62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 8. Educação Matemática
A PRESENÇA E O NÃO USO DO LIVRO PARADIDÁTICO DE MATEMÁTICA NAS ESCOLAS DE MOSSORÓ-RN
Graciana Ferreira Dias 1
Francisco de Assis Veríssimo Júnior 1
1. Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
INTRODUÇÃO:

É comum ouvirmos os professores de matemática da escola básica reclamarem que, seus alunos possuem dificuldades de leitura e interpretação de textos e enunciados dos problemas. Essa situação não é tão diferente quando estes alunos chegam ao ensino superior, percebemos que os alunos que procuram os cursos de matemática possuem muitas dificuldades com relação à leitura. Pensando nessas dificuldades de leitura apresentadas pelos alunos do curso de Licenciatura em Matemática da UERN desenvolvemos uma de uma estratégia de leitura em conjunto do livro "O Homem que Calculava" de Malba Tahan. A partir desta leitura começaram a surgir diversas questões e resolvemos desenvolver, juntamente com estes alunos, uma pesquisa nas escolas de Mossoró-RN, que respondessem algumas de nossas inquietações acerca da presença de livros paradidáticos de Matemática nas escolas, e ainda, de que forma esses professores incentivam o uso dos mesmos.

METODOLOGIA:

O trabalho inicialmente consistiu em uma leitura em conjunto do livro "O Homem que calculava" com os alunos do curso de Licenciatura em Matemática da UERN, nas disciplinas de Laboratório de Prática de Ensino-aprendizagem em Matemática. Após a leitura, os alunos partiram para uma pesquisa de campo nas escolas do município de Mossoró-RN e algumas cidades vizinhas. Cada aluno da disciplina deveria visitar de uma a duas escolas, de forma a responder os questionários sobre a biblioteca das escolas e os livros presentes nela. Em seguida deveriam entrevistar um professor de matemática da escola para saber se este professor utiliza em suas aulas os livros paradidáticos e o que acham desta utilização. Foram visitadas no total 43(quarenta e três) escolas, sendo 29(vinte e nove) estaduais, 13(treze) municipais e 01(uma) privada.

RESULTADOS:

Após a coleta dos dados, verificamos que das 43 escolas visitadas, apenas duas não possuem bibliotecas. Dentre as 41 que possuem bibliotecas, 14 delas possuem livros paradidáticos de matemática, e 27 não possuem. Não foi encontrado, nas 14 escolas que possuem os livros paradidáticos, nenhum professor que os utilize em suas aulas, ou ainda, que incentivem de alguma forma os alunos a lerem esses títulos. Dentre as 27 que possuem biblioteca, identificamos que em apenas uma dessas há uma professora que utiliza outros títulos além do livro didático adotado, inclusive outros textos até poéticos, mas, que tratam de matemática. Ao serem perguntados sobre a importância da utilização de outros livros ou textos que não sejam o livro didático em suas aulas, a maior parte dos professores entrevistados afirmam ser de grande importância para a aprendizagem dos alunos, mesmo não usando em suas aulas. Tanto nas escolas que possuem livros paradidáticos, como nas escolas que não possuem, encontramos professores que justificam a não utilização destes textos a fatores externos a eles. As justificativas dizem respeitos à falta de interesse dos alunos, à falta de tempo para cumprir o programa e à falta de incentivo do governo e ainda a ausência de estrutura e materiais da escola.

CONCLUSÃO:

A pesquisa nas escolas possibilitou aos licenciandos em matemática enxergar mais de perto a realidade acerca do uso (na verdade do não uso) de outros livros ou textos que pudessem incentivar, além da leitura, uma maior aproximação com a Matemática. Através das entrevistas feitas por esses alunos nas 43 escolas, conseguimos identificar alguns pontos: a forte presença da ideia que o incentivo da leitura é um papel exclusivo do professor de português; o livro didático é o único tipo de texto utilizado pelo professor. O que pode ser justificado pelo fato de que a maioria dos professores desconhecia a existência de livros paradidáticos na área de matemática. No entanto, ao fazerem as entrevistas, os licenciandos, responsáveis pelas mesmas, influenciaram indiretamente os professores em seus entendimentos, no que se refere à importância da utilização dos livros paradidáticos nas aulas de matemática. O que ficou evidenciado em suas falas nas entrevistas. Por fim, concluímos que esta experiência foi enriquecedora para os discentes do curso de matemática, bem como, para os demais envolvidos no processo, no que se refere à importância de incentivar a leitura na aprendizagem da matemática.

Palavras-chave: Matemática, Paradidáticos , Leitura.