62ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 2. Letras - 3. Línguas Estrangeiras Modernas
A INTERFERÊNCIA DA INTENSIDADE DA CARGA DE TRABALHO DO PROFESSOR NA QUALIDADE DA AULA DE LÍNGUA ESTRANGEIRA NA ESCOLA PÚBLICA
Rudson Edson Gomes de Souza 1
Selma Alas Martins 2
1. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes - UFRN
2. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes - UFRN
INTRODUÇÃO:
Inúmeros estudos direcionados ao ensino fundamental e médio, como em Lourencetti (2006) e Carlotto & Palazzo (2006), discorrem sobre a intensificação da carga de trabalho e as suas implicações na vida pessoal e profissional dos docentes. A nossa pesquisa tem como objetivo geral observar algumas consequências dessa intensificação do trabalho, em especial do professor de inglês de escolas públicas de ensino médio, no município de Natal/RN, dada a importância desse aspecto na qualidade e sucesso do ensino de uma língua estrangeira (LE).
METODOLOGIA:

A amostra estudada foi composta por vinte professores, sendo 70% do sexo feminino e 30% do sexo masculino, em catorze escolas públicas de ensino médio do município de Natal/RN. Os professores foram selecionados através da lista de registro solicitadas aos respectivos diretores dessas instituições, sem critério de escolha por sexo ou idade. Numa primeira etapa, realizada em fevereiro de 2008, com o auxilio da professora orientadora, a literatura já consultada foi revisada e, simultaneamente, ocorreu à elaboração de questões que norteariam o interesse de estudo apresentado. Na segunda etapa, após nova revisão da literatura e a ela incorporada nova leitura de trabalhos acadêmicos da mesma área de interesse, foi elaborado um instrumento de coleta de dados na forma de entrevista dirigida através de questionário com perguntas abertas e fechadas, o que serviu como base para o refinamento das informações a serem processadas e analisadas. As entrevistas dirigidas foram realizadas no período de abril-maio de 2008. Vale salientar que esses profissionais foram orientados a responder as questões sem levar em conta o ideal de ensino do inglês, mas a realidade atual de como ocorre em sala de aula. Após o término da coleta, foi utilizado o software Microsoft Excel para o tratamento dos dados.

 

RESULTADOS:
55% dos entrevistados possuem mais de 36 anos de idade, o que resulta em mais de dezoito anos de sala de aula, em média, sendo que 25% possuem mais de vinte anos de ensino. Embora 52% tenham respondido que lecionam apenas na escola pública, 48% também atuam ou já atuaram em escolas privadas e cursos de idiomas. Quando questionados sobre as séries, o número de turmas e escolas, 57% dos entrevistados responderam que lecionam para as três séries do ensino médio enquanto que 32% trabalham com duas séries e apenas 11% com uma única série. 85% dos professores atuam em nove ou mais turmas, e para uma população de 40 alunos por sala, em média. 70% dos professores atuam em duas escolas, configurando cinquenta ou mais horas/aula semanais para 57% do total.  Um fator interessante observado com relação à intensidade de atividades desses docentes está diretamente relacionado à privação tanto de parte de suas vidas pessoais como de atualização profissional. Outro aspecto observado através das entrevistas é que, para grande parte desses docentes, um dos fatores que parece tornar essa carga de trabalho ainda mais intensa não está relacionado apenas ao número de horas/aula dedicadas ao ensino, mas à quantidade de turmas e alunos sob a responsabilidade desses professores.
CONCLUSÃO:
Com base nos resultados dos dados obtidos através deste estudo, surge, num primeiro momento, a preocupação com as condições precárias de trabalho desses professores que são muitas vezes submetidos a uma exigência e imposição de uma sobrecarga de atividades em sala de aula ou extraclasse, tornando-os acometidos de diferentes desequilíbrios psicológicos, estresse, além de outros distúrbios que porventura podem causar uma sensação de frustração física e emocional. A intensificação da carga de trabalho marcadas, nesse caso, principalmente pelo número de turmas, alunos e horas semanais, vem justificar, em parte, o que conseguimos observar quando pensamos a forma como a LE é trabalhada nas escolas públicas de Natal, com pouco aproveitamento de habilidades mais próximas à realidade do aluno, como a leitura, e uma grande preferência pelo ensino de gramática. Muitos professores se detêm exclusivamente ao ensino da gramática, através de exercícios mecânicos, fazendo uso de frases fora de contexto, como justificativa a todas essas dificuldades já mencionadas, o que pode tornar o aprendizado de uma LE sem os encantos que outra cultura pode vir a englobar, fazendo com que o aluno possa perder o interesse pelo idioma, conceituando-o difícil e por vezes impossível de se compreender.
Palavras-chave: Docentes, Intensidade de Trabalho, Língua Estrangeira.