla de Oliveira Silva 4, 1, 5
Talitha Lucena de Vasconcelos 1, 3
Nicácio Henrique da Silva 2
Eugênia Cristina Gonçalves Pereira 6, 1
1. Universidade Federal de Pernambuco/Depto. de Ciências Geográficas - UFPE
2. Universidade Federal de Pernambuco/Depto. de Bioquímica - UFPE
3. Doutoranda em Geografia/PPGEO/UFPE
4. Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/FACEPE/CNPq
5. Colaboradora do Programa de Educação Tutorial de Geografia - UFPE
6. Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Ciências Geográficas - UFPE
INTRODUÇÃO:

Os liquens estão inseridos no Reino Fungi, porém são constituídos por uma associação simbiótica entre um fungo e uma ou mais algas e/ou cianobactérias. O componente fúngico é denominado micobionte e a alga, o fotobionte. Este último componente é responsável pelo processo de fotossíntese, a partir da qual é possível a biossíntese de substâncias vitais para a sobrevivência dessa associação, com ênfase aos metabólitos secundários, conhecidos como substâncias liquênicas. O líquen Cladonia verticillaris é uma espécie terrícola que possui estruturas carpogênicas vegetativas. É uma espécie endêmica, pois pode ser encontrada no litoral brasileiro, da Paraíba ao Rio Grande do Sul, e em algumas áreas de agreste. Em estudos do Grupo de Liquenologia Aplicada da UFPE, foi comprovada a interação desta espécie com o substrato. Ela capaz de alterar as propriedades químicas do solo subjacente, bem como a população microbiana. Experimentos em laboratório estão sendo conduzidos no sentido de observar a interação de C. verticillaris com solos degradados de núcleos de desertificação. Neste trabalho, avaliou-se o teor de pigmentos fotossintéticos em amostras submetidas a estes solo, como parâmetro de avaliação da interação da espécie com o substrato.

METODOLOGIA:

Inicialmente foi realizado levantamento bibliográfico e coleta do material. O experimento foi montado utilizando-se duas garrafas pet de 2,5 mL que foram cortadas e nelas depositados 1,5 kg de solo do tipo Luvissolo, uma contendo solo controle e outra o solo salinizado. Acima do solo adicionaram-se 15g de C. verticillaris que foram borrifados semanalmente com 2 mL de água deionizada. Foram realizadas coletas de 500 mg do talo no período de 24 h, 5, 10, 30, até 120 dias após a montagem do experimento. As amostras foram depositadas em tubos de ensaio envolvidos com papel alumínio para evitar a penetração da luz. Em seguida receberam 10 mL de acetona a 80% em água deionizada, e deixada no escuro por um período de 48h e logo depois filtradas. Os extratos obtidos foram analisados em espectrofotômetro a 546 mn, 645 mn, 663 mn, 666 mn para quantificação dos pigmentos, e posteriormente os valores foram inseridos em fórmulas para determinar os teores de clorofila e feofitina.

RESULTADOS:

A partir da realização das análises espectrofotométricas foi possível verificar a produção de clorofila e feofitina de C. verticillaris. As leituras demonstraram teores decrescentes de pigmentos em função do tempo de montagem do experimento. As amostras coletadas no intervalo de 24h e 5 dias com o solo controle tiveram teores de produção superiores a 10 mg/L, havendo posteriormente com o decorrer do experimento uma diminuição das taxas de produção devido a um possível estresse sofrido pelo líquen. Apesar da diminuição dos teores de clorofila e feofitina estes se mantiveram muito próximos nas duas cúpulas analisadas, ratificando a modificação no metabolismo do líquen que afetou sua produção de pigmentos. Foi observado também que ocorreram variações entre as amostras das duas cúpulas analisadas, verificaram-se valores mais elevados na cúpula contendo o solo controle. A diferenciação ocorrente entre as cúpulas pode estar relacionada à grande quantidade de sais existente no solo salinizado que possivelmente estão se volatilizando e sendo absorvidos pelo líquen. 

CONCLUSÃO:

Verificou-se que houve um comportamento diferenciado entre as duas cúpulas analisadas. A cúpula contendo o solo controle sofreu alterações nos teores de pigmentos, no entanto a com solo salinizado está variação foi mais perceptível. A variação observada na cúpula com o solo salinizado pode ser decorrente da absorção dos sais contidos no solo, principalmente pela sua alta concentração de macronutrientes como Mg2+ e Ca2+ que estariam interferindo no metabolismo do líquen, e conseqüentemente nos teores clorofila e feofitina produzidos.

Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco - FACEPE
Palavras-chave: Líquen, clorofila, feofitina.