Vive-se, no Brasil, uma fase de transição epidemiológica, em que as doenças infecto-contagiosas, usualmente ligadas à pobreza e às condições de saneamento, dão lugar às doenças crônico-degenerativas e cardiovasculares, mais ligadas aos chamados males da civilização. Trata-se de um quadro de morbi-mortalidade típico de países com grandes desigualdades sociais. A situação de saúde bucal é, portanto, um reflexo disso. Com o agravante de uma situação epidemiológica ainda aflitiva, o sistema de prestação de serviços odontológicos deficiente, aliado a uma prática odontológica iatrogênico-mutiladora, contribuem para o crescente sumiço dos dentes (Roncalli, 1998).

A arte de realizar um levantamento adequado para a realidade de cada região ou país está na correta compatibilização entre as aspirações dos que buscam conhecer com detalhes a situação da saúde da comunidade sob seus cuidados e os recursos físicos, humanos e financeiros movimentados pelo setor odontológico (Pinto, 2000).

Os padrões de saúde bucal e a tendência da cárie e da doença periodontal no país podem ser descritos através da análise dos quatro levantamentos epidemiológicos de base nacional, já realizado, no Brasil (1986, 1993, 1996 e 2003). A saúde bucal da população brasileira tem sido pouco analisada ao longo dos anos e o conhecimento da mesma é de fundamental importância para a elaboração de políticas de saúde (Martins, 2005).

Em face ao exposto, a equipe do PET-SAÚDE/ Cidade Nova fez um levantamento sobre os padrões de saúde bucal e a tendência da cárie em uma determinada faixa da população do bairro de Cidade Nova. Apesar da doença cárie não se caracterizar como uma ameaça à vida do indivíduo, ela pode interferir nas relações interpessoais e no convívio social, por isso levantamento de dados se faz importante.

Dessa forma, este trabalho tem como objetivo estabelecer o perfil atual da condição de saúde bucal de crianças e adolescentes, estudante da escola municipal Luiz Maranhão, localizado no bairro de Cidade nova, cursando entre o 5º ao 9° ano, do turno vespertino. O objetivo é motivá-los a respeito da importância da acuidade e da higienização bucal correta.

A partir da análise dos 304 questionários aplicados, verificou-se que a população foi composta por 40% do sexo masculino e 60% do sexo feminino.  Do total, 58% residiam em Cidade Nova e 84% não possuíam atendimento prioritário. Sobre os dados relativos à saúde bucal, 42% escovavam os dentes de uma ou duas vezes ao dia, enquanto 58% realizavam mais de três escovações diárias, o que causou uma grande surpresa aos pesquisadores.  O não uso do fio dental foi predominante entre os entrevistados (84%). Quanto aos problemas mais freqüentes, destacaram-se o sangramento gengival, durante a escovação (27%), quanto à sintomatologia dolorosa foi positiva para 24% dos entrevistados. A avaliação do número de lesões cariosas, por sua vez, revelou que do total de alunos entrevistados, 120 alunos não apresentavam cárie, 115 possuíam até três cáries, 30 apresentavam de três a cinco e 21 alunos tinham mais de 5 cáries. Dezoito alunos não realizaram a avaliação.

as atividades desempenhadas pelos alunos bolsistas do Pet-Saúde/ Cidade Nova despertou a necessidade de consolidar o conhecimento da atual realidade da saúde bucal na atenção básica. A maioria dos entrevistados afirmou escovar os dentes mais de três vezes ao dia. Observou-se que menos da metade das crianças não apresentavam lesão cariosa, em face ao exposto, percebe-se a necessidade de mais atividades educativas, que motivem essas jovens a fazer uma melhor higienização oral, e assim diminuir o número de lesões cariosas e os seus agravantes, como o sangramento gengival.  Esse estudo foi importante para conhecer o perfil de saúde bucal da população estudada, bem como promover à integração dos acadêmicos e profissionais de áreas distintas da saúde, o que capacita os envolvidos no trabalho em equipe multiprofissional.