62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
CIDADE SAUDÁVEL: RELAÇÃO DO SANEAMENTO BÁSICO E INFRA-ESTRUTURA COM O PROCESSO SAÚDE DOENÇA NA COMUNIDADE DA VILA DA BARCA, BELÉM-PA
Patrícia dos Santos Lobo 1
Bruno Barauna da Silva 1
Alexandre Nunes Aquime 1
Breno Maués de Resende 1
Ellen Jaqueline Anjos dos Santos 1
Karla Tereza Silva Ribeiro 2, 1
1. Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pará - UFPA
2. Profa. Dra./Orientadora - Universidade Federal do Pará - UFPA
INTRODUÇÃO:
A história do saneamento básico remonta há muitos séculos, e sempre esteve relacionada ao surgimento e o crescimento das cidades. Na cidade de Belém, capital do estado do Pará, surgiu no bairro do Telégrafo, a mais de 70 anos, a comunidade da Vila da Barca, em meio de palafitas, com moradias alagáveis e sem qualquer saneamento básico e infra-estrutura, onde a população convive ainda com uma situação de pobreza e abandono das políticas públicas. Atualmente, a Prefeitura Municipal de Belém, construiu prédios com dois e três andares beneficiando uma pequena parcela dessa comunidade com infra-estrutura necessária para a melhor qualidade de vida. Entretanto, este benefício não abrange a totalidade da população. Considerando a insalubridade dessa área, objetivou-se conhecer as condições epidemiológicas e socioambientais da Vila da Barca, no bairro do Telégrafo, a partir de informações levantadas em visitas aos domicílios sobre o histórico de ocupação, condições de saneamento básico e infra-estrutura, e a relação dessas condições com processo de saúde doença.
METODOLOGIA:

Trata-se de um estudo descritivo utilizando variáveis de tempo, espaço e pessoa, e teve como base geográfica a Comunidade de Vila da Barca localizada no município de Belém - PA, no bairro do Telégrafo, onde vivem cerca de 3.000 moradores, compreendendo uma área de 50.100 m², entre a Baía do Guajará e Avenida Pedro Álvares Cabral. Foram realizadas 51 entrevistas, sendo 25 na "antiga Vila da Barca" e 26 na "nova Vila da Barca". O inquérito epidemiológico aplicado era constituído de informações pessoais (sexo, renda domiciliar, grau de escolaridade) e das condições de habitação (tipo de moradia, condições do terreno e presença de animais de estimação), saneamento (instalações sanitárias, tipos de fossas disponíveis, rede de coleta de esgoto, encanação, tratamento de água e destino de lixo doméstico) e saúde (doenças e número de casos). As entrevistas foram realizadas por estudantes do curso de Biomedicina da Universidade Federal do Pará, e os dados foram armazenados em um banco de dados utilizando o programa Microsoft Office Excel 2007, para elaboração de tabelas e gráficos.

RESULTADOS:

As doenças com maiores relatos na população da antiga Vila da Barca foram: diarréias (20%), verminoses (19%), coceiras no corpo (14%), furúnculos (11%), dengue (11%) e leptospiroses (7%) relacionadas aos fatores de risco como: moradia, condições do terreno, instalação sanitária, rede de esgoto, tratamento de água e destino do lixo. Destaca-se que a exposição aos fatores acarreta em risco à saúde, uma vez que possibilitam a proliferação e maior contato dos agentes biológicos. Apesar dos relatos da coleta de lixo periódica, o estudo verificou a presença de lixo doméstico a céu aberto, entupindo valas e poluindo as águas do rio. Estes resultados condizem com o estudo de MELO et. al. em 2007, onde mostraram que apenas 4% do lixo descartado no Pará recebem algum tipo de tratamento. Segundo RAMOS et. al. em 2008, o lixo mal acondicionado implica em poluição ambiental e risco para população, pois abrigam vetores que são responsáveis por várias doenças. Com a construção da Nova Vila da Barca o índice de morbidade caiu, devido a redução dos fatores de risco. Resultados que corroboram com TAVARES et. al. em 2003, que verificou que o lixo é um problema cultural, e uma transformação cultural na população conseqüentemente reduz taxas de morbidade, devido ao acondicionamento adequado do lixo.

CONCLUSÃO:

A pesquisa demonstrou através de questionário e visitas na comunidade da Vila da Barca o que a população pensa e como age a respeito do saneamento básico e saúde ambiental. Com isso, vários fatores foram indicados como principais disseminadores das enfermidades entre eles estão: a baixa escolaridade, o que contribui para que a população desconheça técnicas e noções de saneamento básico e tratamento da água; o baixo poder aquisitivo, que força as pessoas a ocuparem locais de risco e insalubres. Fatores secundários como: tipo de moradia inadequado (palafitas), a falta de esgotamento sanitário, os terrenos alagáveis e insalubres e canalização de rede de água precária, que deixam a população em contato com água contaminada pelos dejetos lançados pelos próprios moradores da comunidade. Finalizando, é de conhecimento geral que o acesso aos serviços de saneamento básico e moradias adequadas, aliado às melhorias na educação são importantes na promoção da saúde individual e coletiva.

Instituição de Fomento: Universidade Federal do Pará - UFPA
Palavras-chave: Vila da Barca , Descritivo, Saúde Doença.