62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 4. Fitogeografia
CARACTERIZAÇÃO E DIVERSIDADE VEGETAL DA RESERVA LEGAL RIACHO PAU-BRASIL - DESTILARIA MIRIRI/PB
Celinaldo Alves dos Santos 1
Edna Oliveira Gonçalves 1
Gabriel Saturnino de Oliveira 1
Carlos Antônio Belarmino Alves 1
Robson Pontes de Freitas Albuquerque 1
Luciene Vieira de Arruda 1
1. Universidade Estadual da Paraíba - UEPB
INTRODUÇÃO:
A Floresta Atlântica é um bioma de grande complexidade biológica e foi considerado, pela União Internacional para Conservação da Natureza, como um dos mais ameaçados do mundo (UICN 1986, apud Peixoto et al. 2004). É uma região de grande importância para o País, pois abriga mais de 60% da população brasileira e é responsável por quase 70% do PIB nacional (CI-Brasil et al., 2000). No Nordeste, os poucos remanescentes que ainda persistem estão reduzidos a pequenos fragmentos. Na Paraíba a área de Mata Atlântica é de 5.231 km2, correspondente a 9,3% do território (SUDEMA, 2004). A devastação ocorrente nesse bioma é reflexo de vários fatores, como a ocupação territorial e a exploração desordenada dos recursos naturais. Esses sucessivos impactos levaram a uma drástica redução na cobertura vegetal natural, que resultou em paisagens, hoje, fortemente dominadas pelo homem (Fonseca, 1985; Dean, 1996; Câmara, 2003; Hirota, 2003; Mittermeier et al., 2004). O estudo que se segue objetiva realizar uma caracterização da Mata Atlântica da Reserva Legal Riacho Pau-Brasil (RLRPB), verificar a diversidade da cobertura vegetal e contribuir no aprofundamento dos estudos sobre a flora nativa.
METODOLOGIA:
O tipo de amostragem aplicada foi o método dos quadrados, metodologia proposta por Mueller-Dombois & Ellenberg (1974), Rodal et al., (1992) e Araújo & Ferraz (2004), foram realizadas em três unidades amostrais de 10 x 10 m. Os participantes foram dois estudantes, um de graduação e outro de especialização do Curso de Geografia da Universidade Estadual da Paraíba, Campus III; acompanhados pela coordenadora da pesquisa e os professores orientadores. Para cada indivíduo foi coletado material botânico para identificação, medido o DAP (diâmetro a altura do peito), altura média através de uma vara metálica graduada de 5 m, cobertura da copa e altura do tronco, constando também na ficha de campo o nome popular e a etno-botânica. Foram calculados os parâmetros gerais: número de indivíduos; área basal; densidade absoluta; densidade relativa; frequência absoluta; frequência relativa; dominância absoluta; dominância relativa e valor de importância. O material fértil das espécies pesquisadas na mata foi coletado ao longo de seis meses, no período de agosto de 2009/fevereiro de 2010. A identificação das espécies foi realizada a partir de literatura apropriada, comparação com outras exsicatas por meio de fotos e pesquisas bibliográficas.
RESULTADOS:
O levantamento dos indivíduos amostrados nos três pontos da RLRPB em que as pesquisas foram efetuadas constatou 262 indivíduos distribuídos em 36 gêneros pertencentes a 24 famílias e em 41 espécies identificadas e duas indeterminadas. A família Lecythidaceae foi a que demonstrou maior riqueza de indivíduos (52), seguida pelas famílias Burseraceae (20) e Erythroxylaceae (19). A família Lecythidaceae é constituída de 25 gêneros e 400 espécies que ocorrem na forma de árvores, com uma distribuição pantropical. (Brito, 1985 apud Carvalho et al. 1998). Em trechos de Floresta Estacional a família Burseraceae não se encontra entre as mais ricas, todavia, foram encontrados ainda alguns exemplares (Ivanauskas et al., 2004). Erythroxylum P.Br. é o único gênero da família Erythroxylaceae e compreende cerca de 250 espécies, distribuídas nos trópicos e subtrópicos. No Brasil, foram listadas 25 espécies nativas, cujos habitats variam de floresta a cerrado (Mabberley 1990 apud Barros 1997). Segundo os estudos de autores que discutem a frequência de espécies vegetais de Mata Atlântica, é possível identificar a RLRLPB como uma floresta de estágio secundário, que se caracteriza como área que sofreu intervenção (exploração de madeira, agricultura, etc). e apresenta alto índice de espécies.
CONCLUSÃO:
A área estudada apresenta bons níveis de diversidade vegetal; porém, a presença desse fragmento de mata não garante a conservação da comunidade original, já que a ação antrópica gera alterações afetando o ambiente. Entretanto, é possível observar a presença de duas espécies que estão na lista oficial da flora brasileira ameaçada de extinção: Astronium fraxinifolium Schott ex Spreng. e Caesalpinia echinata Lam. As mesmas podem ser usadas como fonte de germoplasma para a produção de mudas e de outras espécies encontradas na área.
Instituição de Fomento: Universidade Estadual da Paraíba - UEPB
Palavras-chave: Diversidade, Mata Atlântica, Espécies.