62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
ESTUDO DE FITOINVASORES CEARENSES
Gizele Carvalho Anselmo 1
Luana Alves Carneiro 1
Camylla Alves do Nascimento 1
Caio Bezerra de Mattos Brito 1
Ingrid Miranda de Abreu Coelho 1
Oriel Herrera Bonilla 1
1. Universidade Estadual do Ceará
INTRODUÇÃO:
Nas últimas décadas, verifica-se a proliferação das espécies exóticas invasoras que alteram as características naturais dos ecossistemas e reduzem as populações de espécies nativas (ANSELMO et al, 2009). De acordo com Ziller (2001), os invasores biológicos são considerados a segunda maior ameaça à biodiversidade, perdendo apenas para as ações antrópicas. Segundo Cronk e Fuller (1995), uma espécie exótica é denominada invasora quando não ocorre originalmente num determinado ambiente, porém passa a se propagar no local e ocupar o habitat de outras espécies sem a intervenção do homem. No Brasil, por ser um país tropical de grande biodiversidade, quando uma espécie animal ou vegetal ingressa ao território nacional, não é percebida de imediato, mas seus efeitos começam a ser notados quando estas espécies passam a eliminar as espécies nativas por competição, ou qualquer outro mecanismo adaptativo. No Ceará, muitas são as espécies invasoras exóticas que vem competindo com as espécies nativas, porém estudos sobre seus efeitos e a suscetibilidade dos ambientes à problemática são relativamente escassos, necessitando de estudos aprofundados. Assim, o presente trabalho busca identificar, descrever e divulgar as principais espécies vegetais invasoras incidentes no estado do Ceará.
METODOLOGIA:

Os dados apresentados neste trabalho foram obtidos num período de dois anos, por meio de registros obtidos através de viagens programadas pelos diversos ecossistemas do estado do Ceará, guardando um banco de imagens e preenchendo fichas de catalogação, acompanhadas de colheita de amostras e de depoimentos dos habitantes dos lugares visitados sobre nomenclatura, efeitos no ambiente, ocupação da área, síndrome de dispersão e indicação de espécies nativas atacadas pelas invasoras. Além disso, foi de extrema importância os registros já realizados sobre a temática bioinvasão e as informações fornecidas pelo banco de dados do Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental (2009) e do Global Invasive Species Database (GISD), mediante o qual foram feitas comparações e análises de material. Com os dados obtidos, elaborou- se uma lista que fornece informações sobre as espécies da flora invasora quanto a sua dispersão, sistema reprodutivo, seu habitat de origem, situação de ocupação dos espaços e como ocorreu sua proliferação no ambiente.

RESULTADOS:
O estudo reuniu como espécies fitoinvasoras do Estado do Ceará, a Cryptostegia madagascariensis Bojer ex Decne, Prosopis juliflora (Sw) Dc, e a Azadirachta indica A. Juss. A Cryptostegia madagascariensis, originária da ilha de Madagascar, África, conhecida como "unha-do-cão", vem competindo com as espécies nativas das matas ciliares cearenses. Devido sua floração lilás, presume-se que foi introduzida no Brasil com fins de ornamentação e fugiu do controle, por possuir sementes de dispersão anemocórica com alto índice de germinação. No Ceará, a C. Madagascariensis compete principalmente com a carnaúba (Copernicia cerifera), matando-as por sombreamento e provavelmente pela emissão de substâncias alelopáticas. A Prosopis juliflora, conhecida como algaroba, é da América Central e México, é considerada uma espécie agressiva que ocupa solos com certo grau de salinidade. (BONILLA; MAJOR, 2006). No semi-árido, a planta apresenta espinhos que dificultam a herbivoria, contribuindo para sua permanência e proliferação. A Azadirachta indica originária da Índia e conhecida como Nim, substitue a vegetação de pequeno porte e altera o regime hídrico (INSTITUTO HÓRUS, 2009). Tem alta tolerância a estresse hídrico e salino, dificilmente perde suas folhas na estação seca e possui alta germinação.
CONCLUSÃO:
O trabalho apresentado serviu de alerta sobre a necessidade de se dar continuidade aos estudos sobre as invasões biológicas que os ecossistemas cearenses podem estar sujeito, caso seja modificado de forma acidental ou intencional, pois foi registrada a presença de cinco fito-invasores exóticos que interferem no equilíbrio ecológico colocando em risco a biodiversidade presente no Estado do Ceará. Existem outras espécies vegetais em observação, por em quanto ainda em fase de dispersão que em breve tornar-se-ão problema ambiental. Portanto, é de fundamental importância abordar a temática visando despertar o interesse da comunidade científica para a realização de novas pesquisas que visem aprofundar os conhecimentos e desenvolver protocolos de introdução de espécies para minimizar os efeitos que estes causam assim como desenvolver métodos para manejo e controle de bioinvasores.
Palavras-chave: Bioinvasão, Flora, Espécies exóticas .