62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 2. Química Ambiental
CARACTERIZAÇÃO FÍSICO QUÍMICA EM SEDIMENTOS DE MANGUEZAIS DA REGIÃO DO BAIXO SÃO FRANCISCO NO ESTADO DE SERGIPE
Jandyson Machado Santos 1
Luciano Carlos Sobral de Menezes 2
Tiago de Oliveira Santos 3
Francisco Sandro Rodrigues Holanda 4
Iramaia Corrêa Bellin 5
1. Núcleo de Química, UFS - Campus Prof. Alberto Carvalho, Itabaiana/SE
2. Depto. de Engenharia Agronômica, UFS, São Cristovão/SE
3. Depto. de Ciências Florestais, UFS , São Cristovão/SE
4. Prof. Dr./Orientador - Depto. de Engenharia Agronômica, UFS, São Cristovão/SE
5. Profa. Dra./Orientadora - Núcleo de Química, UFS, Itabaiana/SE
INTRODUÇÃO:
No Brasil é ampla a área costeira ocupada por ecossistemas de manguezais, ocorrendo dessa forma praticamente em toda a orla marinha. Os mangues se desenvolvem sobre solos caracterizados por uma grande variabilidade granulométrica de sedimentos, o que tem aumentado o interesse de pesquisadores a respeito da relação dessa vegetação com as propriedades físico químicas do solo. Ainda nos dias de hoje é evidente a falta de conscientização da população com a preservação desses ecossistemas de manguezais, no entanto essas áreas são consideradas de preservação permanente pela LEI N° 4.771, DE 15 DE SETEMBRO DE 1965. A degradação dos mangues é dada principalmente pela implantação de pólos químicos e petroquímicos, sendo que o aporte de metais se dá principalmente por meio das marés, e como em determinadas concentrações alguns destes metais são extremamente tóxicos, o seu acúmulo nos sedimentos desses ecossistemas, por um longo espaço de tempo, representa uma ameaça a esses ambientes podendo atravessar todo o ciclo ecológico e chegando a atingir a cadeia alimentar humana. Este estudo tem como objetivo realizar a caracterização físico química em sedimentos de manguezais, coletadas em diferentes profundidades da região do Baixo São Francisco no estado de Sergipe.
METODOLOGIA:
A área em estudo localiza-se na região estuarina lagunar, no baixo curso do Rio São Francisco a 100 km de Aracaju, capital do estado. Foi realizada coletas de sedimentos na área em estudo em uma transeção que constou em amostras em diferentes localizações do manguezal. As coletas foram realizadas em três profundidades (0-10, 10-20 e 20-40 cm) para cada ponto de coleta totalizando três áreas diferenciadas caracterizadas por bacia, transição e franja. Após a coleta, as amostras foram acondicionadas e em laboratório procedeu-se o tratamento de secagem em estufa de circulação a ±60° C por aproximadamente 48 horas, desagregação e peneiramento em malha de 2 mm. Em seguida as amostras foram caracterizadas, primeiro em analisador elementar para determinação de carbono, nitrogênio, relação atômica C/N e também em mufla para a determinação do teor de matéria orgânica utilizando-se uma temperatura de 750°C por 24 horas. Para a quantificação metálica, as amostras foram submetidas a digestão ácida segundo método descrito por ROSA (1998), e em seguida foi utilizado a técnica de Espectrometria de Emissão Atômica (ICP/AES) para a determinação de sódio, potássio, cromo, cobre e níquel. Foram ainda realizadas determinações de pH em água (sedimento:água - 1: 2,5) para a determinação da acidez.
RESULTADOS:
Através dos resultados da análise elementar, os sedimentos coletados nas profundidades 0-10 e 10-20 cm apresentaram alto teor de carbono, chegando a 15%, essa característica esta associada à adição de biomassa proveniente das folhas aos sedimentos, ou pelas raízes do tipo de vegetação nativa. Os teores de nitrogênio não ultrapassaram 1%, que pode ser atribuído ao intenso processo de desnitrificação do solo. A razão atômica C/N e o teor de matéria orgânica mostraram o perfil orgânico do sedimento, que foi definido como uma matéria orgânica pouco descomposta e de difícil degradação. Foram determinados valores relativamente elevados para Na e K para a maioria das amostras (exceto para a Bacia 20-40 cm), atingindo como máximo respectivamente, 9854,58 mg kg-1 e 3327,51 mg kg-1, assim como nos dados da literatura que acusam predominância de valores de Na > K, e que podem ser explicados pela freqüência de invasão de águas salobras nessas áreas. Referente aos metais potencialmente tóxicos analisados somente os sedimentos na área de franja do rio de 20-40 cm (Cr: 46,26 mg kg-1, Cu: 238,47 mg kg-1, Ni: 23,74 mg kg-1) apresentaram índices superiores aos valores de referências. Os sedimentos foram caracterizados como de acidez elevada devido a valores de pH em água inferiores a 4,9.
CONCLUSÃO:
Os sedimentos em estudo mostraram ser caracterizados por uma matéria orgânica pouco decomposta, ou seja, não estando completamente humificada e de acidez elevada devido aos baixos valores de pH, atribuídos a presença do ácido sulfúrico formado na oxidação da pirita (FeS2). Para fins toxicológicos em gerais apenas uma amostra, em uma das profundidades, apresentou concentrações de metais acima dos valores de referência, em geral a área em estudo apresenta-se livre de metais potencialmente tóxicos.
Instituição de Fomento: Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello - CENPES/PETROBRAS
Palavras-chave: Ecossistema de Maguezais, Caracterização de Sedimentos, Metais.