62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 7. Psicologia do Ensino e da Aprendizagem
A ATUAÇÃO DE PSICÓLOGOS EM ESCOLAS PÚBLICAS DE SÃO LUÍS
Ana Paula de Albuquerque Martins 1
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
INTRODUÇÃO:

Esse trabalho tem como objetivo apresentar as perspectivas do trabalho do psicólogo em escolas públicas de São Luís, Maranhão, discutindo sua atuação a partir da concepção de que a educação é um direito fundamental, tendo através da escola a função social de promover o pleno desenvolvimento dos educandos, bem como a sua preparação para o exercício da cidadania.

Na escola brasileira imprimem-se as contradições e conflitos existentes no contexto da Educação no país, seja no que diz respeito aos paradigmas e objetivos educacionais, seja pelas condições desiguais em que vive a população. Porém, em meio ao sucateamento ocasionado pela falta de investimento estatal, as escolas ainda podem ser consideradas locais em que grande parte dos cidadãos tem acesso ao conhecimento, constituindo-se assim como espaço importante de intervenção do psicólogo. Tradicionalmente o que se observa é que a vinculação entre Educação e Psicologia tem privilegiado o interesse pelas questões que dizem respeito à aprendizagem e o ensino, sendo assim, o psicólogo foi chamado a contribuir para auxiliar ou justificar e explicar os problemas dos alunos, especialmente os referentes aos problemas de aprendizagem, o fracasso escolar e mesmo os problemas de ajustamento.

METODOLOGIA:

Foram realizadas entrevistas com 07 (sete) psicólogos que atuam em escolas públicas da rede estadual e municipal da cidade de São Luís. Foi elaborado roteiro com 20 perguntas abertas, que consistiam em questionamentos relacionados à sua concepção de escola e de educação, à função do psicólogo na escola e suas demandas, à formação acadêmica e sobre as perspectivas desse campo de atuação. Cada entrevista foi realizada de maneira individual, tendo sido gravadas e depois transcritas. Para análise das falas foi utilizado o instrumental teórico-metodológico histórico-cultural, que permite perceber o ser humano e seu psiquismo numa perspectiva de totalidade, em que o sujeito escolar é pensado para além das visões abstratas e naturalizantes, avançando para a compreensão do ser humano como síntese histórica e social.

RESULTADOS:

As falas dos entrevistados demonstram que o trabalho do psicólogo na escola pública, bem como dos outros profissionais, é permeado pelas dificuldades encontradas como a precariedade das condições de trabalho (número elevado de alunos por sala, da escassez de material e espaço físico inadequado, entre outras) e a complexa relação diretor-coordenador-docente-discente. A formação universitária é encarada como defasada sendo que muitas vezes é baseada em modelos inadequados ao exercício profissional, em que predominam teorias e técnicas que não refletem sobre os processos envolvidos nas diversas situações práticas do cotidiano escolar, o que pode impossibilitar a vivência de situações de trabalho, além de não favorecer o desenvolvimento de idéias mais realistas a respeito da Psicologia Escolar e da própria população que solicita seus serviços.

Outro aspecto revelado no discurso dos profissionais é o foco de sua atuação, principalmente no que concerne às demandas que lhes são colocadas no contexto escolar, isto é, regularmente é solicitada ao psicólogos uma explicação/ justificativa sobre os motivos que levariam um aluno a não corresponder às expectativas e exigências dos professores ou do planejamento pedagógico da instituição. Bem como é colocada como atribuição do psicólogo a adequação do comportamento de determinados educandos, considerados "problema". Ressaltam ainda a escola pública em São Luís como um lugar relativamente novo para os psicólogos que vem sendo desvendado, principalmente, após recente concurso público.

 

CONCLUSÃO:

Percebe-se que as expectativas docentes quanto à função do psicólogo na escola representa um pedido de ajuda no que tange aos obstáculos com os quais não conseguem lidar, de modo que somente através de uma prática orientada ao contexto institucional e para a formação continuada de professores, onde se possam criar mecanismos de escuta e trocas de experiências, é que o psicólogo escolar poderá ressignificar sua função e auxiliar de forma mais efetiva na promoção do desenvolvimento e da aprendizagem.

Nesse sentido, é necessário discernir que o problema de aprendizagem de um aluno é o produto final de um processo mais amplo, que é multifacetado, policausal e complexo. A intervenção do psicólogo não deve (ou não deveria) se encerrar na elaboração de laudos que encerram uma queixa; a intervenção tem que visar à gênese do fenômeno, considerando que o aluno é um sujeito ativo e passivo de realidades sintetizadas histórica e socialmente. Assim, não somente as queixas devem ser analisadas e discutidas, mas toda a problemática que envolve o processo educativo, desde o contexto da instituição escolar e as relações entre seus atores até a cultura e dinâmica político-econômica local.

Palavras-chave: Psicologia, Educação, Eescola pública.