62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 4. Odontologia - 8. Periodontia
ANÁLISE DA PREVALÊNCIA DA DOENÇA PERIODONTAL E HISTÓRICO PERIODONTAL EM PACIENTES CARDIOPATAS
Joabe dos Santos Pereira 1
Ruthinéia Diógenes Alves Uchôa Lins 2
1. Doutorando em Patologia Oral - Departamento de Patologia Oral, UFRN
2. Prof. Dra./Orientadora - Pós-graduação em Odontologia - UEPB
INTRODUÇÃO:
A doença periodontal (DP) é uma patologia inflamatória crônica, caracterizada por destruição tecidual, que pode levar à perda dentária e eventualmente ao edentulismo. Os biofilmes orais constituem o fator etiológico primário das DPs e podem causar lesões em outros tecidos do hospedeiro bem como doenças sistêmicas em indivíduos susceptíveis, assim, as infecções microbianas orais podem também afetar o estado de saúde geral do paciente. A saúde sistêmica tem sido freqüentemente associada com a situação da cavidade oral, de forma que vários mecanismos que relacionam as DPs com as doenças cardiovasculares têm sido propostos. Entendendo a necessidade de se melhor conhecer a relação entre a doença periodontal e as doenças cardiovasculares, o objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência da doença periodontal e histórico periodontal em pacientes cardiopatas atendidos em ambulatório e em ambiente hospitalar, investigando possíveis relações entre as duas patologias.
METODOLOGIA:
O presente utilizou técnicas de observação direta, tratando-se de um estudo transversal. A amostra consistiu de 111 pacientes atendidos em dois centros hospitalares e dois centros ambulatoriais, de acordo com a demanda de cada local. Dos pacientes, 49 eram edêntulos e 62 dentados, todos portadores de alguma cardiopatia. Os edêntulos responderam a um questionário para avaliação de histórico periodontal. Os dentados, responderam ao questionário e foram submetidos a exame clínico periodontal com sonda periodontal tipo WHO, para mensuração do Índice Periodontal Comunitário (CIP) e do Índice de Perda de Inserção (PIP). O diagnóstico de gengivite foi dado para pacientes com CPI igual a 1 ou 2, e o de periodontite para CPI igual a 3 ou 4. Os valores do PIP foram mensurados para dar maior fidedignidade ao estudo, considerando a perda de inserção clínica como o padrão ouro para diagnóstico da periodontite. Para análise dos resultados foi realizada a estatística descritiva e o teste Qui-quadrado de Pearson através do software SPSS, versão 17.0 (Chicago, IL). O valor de P<0,05 foi considerado para indicar significância estatística. Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Estadual da Paraíba, Brasil (protocolo 0157.0.133.000-07).
RESULTADOS:
A maioria dos pacientes com 19 a 75 anos afirmou apenas escovar os dentes como forma de higiene oral, enquanto que aqueles acima de 76 anos, relataram não utilizar nenhum hábito de higiene oral (p<0,05). Os pacientes de 19 a 75 anos ainda afirmaram, em sua maioria, já ter recebido orientação de higiene oral, enquanto que os maiores de 75 anos não receberam orientação adequada por profissional (p<0,05), sugerindo que a deficiência na higiene oral pode estar associada à falta de orientação adequada nos indivíduos de idade avançada. Dos 49 pacientes edêntulos, 22 (45,8%) afirmaram ter perdido algum elemento dentário por DP, existindo uma possível associação entre a DP e a perda dentária com o risco de desenvolver doenças cardiovasculares. Dos pacientes dentados examinados, 38 (61,3%) foram diagnosticados com gengivite, tendo como cardiopatia predominante a Insuficiência cardíaca (28,5%). A DP tem sido relacionada com fatores de risco conhecidos para o desenvolvimento desta patologia. Já nos pacientes com diagnóstico de periodontite, a cardiopatia preponderante foi a Angina pectoris (31,2%). A proteína C-reativa que se encontra aumentada na DP também está relacionada com um maior risco no desenvolvimento da Angina.
CONCLUSÃO:
Conforme os resultados encontrados nesta pesquisa, verifica-se a existência de uma alta prevalência de doença periodontal em pacientes cardiopatas, visto que a grande maioria dos indivíduos dentados examinados exibiu a presença de gengivite ou de periodontite; e grande parte dos edêntulos relatou perda dentária por doença periodontal. A cardiopatia mais freqüente em pacientes com gengivite é a Insuficiência cardíaca e naqueles com periodontite, a Angina pectoris, sendo importante ressaltar que ambas as cardiopatias apresentam mecanismos que as relacionam com a doença periodontal. Neste sentido, parece existir associação entre a existência de cardiopatias e a doença periodontal, podendo esta representar um fator de risco para o desenvolvimento ou à exacerbação de doenças cardiovasculares. Todavia, novos estudos que demonstrem essa relação a nível molecular são necessários, bem como, estudos prospectivos com maior tempo de acompanhamento dos pacientes. Ressalta-se ainda a necessidade de acompanhamento especial de cardiopatas por cirurgiões-dentistas, como medida indispensável para prevenir o surgimento ou o agravo de doenças periodontais.
Palavras-chave: Gengivite, Periodontite, Cardiopatias.