62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial
INCLUSÃO DE ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA NA VISÃO DE COORDENADORES DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO DA UFRN
Lorenna Marques de Melo Santiago 1
Francisco Ricardo Lins Vieira de Melo 2
1. Bolsista de Iniciação Científica Voluntária - Depto. de Fisioterapia - UFRN
2. Prof. Dr. / Orientador - Depto. de Fisioterapia - UFRN
INTRODUÇÃO:

O direito à educação das pessoas com deficiência, a partir dos princípios de igualdade de condições de acesso e permanência nas instituições de ensino, é assegurado pela Constituição Brasileira. Apesar disso, pesquisas em nosso país revelam que muitos obstáculos ainda dificultam a proposta de inclusão no âmbito educacional, principalmente falta de recursos materiais e de capacitação docente para lidar com as necessidades educacionais especiais desses estudantes em sala de aula. No entanto, poucas informações têm sido reveladas quanto às dificuldades enfrentadas pelos gestores diante do acesso do estudante com deficiência no Ensino Superior. Nesse sentido, a presente pesquisa exploratória focada a partir de um Estudo de Caso em uma universidade pública brasileira, teve como objetivo levantar as dificuldades e sugestões de coordenadores de cursos de graduação e pós-graduação diante da presença de estudantes com deficiência com vistas a contribuir para o planejamento de ações que visem efetivar o acesso e a permanência com qualidade desses estudantes nestes níveis de ensino.

METODOLOGIA:

O estudo utilizou uma abordagem exploratória por meio de um Estudo de Caso tendo como lócus o Campus Central da UFRN, no ano de 2007, envolvendo a participação de 84 coordenadores de cursos, sendo 59 da graduação e 25 da pós-graduação. A pesquisa, aprovada pelo Comitê de Ética da UFRN (CAAE: 0071.0.051.000.07) e autorizada pelos participantes por meio do Termo de Consentimento Livre Esclarecido coletou os dados por meio de questionário constituído de perguntas fechadas e abertas que abordavam sobre: presença de estudantes com deficiência no curso; condições de acessibilidade física; existência de disciplina especifica que abordasse sobre aspectos inerentes da pessoa com deficiência; visão dos coordenadores com relação ao atendimento educacional oferecido aos estudantes; dificuldades enfrentadas e sugestões para melhoria do processo de inclusão na instituição. Os dados foram organizados e processados através da análise estatística descritiva e qualitativa tendo como referencial o modelo proposto por Alves e Silva (1992).

RESULTADOS:

Foram mapeados 21 estudantes com deficiência (19 na graduação e 2 na pós-graduação). 69% (58) dos coordenadores afirmaram que apesar da existência de alguns espaços acessíveis em seus cursos é preciso que a acessibilidade esteja presente em toda instituição, o que ainda não é realidade. Dentre as reformas realizadas destacaram: 50,5% rampas de acesso, 30% construção e adaptação de banheiros, 13% plataformas verticais e 6,5% pisos táteis. Nos cursos de graduação, 18,6% (11) possuíam disciplina em sua proposta curricular que abordasse a questão da deficiência. Apenas 33,3% dos estudantes solicitaram junto às coordenações de cursos ajuda quanto à reformulação das metodologias utilizadas pelos professores para poder acompanhar as disciplinas. 60% dos coordenadores situaram como principais dificuldades enfrentadas a falta de conhecimento nessa área, falta de material adaptado e de preparação dos professores para lidar com esses estudantes, principalmente cegos. Dentre os aspectos positivos da presença desse alunado nos cursos 80% dos coordenadores enfatizaram o envolvimento solidário de alunos e funcionários, sugerindo para efetivar a inclusão na UFRN a melhoria nas condições de acessibilidade e a criação de um serviço voltado para orientação à comunidade universitária na instituição.

CONCLUSÃO:

Existe ainda um número reduzido de estudantes com deficiência inseridos no Ensino Superior e a UFRN é um exemplo dessa realidade. Nesse estudo, percebemos que a acessibilidade física, conhecimento na área e um serviço que preste orientação sobre aspectos relacionados à inclusão de estudantes com deficiência foram os principais pontos considerados pelos coordenadores para que se promova o acesso e a permanência  com qualidade desses estudantes no contexto universitário. Para os coordenadores de cursos, tais aspectos devem ser considerados no plano institucional com vistas a garantir um processo de ensino e aprendizagem adequado e o direito de ir e vir com participação ativa no desempenho de suas atividades sejam elas acadêmicas ou sociais.

Instituição de Fomento: Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Palavras-chave: Estudantes com deficiência, Ensino Superior, Políticas em educação.