62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 1. Climatologia
ANÁLISE COMPARATIVA, POR DÉCADAS, DA PRECIPITAÇÃO PLUVIAL EM CAMPINA GRANDE,PB
Jório bezerra Cabral Júnior 1
Maysa Porto Farias 1
Laíse do Nascimento Cabral 1
Hermes Alves de Almeida 1
1. Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)
INTRODUÇÃO:
A precipitação pluvial é, sem dúvida, o elemento do clima que apresenta a maior variabilidade temporal e espacial quando se compara uma região com outra. No semiárido paraibano, a quantidade de chuvas é irregularmente distribuída no espaço e no tempo (intra e interanual). Dentre os vários fatores que condicionam o regime pluvial no semiárido nordestino, há sistemas meteorológicos de escalas distintas que influenciam o regime pluvial e, consequentemente, a estação chuvosa. Por isso, ela se inicia e termina em épocas distintas, até mesmo numa mesma microrregião geográfica. Há anos em que a chuva se concentra em um a dois meses e em outros chovem torrencialmente, embora de forma irregular tanto no tempo quanto no espaço geográfico. A variabilidade no regime pluvial do Nordeste brasileiro está relacionada, principalmente, a padrões de larga escala da circulação geral da atmosfera, que resulta de efeitos combinados da ação de vários sistemas meteorológicos e das variações na intensidade e posição das circulações de Hadley e Walker. Diante da oscilação nos totais de chuvas anuais procurou-se agrupar por décadas e em seguida foram feitas confrontos entre si, utilizando-se a distribuição de frequência, sendo essas análises comparativas os objetivos principais deste trabalho.
METODOLOGIA:
Os dados de chuvas foram cedidos pela Agência Executiva de Gestão das águas do Estado da Paraíba (AESA), em Campina Grande referente aos anos de 1911 a 2009. Os totais de chuvas anuais foram obtidos acumulando-se, respectivamente, os valores mensais. De posse desses valores foram determinadas: a média aritmética e a mediana (medidas de tendência central), desvio padrão da média (medidas de dispersão) e outros parâmetros da distribuição de frequência. De posse da média aritmética anual de cada década foram determinados os desvios relativos (DR), em mm, pela diferença entre o valor observado anualmente e a média da década. Essa desigualdade gera valores de DR positivo (chuva acima da média) e DR negativo (chuvas abaixo da média). Em seguida foram determinadas as frequências relativas (em %) do número de anos com chuva acima e abaixo da média esperada. Todos os cálculos e gráficos foram elaborados com uma planilha Excel.
RESULTADOS:
A representação gráfica dos totais de chuvas anuais observados a cada ano, em relação à média esperada, constata-se a existência de uma elevada flutuação anual, quando se compara os totais anuais observados com a média esperada. Essas elevadas variações dificultam o entendimento do regime anual de chuvas. Por isso, preferiu-se agrupá-los por décadas e em seguida fazer análises comparativas entre si. A média anual da série pluvial (1911 a 2009), de Campina Grande, PB, foi de 768,8 mm com um desvio padrão de 215,2 mm, ou seja, uma dispersão de 28,0% da média. Os valores de chuva ocorridos a baixo da média representam uma frequência relativa de 55,6%, e os valores igual e a cima da média a 44%. Os desvios relativos (DR) anuais, para o ano mais seco (1952) e o mais chuvoso (2000), foram, respectivamente, de -437,5 e +595,5 mm, em relação à média esperada. As frequências de DRs positivos nas décadas de 20, 70 e 00 foram de 60%, já na década de 60, choveu acima da média em sete dos dez anos da década. Contrariamente, as décadas de 30 e 80 tiveram apenas 30% dos DR positivo e a de 90 com 60% dos valores de DR negativos. Destaca-se, ainda, que a década mais seca, de todo a série estudada, foi a de 50, quando todos os anos choveram abaixo da média esperada.
CONCLUSÃO:
As elevadas variações nos totais anuais de precipitação dificultam o entendimento do regime pluvial anual de Campina Grande. Mesmo a análise por décadas, constatou-se que há décadas mais e outras menos chuvosas. A década de 50 foi a mais seca e a de 60 a mais chuvosa. No entanto, não há nenhum indicativo de aumento e/ou de diminuição, nas médias de precipitação por década, apenas poderá haver uma má interpretação quando se analisa parte de uma série histórica, em virtude da elevada variabilidade temporal (anual). Há, portanto, décadas mais chuvosa (maior frequência de desvios positivo) e mais seca (maior frequência de desvios negativo).
Instituição de Fomento: Programa de Iniciação Cientifica (PIC)/UEPB/CNPq
Palavras-chave: chuva, semiárido, climatologia.