Esta pesquisa surgiu a partir da importância dada ao grupo de pesquisa por aqueles que dele participam. Assim, foram verificadas em dissertações de mestrado e doutorado que os integrantes faziam referência ao grupo como um espaço que contribui para a formação destes profissionais da área educacional. A partir disso, buscou-se com esta pesquisa conhecer quais aprendizagens são possíveis nestas relações grupais e verificar se um grupo pode ser um dispositivo na formação de professores. A relevância desta pesquisa se dá pelo fato de adentrarmos em uma temática pouco estudada - grupos e educação -, e através desta, procurar contribuir na formação dos profissionais que estão sendo formados nas instituições de ensino superior. Nesse sentido, esta pesquisa buscou trabalhar diretamente com um espaço que está crescendo dentro das universidades, os grupos de pesquisa, e que estão se mostrando lugares formativos.

A metodologia desta pesquisa ocorreu em duas etapas que se enlaçam e se complementam: uma pesquisa bibliográfica e outra empírica. Iniciamos o trabalho realizando aprofundamento dos estudos sobre grupos na perspectiva de Pichon-Rivière, Marta Souto e Áurea Castilho, imaginário e representações utilizando Cornelius Castoriadis, Nilda Tevês Ferreira e Marisa Faermann Eizirik bem como, a formação de professores, memória e trajetória a partir de Gilles Ferry, Maria Isabel da Cunha e Valeska Fortes de Oliveira, entre outros autores que utilizamos como aporte teórico. Concomitantemente, na parte empírica da pesquisa buscou-se através das trajetórias de formação conhecer as aprendizagens, as significações imaginárias e a possibilidade de ver o grupo de pesquisa como um dispositivo de formação. Desta forma, a coleta de dados iniciou com uma pesquisa nas dissertações produzidas pelo grupo, para conhecermos os saberes vivificados no espaço grupal. Também foram selecionadas várias fotos de diferentes épocas do GEPEIS, as quais foram enviadas aos participantes para que, as cada um relatasse as significações da foto para si. Para dar continuidade à coleta, foram realizadas entrevistas orais, semi-estruturadas com participantes de diferentes épocas do grupo.

A partir dos nossos estudos, percebemos algumas características do referido grupo que estão presentes no processo de aprendizagem e de produção de sentidos para àqueles que dele participam. O grupo pesquisado se constitui por integrantes das mais diversas áreas, desde estudantes de graduação e da pós-graduação, como professores da rede estadual e municipal.  Nesse sentido, uma aprendizagem possível neste grupo é a diversidade. Essa diversidade se constitui nas trocas de vivências e de ideias entre todos, o que possibilita a construção de um novo olhar acerca de determinadas questões. Conforme Pichon Riviére (2005), quanto maior a heterogeneidade, maior será a homogeneidade da tarefa. Neste caso, a tarefa do grupo se constitui pelos estudos e pesquisas. Entretanto, percebemos que este grupo vai além da realização da tarefa, pois o mesmo contribui não somente para a formação profissional, mas também pessoal para os integrantes, onde relações de amizade são construídas e se tornam importantes espaços de convívios. Em meio à sociedade que vivemos, que muitas vezes é individualista, podemos perceber que neste espaço grupal pesquisado há um lugar para o lado mais humano e sensível, sendo valorizados os afetos e as qualidades de cada um.

Realizar esta pesquisa nos proporciona além de conhecer a história do grupo, perceber como este implica nas trajetórias de formação dos participantes e visualizar as relações interpessoais que se estabelecem interligadas às aprendizagens compartilhadas. Percebemos a importância do grupo como um dispositivo na formação de professores. Dispositivo entendido por nós como espaço que possibilita a experiência mobilizadora de saberes, representações instituídas e outras formas criativas de pensar as relações e a formação de professores. O espaço grupal favorece a construção de um imaginário instituinte quando os valores são (re) significados e múltiplas aprendizagens são possibilitadas. Olhar a formação sob a perspectiva grupal apresenta-se como uma nova temática dentro da universidade, onde estes dispositivos nem sempre são valorizados. Há inúmeros grupos no meio acadêmico constituídos para fins de pesquisa, porém as relações grupais, neles existentes, passam despercebidas por quem os constitui ou coordena. Analisar este grupo de formação foi o primeiro passo em busca da valorização desses espaços.