62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
INTERFACES ENTRE O ENSINO DE CIÊNCIAS/BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE: UM ESTUDO DAS REPRESENTAÇÕES DOS PROFESSORES DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA ACERCA DO CONCEITO DE PARASITISMO.
Thiago Emmanuel Araújo Severo 1
José Ribamar Cipriano da Silva 1
Cláudia Niedes de Sousa Silva 1
Márcia Adelino da Silva Dias 2
1. Depto. de Ciências Biológicas - Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)
2. Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Ciências Biológicas - UEPB
INTRODUÇÃO:
O ensino de Biologia se caracteriza como amplo, uma vez que integra conceitos ao mesmo tempo em que levanta questões sobre outros, proporcionando interfaces conectivas. Ao analisar sua práxis na escola básica, no entanto, percebemos que este ainda tem priorizado uma abordagem superficial e técnica dos conteúdos curriculares, onde aspectos relacionados ao bem estar e a saúde dos estudantes são deixados em segundo plano, tomando como meta principal a aprovação para as séries subseqüentes (ZABALA, 2002). Em relação à priorização da abordagem contextualizada e interdisciplinar dos conteúdos (BRASIL, 2001), destacamos a contribuição dos estudos sobre as representações sociais enquanto construções influenciadas pelo meio social e natural. Portanto, ao estudar as representações dos professores sobre o conceito de parasitismo, podemos identificar diversos aspectos de ordem subjetiva relacionados ao indivíduo, ao meio em que vive, a sua identidade coletiva e ao modo de ensinar os conteúdos dessa área. Objetivamos, então, avaliar a forma pela qual os professores de Ciências intercomunicam os conteúdos escolares com elementos presentes na realidade dos estudantes, buscando compreender as interfaces entre a práxis do currículo de Biologia visando à construção do conceito de parasitismo.
METODOLOGIA:
Campo da pesquisa e critérios de seleção da amostra: O presente trabalho foi realizado em 06 escolas (2 públicas municipais e 4 públicas estaduais) localizadas no município de Campina Grande - PB. Participaram da pesquisa os professores de Ciências e de Biologia que lecionam nessas escolas. Objeto da pesquisa: O objeto de pesquisa consiste das representações dos professores acerca do conceito de parasitismo e sua interface com a educação para a saúde. Instrumento de coleta de dados: A coleta dos dados foi possível a partir da aplicação de um questionário entre os professores participantes da pesquisa que versou sobre seus conceitos de parasitismo, assim como a maneira pela qual o intercomunicam com o contexto social dos estudantes. Método de análise dos dados: As análises dos dados foram realizadas com utilização do software MODALISA 4.5, o qual favorece a realização de análise qualitativa de dados quantitativos. Os resultados que se apresentaram nas questões abertas dos questionários permitiram a construção de categorias, com base na opinião expressa pelos sujeitos da pesquisa, por meio da análise Lexical das respostas, conforme Bardin (1977).
RESULTADOS:
Ao perguntar: "Quais temas relacionados à Saúde você acha mais relevantes para abordar em sala?", o léxico de maior repetição foi alimentação/nutrição com 45,5% de frequência, seguido por questões relacionadas à sexualidade (aborto, gravidez na adolescência) também com 45,5%. O léxico "parasitoses" apareceu em sétimo lugar com 18,2% frequência. Foi feita a seguinte questão: freqüência "Na sua concepção, o que é parasitismo?". 36,4% dos professores confundiram o conceito de parasita com o de parasitismo. 27,3% concebem o conceito de parasitismo a partir de fundamentos ecológicos, enquanto 18,2% o reduziram a organismos que exercem a função de parasitas tais como insetos, carrapatos e lombrigas. O restante concebeu parasitismo a partir de uma vertente humanizada/humanística: 9,1% como um "caminho secundário", seguido por aqueles que querem se beneficiar de outrem, enquanto outros 9,1% acreditam que o parasitismo é causado por seres que bloqueiam apenas o desenvolvimento humano. A análise do campo lexical entre estas classes mostrou que os termos mais comuns foram: "seres dependentes, prejuízo, alimentação", mostrando que a expressão do conflito entre as representações destes professores se baseia nos malefícios ou condição ecológica dos organismos.
CONCLUSÃO:
Percebemos que as representações sobre o parasitismo trouxeram desde conceitos técnicos a contextualizações explícitas da vivência destes professores, todavia, esta interface de mediação professor/estudante se torna difícil uma vez que estes possuem dificuldades na compreensão total destes conceitos. Mesmo estando presente no cotidiano de sala de aula, a problemática das parasitoses não ocupa um lugar distinto entre as preocupações do grupo de professores entrevistados. Finalmente, defendemos a necessidade de compreender a amplitude do ensino de ciências tendo em vista contextualização e a importância das diversas representações que a cultura pode expressar e saber como intercomunicá-las a fim de fortalecer um ensino dialético e global, voltado, inclusive, para as questões de saúde. É função, principalmente, do professor, que este ideal seja transparente e objetivo.
Instituição de Fomento: PIBIC - Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica - cota 2009/2010 - Universidade Estadual da Paraíba.
Palavras-chave: Representações dos professores, Ensino de Biologia, Conceito de Parasitismo.