62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 10. Educação Rural
QUEM SÃO OS JOVENS ASSENTADOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO? IDENTIDADES SOCIAIS DOS JOVENS ASSENTADOS RURAIS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Mariane Del Carmen da Costa Diaz 1
Ingrid Bernardo dos Santos 1
Lia Maria Teixeira de Oliveira 1
1. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
INTRODUÇÃO:
 

Este trabalho tem por objetivo socializar uma pesquisa que apoia o Projeto de INTERVIVÊNCIA que se realiza na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, cujas atividades de Tempo Escola são desenvolvidas no CAIC - Centro da Atendimento Integral à Criança Paulo Dacorso Filho - localizado no campus da UFRRJ, nos meses de férias Julho e Janeiro, financiado pelo CNPq. Caracteriza-se por oferecer uma formação agroecológica à juventude assentada de quase todas as regiões do estado do Rio de Janeiro, visando despertar nos jovens o protagonismo para intervenção qualificada. A metodologia se aplica em observação, questionário e entrevista. Os registros, a aplicação de questionário e as entrevistas são procedimentos utilizados considerando a territorialidade, a representatividade de jovens por cada região, a integração entre os jovens e a programação do projeto. O objetivo central desse estudo é compreender quais são os processos sociais e culturais que perpassam como representações identitárias dos jovens assentados do meio rural e da agricultura urbana frente suas expectativas e visões de mundo, quando a agroecologia dialogada com outros processos busca favorecer a construção de um sujeito emancipado.


METODOLOGIA:
 

Os sujeitos dessa pesquisa são trinta jovens de catorze aos vinte e um anos oriundos de várias partes do Estado do Rio de Janeiro. Trata-se de uma investigação que se baseia em compreender os processos socioculturais que perpassam o cotidiano desses jovens, portanto a utilização dos procedimentos de pesquisa havia de ser aqueles do tipo questionário fechado com nove perguntas - duas de identificação como gênero e etnia, e as outras sete sobre as opções por meio de comunicação, acesso à cultura, mídia. Também voltaram-se para saber o que eles consomem de cultura e lazer no tempo em que têm livre. Destaque-se o nosso interesse sobre o que eles fazem e participam junto aos movimentos sociais e/ou grupos organizados, além de uma questão aberta na qual relatam sobre o período de formação em agroecologia e como eles percebem essa formação para a construção de um projeto de vida e na sua relação com a comunidade. Tendo como perspectiva a compreensão dos resultados dos questionários dialogando com os sujeitos, estruturamos uma entrevista, que foi feita em trinta por cento do total de jovens, sendo priorizado nessa etapa pelo menos um de cada região, a fim de preservar as suas especificidades locais afim de considerar as respostas com diversidade de visão de mundo, cultura e sociedade.


RESULTADOS:
 

A partir da análise das informações coletadas, sintetizando, pode-se compreender que os jovens do campo vão em contramão às teorias conservadoras que tratam sobre a questão da desvalorização do rural por parte dos jovens, bem como compreendem que o campo está associado ao tempo/espaço atrasado. Percebe-se que os jovens interagem com o seu meios e se sentem territorializados devido ao vínculo que esses têm com suas comunidades, sobretudo mediados pela interação com os movimentos sociais onde os seus pais e familiares são atuantes. É interessante destacar que essa juventude exerce relações com suas comunidades e isso pode ser percebido através do modo que eles se relacionam pela apreensão de conhecimentos especializados da agroecologia, pelo resgate da cultura do interior (campo) e como percebem a importância da educação e conhecimento especializado como formas de socialização de outros de suas comunidades. O forte elo dos jovens com a comunidade incentiva-os a continuar na formação de modo que possam voltar ao campo para compartilhar seus conhecimentos e ali permanecerem.

CONCLUSÃO:
 

O projeto enfocado tem financiamento do CNPq, Edital 23, que vem sendo coordenado por uma Comissão Executiva e tem uma professora do Instituto de Educação da UFRRJ. Ao trazer a questão das identidades socioculturais para o debate, pode-se concluir que a construção identitária é múltipla, constituída de processos entre sujeitos na relação entre macro e micro contextos, entrelaçando expectativas, percepções formadas numa rede de subjetividades. Cada jovem tem em si características específicas de suas localidades, conforme Bourdieu (1997) nos lembra nos habitus formados nos espaços sociais. Mesmo apresentando pontos em comum com o meio urbano, o meio rural abriga a sua vontade de permanecer e contribuir coletivamente. Traçar um único perfil para esse grupo é homogeneizar e descaracterizá-los e não identificá-los.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Educação do campo, juventude, processos sociais.