62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 1. Anatomia Vegetal
ALTERAÇÕES ANATÔMICAS EM PLANTAS DE FEIJÃO CAUPI (Vigna unguicula (L.) Walp) SUBMETIDAS A CONDIÇÕES DE SECA E SALINIDADE.
Gabriela Salvador Ourique 1
Gabrielle Macedo Pereira 1
Cristiane Elizabeth Costa de Macedo 2
João Paulo Matos Santos Lima 3
Juliana Espada Lichston 4
1. Depto. de Botânica, Ecologia e Zoologia - UFRN
2. Depto. de Biologia Celular e Genética - UFRN
3. Prof. Dr./Co-orientador - Depto. de Bioquímica - UFRN
4. Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Botânica, Ecologia e Zoologia - UFRN
INTRODUÇÃO:
A cultura do feijão caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp) representa a principal fonte de proteínas de origem vegetal para a população do Norte e Nordeste do Brasil. Nestas regiões, o cultivo desta espécie é normalmente afetado pela salinidade, altas taxas de temperatura e luminosidade, comuns do clima semi-árido. A salinidade e o déficit hídrico afetam negativamente a germinação, o desenvolvimento vegetativo das culturas, a produtividade e, nos casos mais graves, causam a morte das plantas. A resposta vegetal a estas condições ambientais é complexa, e envolve desde mecanismos bioquímicos e moleculares, até o nível morfo-anatômico da planta, integrados no tempo e no espaço. O padrão anatômico das espécies pode ser modificado sob tais condições, como por exemplo, o aumento da espessura da cutícula em órgãos vegetativos, principalmente nas folhas. Neste trabalho objetivou-se avaliar a ocorrência de alterações anatômicas em tecidos radiculares e foliares de plantas de feijão Caupi submetidas a tratamentos de seca e salinidade.
METODOLOGIA:
As sementes de feijão Caupi foram colocadas para germinar em sistema de rolo. Para isto, foram desinfestadas com hipoclorito de sódio 0,5 % (m/v) por 5 minutos, lavadas três vezes com água destilada (1 min. cada), e, posteriormente colocada em água destilada por 20 minutos para o processo de embebição. Após cinco dias de germinação em sala de crescimento com fotoperíodo de 12 h e temperatura de 25ºC±1ºC, as plântulas foram transferidas para hidroponia com solução Hoagland (¼ de força). No estágio do primeiro trifoliolo completamente expandido, aproximadamente 15 dias após o semeio, os tratamentos foram aplicados. A simulação do estresse de seca utilizou o agente osmótico Polietilenoglicol (PEG 6000), na concentração de 17,84% (p/v), e para o estresse salino, NaCl a 100 mM. Estas concentrações de PEG e NaCl são isosmóticas e ambos foram diluídas na solução nutritiva. A coleta dos tecidos (folhas cotiledonares, folíolos e raízes) foi realizada nos tempos de 0, 24, 48 e 72 horas após a aplicação dos tratamentos. Os órgãos foram fixados em álcool 70%. A partir disso, confeccionaram-se lâminas semipermanentes com secções transversais, clarificados com hipoclorito de sódio 1%, corados com azul de alcian 1% e safranina 1%. Em seguida, foram avaliadas em microscópio óptico e fotografadas.
RESULTADOS:
As plantas tratadas com NaCl e PEG apresentaram aspecto de murcha, evidenciando perda de turgor celular o que acarreta diminuição da expansão foliar. Os espécimes analisados estavam em crescimento primário. A folha cotiledonar demonstrou uma cutícula fina, epiderme unisseriada; parênquima indiferenciado na nervura central; abaixo está uma faixa de esclerênquima que aumenta discretamente em plantas tratadas com PEG. O mesofilo é dorsiventral, com o parênquima paliçádico voltado para a face adaxial da folha, neste observa-se grânulos de amido. Os folíolos têm mesofilo compactado, com células de parênquima indiferenciado. Em ambas as faces da epiderme visualizam-se tricomas tectores e glandulares, porém estes tricomas tendem a diminuir com o maior desenvolvimento da planta, provavelmente por causa do maior investimento contra herbivoria nos estágios mais jovens. Nas raízes a quantidade de células lignificadas aumenta discretamente nas plantas submetidas ao NaCl e PEG. No esclerênquima medular notou-se, em algumas células, uma camada intracelular classificada por alguns autores como fibras gelatinosas, substância encontrada geralmente em leguminosas submetidas a estresse osmótico. Em plantas tratadas com PEG percebeu-se a presença mais expressiva desta substância.
CONCLUSÃO:
As plantas de feijão Caupi sob condições adversas impostas tiveram uma pequena diferenciação com relação à anatomia. As diferenças foram mais expressivas nas raízes, em que se nota um gradativo aumento de células com impregnação de lignina na região medular, maior número de elementos de vasos e de fibras esclerenquimáticas. Outro parâmetro a ser considerado é a existência, em maior número de células de esclerênquima contendo fibras gelatinosas. Mecanismos que corroboram para uma tentativa de defesa e fuga das reações adversas do estresse osmótico.
Palavras-chave: Feijão-de-corda, Morfo-anatomia, Adaptações Fisiológicas.