62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
ARTE E CULTURA AMAZÔNICA: CANTOS E DANÇAS TRIBAIS NAS PRÁTICAS EDUCATIVAS DA ESCOLA
Marcelo Valente de Souza 1
Michelle Mitre 1
Elizabeth Teixeira 1
1. Programa de Pós-graduação- Universidade do Estado do Pará - UEPA
INTRODUÇÃO:
O trabalho visa relatar a prática educacional interligada à cultura Amazônica, desenvolvida na Escola de Ensino Fundamental e Médio Disneylândia (Belém - Pará), junto aos jovens integrantes do Grupo de Expressões Indígenas Marow'Aga. Tal procedimento pode ser realizado a partir do momento em que desperta no aluno sua Identidade Amazônica, configurando uma prática curricular solidificada no reencontrar e envolver dos jovens com a cultura e saberes amazônicos. Nesse sentido, destaca-se a interdisciplinaridade facilitando a educação multicultural na escola, alavancando assim a (re) construção da cultura amazônica. Com este trabalho buscamos um encontro com a produção artística-cultural dessa Escola, que traduz em seu currículo o revelar de uma cultura amazônica, incorporando-a em seus estudos, projetos interdisciplinares e na produção das coreografias, fantasias e temas do grupo de danças folclóricas da escola. O Grupo mostra um cenário da cultura indígena, cabocla e ribeirinha amazônica, fazendo a cada ano em seus projetos educacionais um passeio no imaginário popular. O Grupo teve sua primeira apresentação no dia 06 de Junho de 2000, com a coreografia "A Dança do Fogo"; "A noite Kuarup" (2007); "Taurás sagrados" (2008) e "Os quatro elementos Xavantes" (2009).
METODOLOGIA:
A metodologia usada para a participação no grupo se dá em três etapas: 1- Rendimento escolar; 2- Desempenho harmônico na coreografia e 3- Assiduidade nos ensaios. Sendo que as coreografias, figurino, adereços e coordenação do grupo ficam por nossa responsabilidade. A pesquisa realizada a cada ano para a montagem da coreografia do Grupo e o esquema do projeto artístico possui um caráter de construção coletiva junto aos participantes. A pesquisa inicialmente surge a partir de um estudo em documentos e livros sobre as representações tribais de índios da Amazônia brasileira, seus mitos, cosmologia, significados, arte, culinária, ancestralidade, cultos religiosos e significados ritualísticos. A partir disso, discutimos a coreografia e a trilha sonora, com o desenho coreográfico pré-determinado inicia a criação dos trajes/fantasias, as cores, a harmonia, a leveza, os traços, os materiais regionais, adereços e a pintura corporal, tudo para tentarmos traduzir o mundo tribal amazônico e sua importância histórica e artística. Recorremos a ensaios dramáticos como uma "ópera amazônica". O Grupo é composto por alunos da 8ª série do ensino fundamental e alunos do ensino médio, com faixa etária entre 14 e 17 anos de idade, totalizando 45 participantes.
RESULTADOS:
O recriar e o reencantar pela cultura amazônica nos fazem envolver em uma "floresta de desejos", já que o homem sempre busca o bem comum em sua realização pessoal, apesar de no âmbito cultural ganhar um valor coletivo, partindo de um pensar individual, pois cada um dos alunos procura envolver-se e envolver os demais, no processo de criação artístico-cultural. Buscando esse elo entre cultura e educação, a prática por nós desenvolvida reforça a idéia de que vale a pena percebermos o outro, suas angústias intelectuais e a sede do educando em procurar saber mais. Essa vontade desencadeou um trabalho pedagógico que perpassasse por saberes escolares, cotidianos e reais, facilitando o envolvimento e a troca de idéias entre corpo docente e discente, bem como viabilizando práticas educativas com instrumentos lúdicos com caráter de aprendizagem e construção intelectual. Assim, esse processo de ensino-aprendizagem ganha valor e confiabilidade dentro da sociedade, a qual interage dentro da perspectiva de novas contribuições que propiciem ao jovem buscar em si e no coletivo a responsabilidade, colaboração, afetividade, entusiasmo e o reconhecimento de seu trabalho e a sua importância no âmbito artístico-cultural.
CONCLUSÃO:
A proposta não se esgota aqui, salientamos que a prática educacional deve atravessar as fronteiras do conhecimento, quebrar as barreiras do preconceito, do medo e da falta de compromisso. Devemos sim, ser ousados e dinâmicos ao envolver e reencantar nossos jovens em suas atividades educativas, para que possamos vislumbrar o desenvolvimento humano em suas mais ricas potencialidades, com um olhar multicultural da sociedade em suas práticas cívicas, sociais, religiosas, culturais e políticas. Assim, o jovem estudante cada vez mais procura esmerar suas idéias e firmar seus ideais, não sendo um reprodutor de fazeres e sim um ser envolvido com o novo e dinamizador, re-avaliando seus atos e procurando re-siginificar seu valor enquanto ser e homem pertencente ao mundo. Nós enquanto profissionais da educação devemos assumir o papel de disseminadores desses saberes colhendo os frutos da grande safra do saber escolar.
Palavras-chave: Arte , Cultura amazônica , Prática educativa.