62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 1. Ecologia Aplicada
DIMORFISMO SEXUAL E PADRÃO DE VARIAÇÃO ONTOGENÉTICA EM Bathygobius soporator (VALENCIENNES,1837)(GOBIIDAE - PERCIFORMES) A PARTIR DE ANÁLISES POR MORFOMETRIA GEOMÉTRICA
Paulo Augusto de Lima Filho 1
Pablo Ariel Martinez 1
Wagner Franco Molina 1
1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
INTRODUÇÃO:
Dimorfismo sexual é um fenômeno comum em diferentes taxa animais, sendo favorecido por mecanismos de seleção sexual, diferenciação de nichos e competição pela alimentação. A existência de relações alométricas entre duas ou mais dimensões corporais produz variações nas proporções - forma - dos organismos. A expressão dessas diferenças de formas se associa a variações no tamanho corporal, manifestando-se ao longo de trajetórias tanto ontogenéticas como filogenéticas das espécies. Nesse contexto, os estudos morfométricos tornam-se necessários para a compreensão de aspectos ecológicos e evolutivos tanto intra como interespecíficos. O gobiídeo Bathygobius soporator, espécie bentônica, freqüente e abundante, que vive em poças de maré em condições euritérmicas e eurialinas, nas regiões costeiras e ilhas oceânicas de ambos os lados do Oceano Atlântico. No Atlântico Ocidental, ocorre a partir da Flórida até o Rio Grande do Sul. No leste do Atlântico, B. soporator é encontrado na costa africana do Senegal a Angola. O presente trabalho caracterizou morfologicamente uma população de Bathygobius soporator do litoral do Rio Grande do Norte e descreve as variações da forma em relação ao sexo e fases ontogenéticas através de técnicas de morfometria geométrica.
METODOLOGIA:
Foram analisados 50 indivíduos de B. soporator, sendo 30 machos e 20 fêmeas apresentando tamanhos que variavam entre 3 cm e 15 cm, coletadas com o uso de rede na praia de Santa Rita, município de Extremoz-RN (5°42'07.66''S; 35°11'31.93''O). Todos os exemplares foram levados ao Laboratório de Genética de Recursos Marinhos da UFRN, em seguida tiveram lado esquerdo do corpo fotografado com escala métrica, utilizando-se uma câmera digital Sony H10 (8.1 megapixel) acoplada a um tripé WT 3540, sob altura padronizada. O software TPSDig2 2.10 foi utilizado para localizar nove marcos anatômicos e as coordenadas X e Y foram sobrepostas através do software CoordGen6f, utilizando análises Procrustes. Para verificar a possível existência de dimorfismo sexual na espécie foram realizadas análises de variáveis canônicas através do software CVAgen, e teste de significância de Godall`f implementados pelo programa Twogroup6h. O tipo de crescimento foi definido por meio de Regressão Linear utilizando os valores do centróide versus o Componente Principal I (CPI) para ambos os sexos por meio do software Estatistica7.
RESULTADOS:
A partir da análise das variáveis canônicas foi possível separar morfologicamente machos de fêmeas, onde 92% dos indivíduos foram classificados corretamente. A partir do teste de significância de Godall'f se observou diferença significativa entre os sexos (p<0,001). A análise da regressão linear mostrou-se não significativa tanto para machos (r² = 0.0295; r = -0.1716 e p = 0.3645), como para fêmeas (r² = 0.0102; r = -0.1009 e p = 0.6721), demonstrando a ausência de variação corporal ao longo do crescimento de B. soporator em ambos os sexos (Figura 1). A partir da rede de deformação (Figura 2) detectou-se uma sutil alteração na altura do corpo em favor das fêmeas no espaço compreendido entre a base da nadadeira peitoral e o início e fim das nadadeiras dorsais. A forma e o tamanho de um organismo caracterizam aspectos como alimentação, uso de microhabitats, pressão seletiva e competição sendo a morfometria o resultado final da evolução orgânica. As variações entre o sexo podem ser explicadas pela seleção sexual, que levam ao surgimento e fixação de características sexuais dimórficas, bem como pressões seletivas ambientais relacionadas com a fecundidade.
CONCLUSÃO:
A utilização da técnica de morfometria geométrica, que faz uso de marcos corporais (landmarks) para permitir a análise da forma corporal e quantificar a variação morfológica, mostrou-se eficiente na caracterização morfométrica da população de B. soporator, proveniente do litoral do Rio Grande do Norte, bem como na determinação da presença de dimorfismo sexual e crescimento isométrico. Tais informações constituem os primeiros dados disponíveis para a família e sinalizam um importante papel desta técnica de mensuração morfométrica no estudo de outras populações e espécies da família Gobiidae.
Instituição de Fomento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES
Palavras-chave: Morfometria geométrica, Dimorfismo sexual, Gobiidae.