62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
CARACTERIZAÇÃO DE CUIDADORES DE IDOSOS EM SERVIÇOS DE URGÊNCIA
Fernanda de Medeiros Fernandes 1
IIla Dantas Cirino 1
Ana Angélica Rêgo de Queiroz 1
Rejane Maria Paiva de Menezes 1
1. UFRN
INTRODUÇÃO:
As mudanças advindas com o envelhecimento levam pessoas idosas, em muitos casos, a necessitar de alguém para auxiliá-las em atividades que antes pareciam de simples execução, e acentuam-se durante as intercorrências físicas e/ou patológicas provocando a procura do idoso por um serviço de urgência. Na maioria das vezes essa necessidade envolve a figura de cuidador de idosos, que em muitos casos, passa-nos sob um olhar desatento, principalmente num contexto em que o cuidado está voltado inicialmente para atender as necessidades do indivíduo (idoso) que procura o atendimento. A presença do acompanhante indica a importância e necessidade na segurança e proteção do idoso, bem como, pelo fato do acompanhante em seu papel de cuidador poder contribuir para a manutenção da integridade emocional do idoso durante a hospitalização. De acordo com o Ministério da saúde (1), o papel de cuidador leigo foi assegurado pela Portaria nº. 280, de 07 de abril de 1999. Sendo assim, frente à necessidade de se ampliar a visão sobre as múltiplas dimensões do cuidado do idoso, dentre elas, a dimensão do cuidador /acompanhante, o presente estudo descritivo objetiva caracterizar os acompanhantes dos idosos que procuram atendimento em serviços de urgências.
METODOLOGIA:
Pesquisa descritiva e exploratória realizada em dois pronto-socorros de hospitais públicos de atendimento em emergência, situados em um município de médio porte no nordeste brasileiro. A amostra do tipo não probabilística e intencional correspondeu a 100 acompanhantes de idosos de ambos os sexos que procuraram atendimento nos dois pronto-socorros num período determinado de trinta dias. Essa investigação atendeu aos critérios exigidos pelo CEP-UFRN. A coleta de dados foi feita através de formulário com questões abertas e fechadas sobre dados sócio demográficos do acompanhante, além dos motivos pelos quais acompanham o idoso, nesse momento de atenção em saúde.
RESULTADOS:
A maioria dos cuidadores são mulheres (76%), casados (51%) com idade entre 37 e 46 anos (32%) e grau de escolaridade equivalente ao ensino fundamental (60%). O fato desse estudo apontar um percentil elevado de acompanhantes do sexo feminino mostra que há associação da definição do papel de cuidar à mulher, seja ela cônjuge, filha ou neta do idoso. Essa atividade consiste em algo cultural e socialmente definido para o ser mulher, que normalmente têm outras atribuições, podendo configurar um quadro inevitável de sobrecarga de funções e isolamento social do cuidador. (2) Ainda de acordo com o estudo, 60% dos acompanhantes moram com os idosos, sendo que destes, 13% estão desempregados; e 40% não residem, dos quais 21 % estão desempregados e 19% empregados. A coabitação é geralmente considerada como uma característica central, pois facilita o atendimento às necessidades do idoso, uma vez que o cuidador conhece seus hábitos de vida. Observa-se que 59% dos acompanhantes eram filhos, 11% cônjuges e 6% não apresentavam grau de parentesco. Dentre os motivos que os levaram a acompanhar a pessoa idosa até o serviço, 33% referem o grau de parentesco e 21% dizem não ter outra pessoa para fazê-lo, apenas 1% mencionou acompanhar o idoso por ter experiência no cuidado.
CONCLUSÃO:

Diante do perfil traçado neste estudo constata-se a necessidade de um olhar mais ampliado no que se refere aos papéis atribuídos aos cuidadores dos idosos, além da importância dos apoios articulados em rede para que se possa oferecer ao idoso dependente e aos seus familiares uma continuidade da assistência após o atendimento emergencial. Assim, acredita-se que o conhecimento do perfil dos cuidadores contribui para a melhoria da atuação da equipe de saúde na abordagem e para o acolhimento ao próprio idoso, uma vez que também torna o acompanhante um sujeito no processo de cuidar. Nesse sentido, é fundamental que a enfermagem, junto à equipe de saúde, assuma o compromisso de, mesmo durante o atendimento emergencial, importar-se com a presença do cuidador, levando em consideração que o mesmo apresenta-se como elo entre o idoso/família e a equipe de saúde.

Palavras-chave: Cuidador, Pessoa idosa, Serviço de urgência.