62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES DIAGNOSTICADOS COM HANSENÍASE EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA EM DOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS DO RIO GRANDE DO NORTE DE 2001-2010
Leonardo de Albuquerque Dantas 1
Larissa Cunha Bezerra 2
Ana Carla de Lima Terra 4
Dagoberto de Azevedo Mariz 3
Maurício Nobre Lisboa 3
Zélia Guedes Silva de Almeida 5
1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte
2. Universidade Potiguar
3. Hospital Giselda Trigueiro
4. Laboratório Central de Saúde Pública Dr Almino Fernandes
5. Orientadora - Laboratório Central de Saúde Pública Dr Almino Fernandes
INTRODUÇÃO:
A Hanseníase é uma doença infecciosa crônica com envolvimento neural, de pele, e de mucosa das vias aéreas superiores. Ela é causada pela bactéria Mycobacterium leprae e tem sido tem sido um grande fardo para a humanidade durante milhares de anos. A hanseníase permanece um sério problema de saúde pública nas regiões em desenvolvimento. Dados de 2003 mostram que a prevalência de hanseníase no Brasil situava-se em 4,5 casos/10 mil habitantes, colocando nosso país e a Índia como os mais atingidos por esta endemia em todo o mundo. Uma das questões importantes, mas pouco abordada, não apenas no Brasil, mas em outros países endêmicos, é o padrão epidemiológico de ocorrência da hanseníase. Há uma necessidade premente de delineamento de populações e grupos vulneráveis socialmente ou de maior risco para a hanseníase no sentido de se estruturarem de forma mais clara as ações de controle. Frente a este cenário e considerando-se os impactos significativos do ponto de vista físico, social e econômico gerados a partir desse processo infeccioso, o presente trabalho tem como objetivo analisar o perfil epidemiológico dos pacientes diagnosticados com hanseníase no Hospital Giselda Trigueiro, situado em Natal/RN, no período de janeiro de 2001 a março de 2010.
METODOLOGIA:
O presente estudo trata-se de um estudo descritivo, realizado a partir de um levantamento de dados através do livro de registro de baciloscopias do Laboratório de Microbiologia e do livro de registro de casos novos diagnosticados do Setor de Hanseníase do Hospital Giselda Trigueiro. A partir do livro de registro de baciloscopias coletou-se as informações referentes a sexo e idade dos pacientes, e resultado das baciloscopias para cada paciente. A partir do livro de registro de casos novos, foram coletadas as informações referentes a sexo, idade, forma clínica da doença e município de origem dos pacientes. A inclusão como casos novos e a classificação quanto à forma clínica de cada paciente foi baseada em critérios clínicos, baciloscópicos e/ou histopatológicos, e realizada pela própria equipe de saúde do hospital. O período do estudo, de 2001 a 2010, foi escolhido em virtude da padronização do registro dos dados por cada setor, a qual permitiu o cruzamento entre as informações dos diferentes livros de registro.
RESULTADOS:
No período analisado, foram realizadas 1283 baciloscopias, das quais 21,59% (277) foram positivas e 78,41% (1006) foram negativas. 54,25% (696) dos pacientes que fizeram o exame eram do sexo masculino, enquanto 45,75% (587) eram do sexo feminino. Das baciloscopias de pacientes masculinos, 29,60% (206) foram positivas, enquanto das baciloscopias de pacientes femininos, 12,10% (71) foram positivas. Das baciloscopias realizadas, 1022 tiveram registro de idade dos pacientes. A faixa entre 40-49 anos foi a que apresentou o maior número de exames solicitados, 213 (20,84%), enquanto o número de baciloscopias positivas foi mais elevado na faixa de 50-59 anos, 44 baciloscopias (4,30%). No período do estudo foram registrados 815 novos casos de hanseníase sendo 51,29% (418) de pacientes masculinos, e 48,71% (397) de pacientes femininos. Valores similares foram encontrados por Gomes et al. (2005) e Moreira et al. (2008). 265 pacientes (32,51%) foram classificados como forma dimorfa, 137 (16,81%) virchowiana, 41 (5,03%) indeterminada e 372 (45,65%) tuberculóide. Alencar et al. (2008) também observaram predominância da forma tuberculóide, seguida da forma dimorfa. Do total de pacientes com hanseníase, 47,98% (391) residiam em Natal, enquanto 52,02% (424) residiam no interior do RN.
CONCLUSÃO:
Os resultados deste trabalho mostram que a hanseníase ainda apresenta elevado número de casos diagnosticados no Rio Grande do Norte. Apesar das ações do Programa Nacional de Controle da Hanseníase terem conseguido reduzir o número de casos, a quantidade de indivíduos infectados ainda está muito acima da quantidade recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a qual apresenta como meta uma prevalência inferior a 1 caso / 10 mil habitantes. Foi observado um baixo percentual (5,03%) de pacientes diagnosticados na forma indeterminada e um elevado percentual (32,51%) de pacientes diagnosticados na forma dimorfa, o que indica a grande dificuldade que a rede básica apresenta de se organizar de forma a diagnosticar precocemente os casos dessa complexa doença. Estudos epidemiológicos como esse são necessários para identificar os grupos de maior risco para infecção pelo M. leprae, os quais também poderão tornar-se fontes de infecção para outros indivíduos, mantendo a disseminação desse patógeno e dificultando a erradicação da hanseníase em nosso país.
Palavras-chave: Hanseníase, Perfil Epidemiológico, Rio Grande do Norte.