62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
POLUIÇÃO AMBIENTAL E INTERNAÇÕES POR ASMA EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, SP
Camila Trolez Amancio 1
Thiago Trolez Amancio 1
Luiz Fernando Costa Nascimento 2
1. Departamento de Medicina, Universidade de Taubaté - UNITAU
2. Prof. Dr./Orientador - Departamento de Medicina, Universidade de Taubaté - UNITA
INTRODUÇÃO:

A asma brônquica, uma das doenças crônicas mais comuns da infância, vem tendo sua prevalência e gravidade aumentadas em várias partes do mundo nas últimas décadas. Paralelamente a esse aumento, vem ocorrendo a elevação das concentrações de vários poluentes atmosféricos, como material particulado, dióxido de enxofre e ozônio. A contribuição desses poluentes no aparecimento de sintomas das doenças respiratórias ainda não está bem elucidada. Todavia, acredita-se que um indivíduo exposto à poluição em determinado dia poderá desencadear crise aguda de asma no mesmo dia e também alguns dias depois, o que é chamado de defasagem (lag). O objetivo deste estudo é estimar a associação entre exposição a poluentes atmosféricos e internações por asma brônquica na infância, em São José dos Campos-SP.

METODOLOGIA:

Trata-se de um estudo do tipo ecológico de série temporal, em que foram utilizados dados de internações hospitalares por asma obtidos do DATASUS, em indivíduos com idades entre 0 e 10 anos, em São José dos Campos, nos anos de 2004 e 2005. Foram utilizadas informações relativas aos níveis diários de material particulado, dióxido de enxofre e ozônio obtidos da CETESB, temperatura e umidade obtidas da FUNCATE. Para estimar a associação entre exposição aos poluentes ambientais, analisados de forma contínua, e internações por asma, foram construídos modelos de defasagens distribuídas de zero até quatro dias após a exposição e feita a regressão logística binária, com todos os poluentes num mesmo modelo. Com isso, foram obtidas as odds ratio e seus respectivos intervalos de confiança de 95%, pelo programa SPSS 15.0.

RESULTADOS:

No período do estudo, houve 809 internações; a média diária foi 1,11 (dp=1,24), variando entre zero e sete. Os meses com maior número de internações foram abril, maio e junho nos dois anos de estudo; isso se deve, além da ação dos poluentes, também às temperaturas e umidade mais baixas ocorridas nesses meses. Ao se analisarem os poluentes em conjunto e ajustados por temperatura mínima e umidade, pela regressão logística binária, observou-se que o material particulado foi importante tanto no mesmo dia quanto no terceiro dia após a exposição. Em relação ao dióxido de enxofre, houve significância estatística no segundo dia após a exposição. Quanto ao ozônio, não houve significância estatística em nenhuma das estruturas de defasagem analisadas.

CONCLUSÃO:
Conclui-se que foi possível estimar o papel de poluentes nas internações por asma, usando defasagens de zero a quatro dias coincidindo com outros achados no Brasil. Desta maneira, este estudo pode fornecer subsídios para a elaboração de medidas que reduzam os riscos à saúde associados à asma, pela diminuição das taxas de poluentes.
Instituição de Fomento: FAPESP (processo 2009/09487-4)
Palavras-chave: poluição do ar, asma, material particulado.