O manitol (C₆H₁₄O₆) é um poliol sintetizado por várias espécies de plantas e animais, apresentando importantes aplicações na indústria de alimentos, onde é utilizado como adoçante em produtos dietéticos. Na indústria farmacêutica, é usado como excipiente em comprimidos, especialmente aqueles destinados a se dissolverem na boca, devido à agradável sensação de doçura e frescor. Na medicina é utilizado como um diurético osmótico, sendo utilizado em neuroanestesia e neurorreanimação. A planta Agave sisalana (Agavaceae), popularmente conhecida como sisal, apresenta importância econômica para a região nordeste do Brasil como fornecedora de fibras duras. Atualmente, é responsável por mais de 44 % da produção mundial de sisal. Neste processo o aproveitamento da planta pela indústria de fibras é de aproximadamente 5 %, sendo o restante descartado na forma de resíduo. Neste sentido, pesquisadores têm descrito os aspectos positivos do uso do resíduo de sisal como adubo, praguicida e como alimento para animais. Recentemente identificamos o poliol manitol a partir do resíduo do sisal. Neste trabalho descrevemos uma metodologia para obtenção rápida de manitol a partir de um extrato do resíduo descartado de A. sisalana.

O resíduo de sisal (70 Kg) foi submetido à extração com água destilada (90 ºC) /1 hora) e após a filtração foi adicionado solução hidroalcoólica (80 %) permanecendo em repouso por 18 horas. Após esse período, verificou-se a formação de precipitado que foi separado e o sobrenadante submetido à partição com acetato de etila e isobutanol para fornecer os extratos acetato de etila (EAC), butanólico (EBU) e aquoso (EAQ). Em seguida uma alíquota (1mg) de cada extrato foi submetida à reação de sililação com excesso de bistrimetilsililtrifluoro-acetamida (BSTFA) (100 μL) e piridina (50 μL) assistida por micro-ondas de radiação focalizada utilizando 100 W de potência, a 70 ºC, por 5 minutos. O produto de cada reação foi analisado em um cromatógrafo a Gás (CG) (Shimadzu), nas seguintes condições: período de análise: 39 minutos; Injetor: temperatura: 280 °C Modo: split (1/20); gás de arraste: H₂; Fluxo na coluna: 1,00 mL/mim. Coluna: Rtx-1 (30 m X 0,25 mm X 0,25 µm) com rampa de temperatura entre 160 a 300 ºC. O D-manitol (Merck) foi utilizando como padrão nas análises.

Uma alíquota de manitol (1) padrão foi utilizada para obtenção das condições de análise dos extratos, sendo estabelecido o período de análise de 39 minutos. O tempo de retenção encontrado de 1 foi de 10,66 minutos. As frações oriundas do EAE, EBU e EAQ foram submetidas à reação sililação para verificar a presença de 1. O produto da reação foi analisado por cromatografia de camada delgada, e em seguida por CG, fornecendo os respectivos cromatogramas identificando a presença de manitol. Entretanto a intensidade do sinal para o extrato acetato de etila foi maior em relação aos outros extratos o que pode explicar a formação de cristais e o rendimento (0,008%) observado. A recuperação de manitol a partir de soluções aquosas é conhecida devido a sua baixa solubilidade (180 g / L a 25 ° C) em comparação com outro poliol (sorbitol a 25 ° C, é de cerca de 700 g / L ). Considerando que a baixa solubilidade é uma vantagem nas etapas de purificação, essa metodologia facilita e reduz o tempo de execução tendo em vista a presença de outros carboidratos (frutanos) que dificultam a obtenção de 1.

Neste trabalho, descrevemos o uso de resíduos agro-industriais como fonte potencial de compostos com aplicações na área farmacêutica e de alimentos conduzindo a estudos futuros sobre a viabilidade da extração em larga escala de manitol.