O objetivo desse estudo foi dar visibilidade sobre as questões da Tolerância e Intolerância Religiosa, vislumbrando uma possível desconstrução do conceito e prática equivocada. O estudo buscou configurar e analisar o Grau de Tolerância e Intolerância Religiosa por parte das três turmas de Graduação do Curso de Ciências das Religiões da UFPB. A metodologia utilizada foi descritiva, de campo e com abordagem qualitativa. Como instrumento para coleta dos dados, foi utilizado questionário com questões semi-estruturadas, para 130 alunos de Graduação, considerando: os motivos pelos quais escolheram o curso, a importância do mesmo, entre outros na diversidade cultural, visando à gradual descoberta e a releitura de seus diferentes aspectos. Como trabalhar os temas quando se estuda para ser pesquisador e educador de ensino religioso, levando-se em conta que a disciplina é um componente curricular centrado na antropologia religiosa sob os princípios da Laicidade que tem como base o respeito por todas as religiões e por aqueles que declaram não possuí-las. Partindo desse pressuposto, indagamos se o Curso vem quebrar paradigmas sob a prática para uma formação confessional ou se é um estudo do fenômeno religioso enquanto característica cultural dos povos em suas correlações socioculturais.

Tolerância religiosa refere-se à atitude respeitosa e convivial diante das confissões de fé diferentes da sua. Respeito. No Brasil este preceito é garantido pela CF, no Art. 5º, inciso VI - Intolerância religiosa é um termo que descreve a atitude mental caracterizada pela falta de habilidade ou vontade em reconhecer e respeitar as diferenças ou crenças religiosas de terceiros. Poderá ter origem nas próprias crenças religiosas de alguém ou ser motivada pela intolerância contra as crenças e práticas religiosas de outrem. A intolerância religiosa pode resultar em perseguição religiosa e ambas têm sido comuns através da história. Nosso estudo observou que a maioria dos alunos, quando procura o Curso, desconhece o caráter cientifico do mesmo, busca uma formação voltada para a teologia e surpreende-se com o encontrado. Observamos também que o desconhecimento é a origem da intolerância e que o contato com outras religiões modifica a compreensão de mundo dos alunos. Os próprios conceitos de laicidade, ateismo e agnosticismo são diversas vezes confundidos e geram comportamentos de intolerância que podem ser evitados através da formação proporcionada por este curso. Num segundo momento, percebemos mudanças de comportamento dos envolvidos no que se refere às manifestações de intolerância.

A Laicidade tem como ideal a igualdade na diversidade e respeito às particularidades. É concebida como um fator que favorece a construção de uma sociedade livre, garantia de liberdade de espírito e do próprio homem. Nessa perspectiva o estudo do fenômeno religioso em suas diversas manifestações, contribui na educação do ser humano como um todo, proporcionando um espaço de respeito pela diversidade tendo como pressuposto o caráter pedagógico. O Educador do Ensino religioso jamais deverá privilegiar um credo religioso tomando a própria religião como referência e critério de verdade, buscando proteger e enriquecer uma tradição religiosa, estudando os assuntos previstos nessa perspectiva, dificultando conseqüentemente o encontro com as diferenças e reforçando os preconceitos existentes em toda a sociedade, contrapondo-se às bases da laicidade defendidos na Constituição brasileira.

Segundo Blanck (2007), o conhecimento religioso enquanto patrimônio da humanidade necessita estar à disposição na escola de forma laica, ou seja, o mesmo deve ser caracterizado pela busca de compreensão do sujeito, explorando temas de seu interesse, de forma interdisciplinar, com estratégias que considerem este novo perfil de indivíduos, estimulando, sobretudo, o diálogo com as diferenças.