62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial
NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS: VISITA À UMA ESCOLA PÚBLICA ESTADUAL
Carolina Chaves Gomes 1
Isaac Samir Cortez de Melo 2
1. Universidade Federal da Paraíba
2. Universidade Federal do Rio Grande do Norte
INTRODUÇÃO:
Este trabalho surgiu após discussões sobre o papel da escola na difusão e promoção do conhecimento, em que verificou-se a necessidade de propostas inclusivas na escola. Sendo assim, o processo inclusivo o qual nos referimos neste trabalho tem um conceito amplo, abrangendo um ensino de qualidade, que compreende além de pessoas com deficiência sensorial e física, aqueles sujeitos pertencentes aos grupos marginalizados da sociedade. Nesse sentido, estão incluídas nesse processo alunos com situação sócio-econômica baixa, ciganos, deficientes visuais, auditivos, com déficit de atenção, entre outros. Pensando nessa abordagem inclusiva o objetivo desse trabalho foi realizar um levantamento acerca da situação de uma escola pública estadual do município de Natal que atendesse alunos com necessidades educacionais especiais. Com isso, buscamos identificar as ações inclusivas promovidas pela escola e professores, as formas de participação e/ou apoio da Secretaria Estadual de Educação, e as adaptações realizadas visando promover uma aprendizagem e permanência com qualidade a todos os alunos. De maneira geral, esta pesquisa pretende contribuir com as reflexões acerca da inclusão à medida que apresenta a situação de uma escola pública da cidade do Natal/RN.
METODOLOGIA:
Esta pesquisa apresenta-se sob uma abordagem qualitativa, tendo como amostra uma escola pública estadual que possuísse ensino fundamental e médio e que tivesse alunos com necessidades educacionais especiais cursando o ano letivo. Para seleção desta escola considerou-se, além das características já descritas, a proximidade para visitação da escola, o público ou comunidade que atendia e a existência de alunos com diferentes necessidades educacionais especiais que exigissem da escola adaptações diversas. Assim, foi escolhida uma escola que possuía dentre seus alunos as seguintes necessidades educacionais especiais evidentes: Síndrome de Down e deficiência mental. Para abordar a escola, realizou-se primeiro contato com a direção, e posteriormente com a coordenadora. Após apresentação da pesquisa e identificação dos objetivos e procedimentos, realizou-se entrevista semi-estruturada com a coordenadora, visando obter informações acerca dos processos inclusivos envolvidos, realizados e apoiados pela escola e Secretaria Estadual de Educação como adaptações, formação de professores etc, bem como a participação da disciplina Artes neste processo inclusivo.
RESULTADOS:
Verificou-se que, nesta escola, as contribuições do governo do estado para inclusão desses alunos são ínfimas, com apenas algumas visitas esporádicas de representantes da Secretaria de Educação. Percebeu-se a ausência de um profissional especializado em educação especial, além da falta de capacitação dos professores e a carência de apoio financeiro destinado ao atendimento dos alunos com necessidades educacionais especiais. Outro dado que constatado foi que apesar de existirem sete alunos com necessidades educacionais especiais nesta escola, esses concentram-se em apenas duas deficiências específicas: Síndrome de Down e deficiência mental. Na instituição investigada a disciplina de artes faz parte do componente curricular, porém, desconsiderando orientações de estudiosos na área, bem como do Ministério de Educação e Cultura, esta disciplina, na linguagem de cênicas, era ministrada por um professor habilitado em História. Por fim, quando questionada se os alunos com necessidades educacionais especiais da escola, saem com os conhecimentos necessários para assumir um papel na sociedade, a entrevistada é categórica em responder que "não", expressando ainda um evidente descontentamento com toda a situação.
CONCLUSÃO:
Considerando que o movimento e as discussões sobre inclusão nas escolas regulares brasileiras ainda estão se consolidando - pois até pouco tempo alunos com necessidades educacionais específicas eram indicados para as escolas de atendimento especializado - percebe-se atualmente que se a experiência de ensino sistematizado para esses alunos se resumir à escola especializada termina por excluir da dinâmica cotidiana da sociedade esses indivíduos e que o ideal seria um acompanhamento visando inclusão na escola regular. Mesmo assim, investimentos descontextualizados com a realidade da educação de alunos com necessidade especiais, vêm sendo uma das poucas ações efetuadas pelos governos em nosso país, especificamente no estado do Rio Grande do Norte, refletindo que essa "inclusão" desses alunos é apenas para cumprimento das exigências da legislação educacional brasileira, não oferecendo uma permanência com qualidade de todos os alunos, assim como, a carência de profissionais com conhecimentos fundamentais em educação inclusiva.
Palavras-chave: Escola Pública, Educação Inclusiva, Necessidades Educacionais Especiais.