62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 6. Sociologia Urbana
DINÂMICA ESPAÇO TEMPORAL DA MOBILIDADE  EM COLINAS DO TOCANTINS
Myrian Nydes Monteiro da Rocha 1
Elvio Machado da Rocha 1
Suyene Monteiro da Rocha 2
1. Fac. de Ciências Humanas, Econômicas e da Saúde de Araguaína - FAHESA
2. Centro Universitário Luterano de Palmas
INTRODUÇÃO:
Mobilidade não se resume em ação pura e simplesmente, sendo certo que a noção de mobilidade supera a idéia de deslocamento ou movimento que se exprime pela mudança de posição geográfica ou social, pois traz para a discussão suas causas e conseqüências. Designa formas de movimento de homens e mulheres, bens e idéias, além de suas motivações possibilidades e constrangimentos que influem, tanto na projeção, quanto na realização dos deslocamentos. Os agrupamentos vivem e convivem no espaço urbano, com oportunidades desiguais de apropriação do espaço e de seus benefícios, e sua localização no espaço físico será resultado de lutas, que podem ocorrer de forma individual ou coletiva e a apropriação do espaço será um bom indicador dos sucessos ou dos revezes alcançados nessas lutas e, mais amplamente, de toda a trajetória social. A este estudo um aspecto importante foi considerado no que se refere à cidade de Colinas do Tocantins, que é a dinâmica espaço temporal da mobilidade física que se expressa nos bolsões de miséria, espaços de segregação social urbana. Se por um lado as altas rendas puxaram o desenvolvimento, por outro lado, a baixa ou nenhuma renda evidenciou o abandono e a exclusão
METODOLOGIA:
Como base lógica de sustentabilidade deste trabalho foi utilizada a abordagem sistêmica de Morin(2002). Esta abordagem visualiza o sistema de maneira paradigmática complexa e introduz conceitos basilares como o de interação, que exprime o conjunto das relações, ações e retroações que se efetuam e se tecem num sistema. Quanto às técnicas e procedimentos foram utilizadas Pesquisa Documental Indireta com levantamento bibliográfico e coleta de dados históricos da evolução urbana de Colinas do Tocantins, e ainda, Pesquisa Documental Direta com entrevista semi-estruturada aplicada em dois bolsões de pobreza e miséria de Colinas o Tocantins, além de registro fotográfico e filmagem. Para podermos iniciar a pesquisa de campo submetemos projeto ao Comitê de Ética em Pesquisa, da Universidade Federal do Amazonas e os indivíduos participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, para os questionários,e a Permissão de Filmagem, Cessão de uso de imagem e voz, comprometendo a cedê-los aos pesquisadores para utilização em produção de obra científica. Os questionários foram aplicados num período de 6 meses, no ano de 2008, nas invasões denominadas Santa Rosa II e Santo Antonio II
RESULTADOS:
O loteamento Santa Rosa é composto de 1029 lotes, desse total de imóveis 747 foram invadidos, ou seja 73% dos lotes foram ocupados irregularmente. Esta ocupação se deu a partir dos anos 90 até o esgotamento dos lotes disponíveis em 1999/2000 e a ocupação do Santa Rosa II se deu a partir de 2000, sendo que 40% dos moradores do Santa Rosa II são originários do Santa Rosa I. Desse total, cem por cento afirmou que foram para o Santa Rosa II, sem água, energia, coleta de lixo e longe, muito longe, porque não tinha nada a perder só a ganhar, mesmo que este ganhar signifique somente um lote e não necessariamente onde morar. O bairro Santo Antonio II, por sua vez, é uma ocupação recente - teve inicio no final de 2004, enquanto o Santo Antonio I teve seu inicio na década de 60. Do total de pessoas que migraram para o Santo Antonio II apenas 10% era de outro estado e 20% de outros municípios do Tocantins. É de se observar que 40% dos entrevistados moravam no Santo Antonio I e 30% em fazendas no município de Colinas, resultando que 70% da mobilidade ocorreu internamente. O tempo médio de moradia no bairro Santo Antonio I é de 16 anos enquanto que no Santo Antonio II é de apenas 2,9 anos.
CONCLUSÃO:
Altos índices de mobilidade e ocupação do espaço urbano foram acontecendo ao longo do tempo e década após década Colinas do Tocantins, tornou-se eminentemente urbana com o mais alto índice de adensamento urbano do Estado do Tocantins: atualmente 95,30 % da população total do município esta concentrada na cidade. Esse desequilíbrio é agravado nas áreas periféricas e bordas, onde naturalmente áreas de segregação social se estabelecem como pode ser observado nos bairros Santo Antônio  e Santa Rosa II. As respostas evidenciam que a localização em relação ao conjunto da cidade está condicionada negativamente pelas representações de marginalização, precarização da vida, violência, pobreza, falta de serviços públicos e desvalorização do trabalhador; positivamente, está condicionada pelas representações de dignidade, respeito, vizinhança e valorização dos recursos locais. Exatamente por se tratarem de áreas de segregação onde se confundem a concentração de pobreza, de desempregados ou sub-empregados e de salários miseráveis, esses sujeitos perdem progressivamente a capacidade de visualização e de criação de estratégias de apropriação da cidade, que garante a liberdade de escolha.
Palavras-chave: mobilidade , espaço urbano, segregação.