62ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 2. Literatura Comparada
VIDAS SECAS: RELAÇÕES INTERSEMIÓTICAS ENTRE O ROMANCE DE GRACILIANO RAMOS E O FILME DE NELSON PEREIRA DOS SANTOS
José Allan Nogueira Cavalcante 1
Gláucia Vieira Machado 2
1. Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística - UFAL
2. Profa. Dra./Orientadora - Faculdade de Letras - UFAL
INTRODUÇÃO:
Analise dos diálogos entre as obras homônimas Vidas Secas, de Graciliano Ramos (1938) e Nelson Pereira dos Santos (1963), à luz das teorias contemporâneas das adaptações cinematográficas. A metodologia deste trabalho utiliza a pesquisa bibliográfica e documental e objetiva fazer as interligações entre as duas obras a partir de suas similaridades e particularidades estéticas e contextuais. O ponto de partida para esses diálogos para este diálogo são os elementos das narrativas romanescas e cinematográficas. Visa também aprofundar o conhecimento sobre peculiaridades do cinema e da literatura. Justifica a opção pela temática de Vidas Secas pela relevância das obras e dos autores, assim como por sua temática e sua linguagem serem bastante atuais.
METODOLOGIA:
A presente pesquisa foi realizada a partir da observação das particularidades poéticas do romance e do filme, visto que a obra audiovisual se coloca como uma adaptação da obra literária. A estratégia para a análise foi dividida em três objetivos: observação das aproximações dos recursos fílmicos com a expressão literária; as diferenças entre filme e livro em relação ao enredo; acréscimos de alguns elementos da narrativa, na versão audiovisual, em relação ao romance. Além da observação do romance de Graciliano Ramos e do filme de Nelson Pereira dos Santos, a pesquisa valeu-se da crítica literária e cinematográfica a respeito deste processo de adaptação, pesquisas e entrevistas com estudiosos da área, além de entrevistas com o cineasta/realizador da adaptação.
RESULTADOS:
Com a realização da pesquisa, foi possível refletir a respeito das relações entre a literatura e o cinema e sobre a importância desse diálogo para o desenvolvimento de ambas as formas de expressão artística. Por se tratar, também, de uma análise interpretativa, o trabalho reflete criticamente sobre a tarefa da adaptação como forma de tradução intersemiótica. Neste sentido, fatores contextuais, como a ligação dos autores com a produção artística de suas respectivas épocas (o Modernismo, no caso de Graciliano Ramos e o Cinema Novo, no caso de Nelson Pereira dos Santos), seus vínculos políticos e até mesmo notas biográficas são dados que o trabalho coloca em pauta, tendo como critério a ligação destes dados com os objetos da pesquisa.
CONCLUSÃO:
A adaptação fílmica do romance Vidas secas promove um diálogo aproximativo interessante com o material escrito, utilizando-se de seus próprios recursos para realizar este objetivo, mas não se coloca como uma cópia sonoro-visual do livro. Justamente pela utilização de recursos cinematográficos - luz, enquadramentos, angulações, sons e ruídos - o filme consegue existir enquanto obra autônoma, independente da sua relação com o romance. Ou seja, as obras se relacionam, mas mantêm graus de independência entre si.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Literatura e cinema, Adaptação cinematográfica, Graciliano Ramos.