62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 1. Silvicultura
INFLUÊNCIA DA REMOÇÃO DO ENDOCARPO NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Swietenia macrophylla King (Mogno)  
Hortência Ferreira Dutra 1
Anny Gabrielle da Cruz Chaves 1
Richeliel Albert Rodrigues Silva 1
Francisco das Chagas Estevam da Fonseca 1
José Augusto da Silva Santana 1
1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Departamento de Agropecuaria /UFRN
INTRODUÇÃO:

Swietenia macrophylla King (mogno) é uma espécie arbórea típica da floresta tropical sul-americana, ocorrendo naturalmente do México até o Peru. No Brasil ocorre nos estados das Regiões Amazônica e Centro-Oeste, tendo já sido introduzida em São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná e no Rio Grande do Norte. É uma árvore semidecídua ou decídua, heliófila, característica de florestas clímax de terra firme com solos argilosos. Sua madeira é utilizada para mobiliário de luxo, objetos de adorno, painéis, lambris, esquadrias, folhas faqueadas decorativas e laminados, contraplacados especiais, acabamentos internos em construção civil como guarnições, venezianas, rodapés, molduras e assoalhos. Seu alto valor comercial, excessiva demanda e ocorrência isolada na floresta resultaram em alta pressão sobre as populações naturais, o que provocou a inclusão do mogno na lista das espécies ameaçadas ou em perigo de extinção. Evidenciando a falta de conhecimentos sobre as espécies nativas, a produção de mudas em plantios comerciais é realizada com as sementes ainda aderidas ao endocarpo, o que pode provocar atraso na germinação, na produção e na uniformidade das mudas. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da retirada do endocarpo na germinação de sementes da espécie.

METODOLOGIA:

O experimento foi desenvolvido no Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Agropecuária da UFRN, e as sementes, coletadas no final de 2009 de diversas matrizes, foram provenientes de um plantio experimental localizado na Floresta Nacional de Nísia Floresta, Nísia Floresta-RN. O experimento contou com dois tratamentos e quatro repetições, em um delineamento experimental inteiramente casualizado, com o primeiro tratamento (T1) consistindo em sementes sem endocarpo e o outro (T2) em sementes com endocarpo de 2,0 cm de comprimento. A germinação das sementes foi realizada em bandejas de isopor medindo 25 cm x 16 cm x 5 cm, revestidas internamente com papel toalha e acondicionadas à temperatura de 25 ºC e 12 horas de fotoperíodo. Em cada bandeja foram depositados 40 propágulos, os quais foram recobertos com papel toalha e mantidos constantemente umedecidos. A contagem das sementes germinadas foi feita diariamente durante 20 dias e as mesmas eram consideradas germinadas quando a radícula apresentava 2 mm de comprimento. Ajustes foram testados e equações de regressão para os dados ajustados foram calculadas, escolhendo-se aquelas de maior coeficiente de determinação (R2).

RESULTADOS:

Os resultados evidenciaram que as sementes de mogno não apresentam problemas de superação de dormência, absorvendo água e aumentando rapidamente de massa e volume nas primeiras observações. A germinação das sementes sem endocarpo (T1) iniciou-se seis dias após a instalação do experimento, enquanto no outro tratamento (T2) o fenômeno ocorreu 10 dias depois, o que pode ser resultado da presença do endocarpo, apresentando assim maior dificuldade para a penetração de água na semente e dificultando a superação da barreira física do endocarpo, retardando desse modo a protusão da radícula e do caulículo. No tratamento T1 a curva de germinação foi linear até o décimo sexto dia, estabilizando a partir daí e atingindo no final do experimento 83% de germinação, enquanto no tratamento T2 a estabilização ocorreu no décimo sétimo dia resultando na germinação de 71% das sementes. Algumas sementes apodreceram, não suportando umidade excessiva, o que poderia explicar em parte a baixa ocorrência de mogno em áreas de solos com propensão ao encharcamento.      

CONCLUSÃO:

Em ambos os tratamentos o modelo matemático que melhor explicou os resultados foi o polinomial, com R2 de 0,9651 e 0,9608 para T1 e T2, respectivamente. A retirada do endocarpo reduziu o tempo de protusão da radícula e do caulículo e apresentou maiores taxas de germinação do que as sementes com endocarpo.  

 

 

Palavras-chave: Espécie florestal, Embebição, Propagação.