62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 7. Educação Infantil
TENSÃO PRÉ-MENSTRUAL:UM DESAFIO NA PROFISSÃO DAS PROFESSORAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Roberta de Assis Ribeiro Oliveira 2, 1
1. Depto. de Educação, Faculdade Santa Catarina, FASC
2. Profª Esp.
INTRODUÇÃO:

Este estudo pretende refletir sobre os possíveis prejuízos no ensino-aprendizagem das professoras atuantes na Educação Infantil, decorrentes dos sintomas da Tensão Pré-Menstrual. Mesmo com toda a evolução da medicina, a população feminina ainda sofre com a Tensão Pré-Menstrual ou, de acordo com a medicina, Síndrome Pré-menstrual (SPM), que atinge de 75 a 95% das mulheres. A TPM é uma reação do corpo antes do período menstrual, que altera os hormônios e causa consequências no estado orgânico e emocional. Se não bastassem os incômodos já conhecidos da TPM - como cólicas, choro fácil, irritabilidade, dor de cabeça e inchaço nas penas e mama -, pesquisadores do Instituto do Sono, da Unifesp, descobriram que as alterações hormonais durante o ciclo menstrual tornam o sono das mulheres mais agitado. A partir desta realidade veio o desejo de melhor entender como as professoras da Educação Infantil, desenvolvem suas atividades em sala de aula, quando estão com os sintomas da Tensão Pré-Menstrual. Lembrando Freire, a compreensão de nossa condição inconclusa nos inquieta fazendo com que tenhamos que nos abrir ao outro e ao mundo na busca de respostas às nossas questões. Ninguém se educa sozinho e sim em comunhão, e o diálogo é a forma que nós, seres humanos, historicamente, criamos para comunicar o mundo e assim modificá-lo; é, portanto, um ato de criação e recriação.

METODOLOGIA:

A pesquisa sobre os possíveis prejuízos no ensino-aprendizagem das crianças, decorrentes das professoras com sintomas da Tensão Pré-Menstrual, que lecionam em escolas públicas ou particulares da cidade do Recife na Educação Infantil, se deu por meio da aplicação de questionários contendo 08 (oito) perguntas, relacionadas aos sintomas da TPM e quais as dificuldades em vivenciar as atividades no período que está apresentando um desconforto físico ou emocional devido aos sintomas da Tensão Pré-Menstrual. Tive um primeiro contato com a professora para explicar a finalidade da pesquisa, seu objeto, relevância e ressaltar a necessidade da sua colaboração. Assegurei-lhes o caráter confidencial das suas informações. Distribui 21 (vinte e um) questionários dos quais obtive o retorno de todos os 21 (vinte e um).

RESULTADOS:

Através da pesquisa constatamos que nem toda professora é vítima da TPM. Do total pesquisado, 13,6% dessas profissionais não se sentem incomodadas pelos efeitos da Tensão Pré-Menstrual. Extratificando os 86,4% das professoras que sofrem com a TPM, foram obtidos os seguintes resultados acerca dos sintomas que mais incomodam nesse período: dores de cabeça, dores nas pernas, cólicas, irritação e mau humor. Com isso as professoras têm dificuldades de desenvolver as atividades habituais com as crianças como: pular, rodar, agachar, etc. As professoras também revelam que neste período sentem pouca alegria, impaciência e sempre que tem oportunidade, ficam mais reservadas, pois o barulho chega a incomodar. Caso essas docentes estejam com a TPM nos momentos que precisam realizar o planejamento, apresentam dificuldade para elaborar o mesmo no que diz respeito à criatividade, concentração e estímulo. Foi possível constatar que as atividades escolares ficam comprometidas, pois o desconforto físico e/ou emocional é suficiente para afetar as relações de convivência na comunidade escolar. Nesse contexto o diálogo permanente da equipe de coordenação com as professoras é fundamental, pois lembrando Freire, o diálogo solicita de nós o aprendizado da escuta, o que só é possível fazer quando reconheço o outro como sujeito, quando não o discrimino, quando estou aberto a aprender com ele; somente escutando é que aprendemos a falar com o outro e não para o outro.

CONCLUSÃO:

As instituições de Educação Infantil têm em seu corpo docente 100% de mulheres, atuando diretamente com as crianças. A pesquisa identificou que a maioria (90,5%) das profissionais pesquisadas apresenta, mensalmente os sintomas da TPM. Na pesquisa foi perguntado o que as professoras faziam para amenizar os sintomas da TPM e 42,1% apenas tomam analgésicos. Outra pergunta foi, qual sugestão que dariam para as instituições diante dessa realidade das professoras com TPM. 26,3% sugeriram que durante a TPM, fosse permitido planejar atividades que não explorassem tanto o esforço físico. Também com 26,3% pediram que fosse convidado um profissional da área de saúde para um debate sobre o tema, na semana de formação continuada. Dentro desse panorama, e a partir de uma ação partilha onde entende-se que as professoras necessitam se relacionar, cumprir com sua carga horária e favorecer um ensino-aprendizagem de qualidade, mesmo nos dias tão difíceis, é preciso um olhar diferenciado da equipe de coordenação pedagógica no favorecimento de uma dinâmica de trabalho que culmine em soluções, nas quais as professoras no período da tensão pré-menstrual, realizem suas atividades de maneira mais condizente ao seu estado orgânico e emocional que se encontra tão alterado. Sendo assim, pelo diálogo entre o coordenador pedagógico e as professoras em um contexto de reflexão crítica que será possível observar e perceber os problemas do cotidiano escolar buscando soluções cabíveis.

Palavras-chave: Educação Infantil, Tensão pré-menstrual, Ensino-aprendizagem.