62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 4. Enfermagem Obstétrica
SOFRIMENTO DO FILHO INTERNADO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL: PERCEPÇÃO MATERNA
Aline Lima Brito 1
Fernanda Jorge Magalhães 1
Nayara Cunha de Castro Asano 1
Eloah de Paula Pessoa Gurgel 1
Karla Maria Carneiro Rolim 1
Francisca Elisângela Teixeira Lima 1
1. Universidade Federal do Ceará
INTRODUÇÃO:

O conceito prevalente entre neonatologistas era que os recém-nascidos (RN) não sentiam dor em decorrência da imaturidade do seu sistema nervoso central, especialmente pela falta de mielinização e ausência de memória da dor, sendo assim, era desnecessário preocupar-se com a dor. No entanto, pesquisas recentes mostraram que desde a 24a semana de gestação, o feto é capaz de perceber a dor e responder ao estímulo nociceptivo através de várias modificações orgânicas, fisiológicas e comportamentais. A Unidade de Internação Neonatal (UIN) é um local onde se concentram recursos materiais e humanos especializados, capazes de favorecer uma assistência que garanta a observação rigorosa e o tratamento adequado aos RNs graves. Dessa forma, a avaliação da dor é uma das muitas responsabilidades do enfermeiro, principalmente em se tratando de RN, que não se comunica verbalmente. A mãe, por sua vez, exerce um importante papel em aliviar a dor do seu filho, a sua presença faz com que ele sinta-se seguro. Muitas mães têm medo de tocar seus bebês, e, desconhecem quão importante é a presença materna ao lado destes durante o cuidado prestado. Objetiva-se apreender as percepções maternas acerca do sofrimento do filho internado na UTIN e descrever atitudes maternas frente ao sofrimento de seus filhos.

METODOLOGIA:

Estudo de caráter exploratório-descritivo, com abordagem qualitativa, realizado na UTIN da Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (MEAC), localizada em Fortaleza-CE. Participaram do estudo sete mães de RNs internados na UTIN, as quais foram observadas e entrevistadas após assinarem o termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os dados foram obtidos, durante o período de julho a setembro de 2008. No primeiro momento foi realizada uma entrevista semi-estruturada, com questões contendo dados de identificação relacionados à percepção materna acerca do sofrimento de seus filhos. No segundo momento, observou-se as reações das mães frente ao sofrimento apresentado pelo filho durante os procedimentos realizados na UTIN. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da instituição, por meio do ofício nº. 117/08, em acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Os achados foram analisados e discutidos de acordo com a literatura pertinente ao tema sendo apresentados em quadro e discussões textuais.

RESULTADOS:
As mães haviam cursado o ensino médio incompleto, realização de no mínimo seis consultas de pré-natal, primíparas de parto natural; A maioria reside em Fortaleza-CE. Em relação às respostas fisiológicas e comportamentais dos RNs aos estímulos dolorosos durante a realização dos procedimentos rotineiros na UIN e ao comportamento e o discurso das mães em relação à percepção da dor apresentada pelos filhos,observamos que a resposta ao estresse no RN internado na UTIN pode se manifestar de várias formas: alterações de freqüência cardíaca (variou de< 120 a >160bpm), freqüência respiratória (<40 >60rpm), saturação de oxigênio (< 92%); alterações comportamentais observadas pela fácies com músculos contraídos, pela característica do choro, pela postura no leito que pode apresentar flacidez de braços, pernas, tronco ou extensão, contorcionamento ou arqueamento. Sustos, bocejos e espirros freqüentes, dedos afastados ou mãos cerradas. O ambiente estressante, com iluminação excessiva, barulhos contínuos, procedimentos freqüentes e interrupção do sono, provocam alterações que interferem na maturação das funções cerebrais do RN, levando-os ao choro, à irritabilidade e, com isso, ao uso de reservas de energia que deveriam ser utilizadas para o seu crescimento e desenvolvimento.
CONCLUSÃO:

Diante disso, é imprescindível mudanças no olhar e na postura da equipe de saúde, para que possam atuar como co-partícipes no cuidado à criança. O olhar materno no ambiente hospitalar colabora com o crescimento e desenvolvimento do RN internado em UTIN. A presença e participação materna, além de ajudar no cuidado e na higiene, são preponderantes na recuperação, ganho de peso e apoio emocional do RN. Portanto, a relação de confiança que a enfermeira estabelece com a mãe do bebê a encoraja a encarar os desafios e medos dessa condição delicada em que eles se encontram, mudando definitivamente o modo como o binômio mãe/filho vivenciam momentos de dor e estresse no ambiente da UTIN. Cabe a enfermeira facilitar ao máximo as possibilidades de contato entre a mãe e o bebê, fazendo com que ela o toque, acaricie, mesmo não podendo pegá-lo no colo quando este estiver em presença de dor.

Palavras-chave: Recém-nascido, Dor, Enfermagem.