62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 3. Fisiologia Vegetal
ESTUDO DE AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DE PLANTAS DE PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) EM CONDIÇÕES IRRIGADAS E DE SEQUEIRO
José Ronilmar de Andrade 1
Natássya Nyuska Cabral de Lima 1
Fábio Aquino de Albuquerque 2
1. Departamento de Biologia, Universidade Estadual da Paraíba/ UEPB
2. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária/ Embrapa
INTRODUÇÃO:

O pinhão manso, espécie nativa do Brasil, da família das Euforbiáceas configura-se uma alternativa atraente para produção de óleo para fins energéticos. O resíduo da extração do óleo pode ser usado para recuperação de solos, pois é rico em NPK e depois de destoxicado usado como ração animal. As principais vantagens do cultivo racional do pinhão manso são o baixo custo de produção e sua capacidade de produzir em solos pouco férteis e arenosos, além da alta produtividade, da facilidade de cultivo e de colheita das sementes. Outro aspecto positivo é a fácil conservação da semente após a colheita, podendo ser armazenada por longos períodos sem os inconvenientes da deterioração do óleo como acontece com as sementes de outras oleaginosas. O presente trabalho avaliou o crescimento e desenvolvimento de plantas de pinhão manso (Jatropha curcas L.) em condições irrigadas e de sequeiro no sertão paraibano, observando o período de floração, o número de frutos por planta, o peso médio dos frutos, o número de sementes por fruto e o peso das sementes. Os resultados mostraram que a determinação do diâmetro caulinar associado à altura da plantas, são medidas consistentes para estimativa da fixação de CO2 pela planta.

METODOLOGIA:

O estudo foi conduzido na fazenda Veludo, município de Itaporanga-PB (7º 18' 16" S e 38º 09'  16" W Gr e  altitude de 291 m acima do nível no mar), com clima Aw (quente e úmido). Foi realizada adubação com NPK (55 - 50 - 30) de acordo com análise de solo, sendo o nitrogênio distribuído em duas aplicações, 20% na fundação e o restante aos 45 dias após a emergência. Por ocasião da primeira avaliação foi realizado o desbaste deixando-se uma planta por cova. As avaliações foram realizadas mensalmente, coletando-se cinco plantas em mesmo estado fenológico e nas mesmas condições ecofisiológicas, tomando-se as seguintes variáveis: altura de planta com auxílio de fita métrica, diâmetro caulinar a 2,5 cm do solo com auxilio de paquímetro digital, início da floração, número de frutos por planta e de sementes por fruto e área foliar. Foi também determinada a fitomassa seca de cada estrutura da planta (folhas, raiz, caule) com uso de estufa de circulação forçada a 60ºC até obtenção de massa constante. Os dados coletados foram submetidos à análise de regressão. A estimativa de sequestro de CO2 foi determinada pela fórmula da biomassa, considerando 1g de M.S = 1,5 g de CO2 = 0,42 g de C.

RESULTADOS:

A análise dos resultados mostrou que o pinhão manso cresceu rapidamente nos primeiros 30 a 90 dias, com expansão da área foliar apresentando-se de forma não-uniforme. O crescimento observado foi devido a elevada pluviometria ocorrida no início do ano e adubação realizada em tempo hábil. O diâmetro caulinar foi a variável que apresentou o crescimento mais uniforme; este fato demonstra o acúmulo constante da fitomassa ao longo do tempo, contribuindo para maior uniformidade de absorção/fixação de CO2. As plantas apresentaram grande variação no crescimento, no entanto as medidas de acúmulo de fitomassa mostraram que a determinação do diâmetro caulinar associado à altura da plantas, são medidas consistentes para estimativa da fixação de CO2. A produção de todo o campo durante o período do estudo foi de 51 kg de sementes de pinhão manso. Desse material coletado o teor médio de óleo foi de 38%. A baixa produtividade era esperada tendo em vista que o pinhão manso só apresenta produção satisfatória a partir do 4º ano agrícola. Outro aspecto que contribui para a baixa produtividade é a desuniformidade das plantas, pois na mesma área ocorreram plantas que não frutificaram.

CONCLUSÃO:

O aquecimento global é um dos maiores desafios científicos da atualidade. O dióxido de carbono (CO2) é o principal gás responsável pelo efeito estufa. No ritmo que está ocorrendo a emissão de CO2 em 30 ou 40 anos a temperatura deverá aumentar em até 6ºC, causando transtornos em diversos ecossistemas. O plantio de espécies vegetais que possam gerar energia limpa é um caminho com grande possibilidade de ser explorado, pois, além de contribuírem para a fixação de CO2, poderão compor a renda familiar. Dentre as espécies que podem ser cultivadas destaca-se o pinhão manso que além de produzir um óleo com características únicas ainda é adaptada às condições edafoclimáticas de regiões pouco férteis. Para o estudo realizado, as medidas de diâmetro caulinar e fitomassa de caule e raiz mostraram-se como as medidas mais consistentes do ponto de vista de determinação do acúmulo de fitomassa e consequente fixação de carbono. Nesse cenário, o pinhão manso emerge como uma cultura potencial, requerendo estudos básicos e tecnológicos para sua introdução em sistemas de captação de CO2.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Jatropha curcas., Pinhão manso, Fixação do CO2.