62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 4. Parasitologia Geral
A PREVENÇÃO PRIMÁRIA DA TOXOPLASMOSE NO PRÉ-NATAL
Elvio Machado da Rocha 1, 2
Myrian Nydes Monteiro da Rocha 2
Claudio Henrique Clemente Fernandes 2
Arnaldo Alves Nunes 2
Caio Monteiro da Rocha 2
Camila Monteiro da Rocha 3
1. Programa de Pós-Graduação em Ciência Veterinária. - UFRPE - Recife/PE
2. Faculdade de Ciências Humanas, Econômicas e da Saúde de Araguaína- FAHESA -TO
3. Instituto Tocantinense Presidente Antonio Carlos - ITPAC - Porto Nacional - TO
INTRODUÇÃO:
A Toxoplasmose é uma doença parasitária causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, sendo capaz de infectar praticamente todos os animais endotérmicos. Nos países tropicais, a toxoplasmose, é, geralmente, adquirida nos primeiros anos de vida, restando uma proporção variável de adultos suscetíveis. Parasitose de grande prevalência em todo o mundo, apresenta importância especial quando a primo infecção ocorre durante a gestação, devido à possibilidade de graves conseqüências para o concepto. Como a primo infecção, nas gestantes, é assintomática em cerca de 80 a 90% dos casos, o diagnóstico freqüentemente depende de testes laboratoriais, contudo o custo com os métodos diagnósticos e tratamentos disponíveis são elevados. Uma alternativa razoável é a prevenção primária mediante a identificação dos fatores de risco para toxoplasmose durante a gravidez e fornecimento de orientações às gestantes soronegativas na primeira consulta pré-natal.O objetivo é verificar o nível de informação oferecido à gestante durante as consultas do pré-natal, pela equipe que o realiza no serviço público de saúde.
METODOLOGIA:
Estudo de corte transversal, no qual se analisa o nível de conhecimento e informação sobre toxoplasmose, em gestantes atendidas no serviço de atenção básica de saúde na macro região de Araguaína, estado do Tocantins. Quanto às técnicas e procedimentos foram utilizadas Pesquisa Documental Indireta com levantamento bibliográfico e coleta de dados históricos, e ainda, Pesquisa Documental Direta com entrevista semi-estruturada. Foram aplicados 338 questionários de investigação epidemiológica, na região de Araguaína, em puérperas internadas no Hospital e Maternidade Dom Orione de Araguaína, Estado do Tocantins, durante um período de 12 meses, com início em julho de 2008 até junho de 2009. O questionário contém 28 perguntas objetivas das quais 10 se referem especificamente ao pré-natal. Na análise dos dados foram utilizadas técnicas de Estatística Descritiva e técnicas de estatística inferencial. As técnicas de estatística Descritiva envolveram a obtenção de distribuições absolutas e percentuais e das estatísticas: média, mediana e desvio padrão da variável idade. As técnicas de Estatística inferencial envolveram a utilização dos testes: Qui-quadrado de Pearson ou o teste Exato de Fisher
RESULTADOS:
Das 338 pacientes analisadas, 46 (13,6%) tinham idades até 19 anos, 213 (63,0%) entre 20 a 29 anos e 79 (23,4%) entre 30 anos ou mais. Do grupo analisado, 301 (89,1%) viviam na área urbana e 37 (10,9%) viviam na área rural. Dos dados relacionados com a gestação e com o pré-natal se destaca que: com exceção de 5 gestantes todas as demais tinham realizado pré-natal e a maioria (80,5%) tinham feito 3 ou mais consultadas no pré-natal. A maioria tinha sido submetida a um (43,5%) ou a dois exames (24,0%) durante o pré-natal; o exame de toxoplasmose durante o pré-natal foi realizado na maioria (69,2%) das gestantes. Apenas 32,8% tinham recebido informações do médico durante o pré-natal de como evitar a toxoplasmose e deste total em 27,8% o médico informou que a contaminação ocorre através do gato e 5,0% que ocorre através do cão; a informação foi fornecida de forma oral para 31,4% e escrita para apenas 1,5%; a informação foi fornecida em apenas uma consulta para 20,4% e em mais de uma consulta em 12,4%. Outras fontes de informação foram citadas por 28,1% das participantes da pesquisa.
CONCLUSÃO:
As estratégias de prevenção da toxoplasmose congênita incluem a profilaxia primária por meio da orientação das mulheres em idade fértil, ou gestantes quanto aos fatores de risco para aquisição da infecção (educação em saúde). Apesar de os estudos de prevalência assumir maior validade quando utilizam base populacional, não há prejuízo nesta pesquisa quanto ao viés de seleção, pois quando se pretende estabelecer medidas preventivas em toxoplasmose, a população alvo é a de gestantes. As gestantes estudadas são representativas da população que procuram o Sistema Único de Saúde. Os resultados obtidos no presente estudo identificam que a grande maioria fez pré-natal, sendo que o número das que não realizaram é insignificante. Deste grupo quase 70% realizou exames  anti IgG e IgM para toxoplasmose. Contudo das que realizaram o pré-natal um percentual mínimo recebeu orientações orais e por escrito. A única estratégia que pode reduzir os riscos de exposição e prevenir a infecção na gestante é a educação em saúde combinada a vigilância sorológica, no entanto não é fácil reduzir o risco de contaminação materna sem a necessária orientação que deve ser realizada durante o pré-natal.
Palavras-chave: Toxoplasmose, educação em saúde, gravidez.