62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
ESTRUTURA TRÓFICA DA AVIFAUNA DE QUATRO FITOFISIONOMIAS DE CERRADO DO PARQUE ESTADUAL DA SERRA AZUL - PESA, BARRA DO GARÇAS/MT
Fabiana Mendonça Vieira 1
Keila Nunes Purificação 1
Lorena da Silva Castilho 1
Márcia Cristina Pascotto 1
Márcia Regina de Souza Banzoni 1
1. Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
INTRODUÇÃO:

O conhecimento sobre o hábito alimentar das comunidades de aves é fundamental para a compreensão da dinâmica de um ecossistema, visto que estão envolvidas em diversas interações com a biota local, tais como os processos de regulação populacional. As aves são um dos grupos animais mais distintos e bem estudados, são facilmente reconhecíveis pelas suas características diagnósticas e seu período de atividade, predominantemente diurnas. São muito utilizadas como bioindicadoras da qualidade ambiental, podendo subsidiar programas de conservação e manejo de ecossistemas. Além do mais, estudos sobre a estrutura trófica de comunidades de aves podem revelar que perturbações ambientais levam a um aumento no número de espécies onívoras e insetívoras menos especializadas e diminuição dos frugívoros. O objetivo do presente trabalho foi caracterizar a estrutura trófica da avifauna em quatro fitofissionomias de Cerrado no PESA.

METODOLOGIA:

O Parque Estadual da Serra Azul - PESA localiza-se no município de Barra do Garças/MT (15°52'S e 51°16'W) com uma área de 11 mil hectares. Abriga uma grande diversidade de hábitats, dentre eles mata de galeria (MG), mata semidecídua (MS), cerrado sentido restrito (SR) e campo rupestre (RU). As espécies de aves foram identificadas por meio da observação direta com o auxílio de binóculos e das suas vocalizações registradas por um gravador de campo. As comunidades de aves foram estudadas simultaneamente no período de agosto/2009 a janeiro/2010, utilizado-se o método do Transecto Linear. As amostragens foram realizadas desde o alvorescer até a metade da manhã, tendo duração de 3 horas cada. Para a caracterização da estrutura trófica, foram utilizados dados obtidos pela observação direta e por meio da literatura. As categorias tróficas consideradas foram: ONI - onívoros, dieta composta por ¾ ou mais de insetos, outros artrópodes e frutos, em proporções similares; FRU - frugívoros, com ¾ ou mais de frutos; GRA - granívoros, composta por ¾ ou mais de grãos; NEC - nectarívoros, dieta predominantemente composta por néctar; CAR - carnívoros e DET - detritívoros, composta por vertebrados vivos ou mortos, ao menos em ¾ da dieta.

RESULTADOS:

A estrutura trófica da avifauna do PESA demonstrou um predomínio das espécies insetívoras (46,77%), seguidas por onívoras (17,5%) e frugívoras (12,36%), enquanto que as demais categorias tróficas (carnívoros, nectarívoros, granívoros, detritívoros e piscívoros) representam apenas 23,37% da avifauna. No SR e no RU houve predominância de espécies com uma dieta insetívora, destacando-se espécies como Myiodynastes maculatus e Empidonomus varius. De acordo com Aleixo & Vielliard (1995), os insetívoros são sensíveis a áreas alteradas e muitas vezes podem ser os primeiros a serem extintos em processos de fragmentação florestal. Já na MG e na MS a dieta com maior destaque foi constituída por espécies onívoras, tais como Tangara cayana e Thraupis sayaca. Essas espécies, segundo Motta-Júnior (1990), podem ser indicativas da maior adaptabilidade da maioria destes onívoros, que não requerem sítios específicos de forrageamento. Espécies frugívoras foram registradas na MG, na MS e no SR e esse predomínio de frugívoros indica que no PESA existem plantas frutíferas que contribuem para a manutenção dessas aves, principalmente dos frugívoros de grande e médio porte, como Rhamphastos vitellinus pintoi e Pteroglossus castanotis.

CONCLUSÃO:

Com os registros obtidos é possível salientar que o predomínio de espécies insetívoras no PESA parece indicar que as áreas estão pouco alteradas e que possuem suporte alimentar suficiente para sua avifauna, mesmo que esta se desloque por entre os diferentes ambientes. O Parque Estadual da Serra Azul tem um importante papel na preservação das espécies de aves, pois apresenta uma extensa área com diferentes fitofisionomias e avifauna característica de um bioma que está fortemente ameaçado.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq. Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso - FAPEMAT.
Palavras-chave: Aves, Cerrado, Estrutura trófica.