O câncer de mama se configura como uma problemática de saúde pública mundial, com elevada incidência e mortalidade entre as mulheres. De acordo com o Ministério da Saúde, os principais meios de detecção precoce do câncer de mama são: o exame físico feito pelo profissional de saúde; a mamografia, um exame radiológico de alta precisão, porém com custo elevado e de difícil acesso à população; e o auto-exame da mama, o qual é feito pela própria mulher. O auto-exame deve ser realizado mensalmente e permite que a mulher reconheça alterações nas mamas. É um método simples e desde que realizado de forma correta, permite a detecção precoce desse tipo de câncer. O estudo teve como objetivos: divulgar o auto-exame de mamas para mulheres de uma instituição não-governamental do Município de Fortaleza, utilizar um jogo educativo para facilitar a adesão ao auto-exame das mamas e identificar as dificuldades da adesão ao exame. Apresenta como relevância agregar valor aos momentos lúdicos proporcionados por profissionais de saúde no incentivo do autocuidado das mamas pelos usuários do SUS.

Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem na pesquisa-ação realizada em uma instituição não-governamental do Município de Fortaleza - CE que promove cursos profissionalizantes e oficinas educativas com mulheres de uma comunidade carente. A oficina aconteceu em março de 2010. Três acadêmicas de enfermagem do quinto semestre da Universidade Federal do Ceará realizaram a oficina; o grupo foi composto por vinte mulheres com faixa etária de 20 a 60 anos. Foi abordado o tema auto-exame de mamas e suas técnicas. Buscou-se, inicialmente, conhecer o grupo e o seu conhecimento sobre o tema. No segundo momento, foram ensinadas as técnicas do auto-exame das mamas, utilizando cartazes educativos. Em seguida, convidaram-se as participantes a exercitarem a prática do auto-exame. Como forma de avaliar a atividade educativa, usou-se um baralho educativo com cinco cartas contendo as seguintes perguntas: como deve ser feito o auto-exame nas mamas; qual o período mais adequado para realizar o auto-exame; que alterações podem ser encontradas na mama; em que faixa etária é recomendado que se faça a mamografia; e por que realizar o auto-exame. As cartas eram escolhidas e respondidas pelo grupo e complementadas pelas acadêmicas. Outras dúvidas do grupo eram abordadas, sendo esclarecidas pelas estudantes.

Sabe-se que a mortalidade por câncer de mama está relacionada com a falha na detecção precoce do tumor. Isso remete a não-realização do auto-exame, prática de maneira inadequada e falta de estimulação e orientação por parte da equipe de saúde na atenção básica. Todas as mulheres do grupo conheciam o auto-exame, nenhuma realizava mensalmente, apenas duas faziam raramente, porém com técnicas inadequadas, outras eram examinadas apenas ao irem ao ginecologista. Percebeu-se que a utilização de um jogo educativo promoveu uma grande interação entre as acadêmicas e o grupo. Através do jogo, as mulheres puderam demonstrar as técnicas para se realizar o auto-exame. As perguntas já formuladas foram importantes para o surgimento de outras questões importantes a serem comentadas, assim como para "quebrar" os tabus existentes, deixando-as mais participativas a explicar algumas situações vivenciadas em seu cotidiano. A heterogeneidade do grupo exigiu uma adequação do exame para cada uma, sendo elaboradas maneiras de incluí-lo nas suas atividades. O jogo se mostrou eficaz para transmissão do conhecimento de forma fácil e dinâmica, por ser um método educativo simples, de baixo custo e adequado às condições do ambiente e à realidade da comunidade.

O estudo demonstrou a baixa adesão do auto-exame das mamas relacionada à falta de conhecimento em relação às técnicas para realizá-lo, aos dias adequados, à sua importância, bem como à falta de incentivo para realizá-lo. Observa-se a relevância de práticas que estimulem o autocuidado e a promoção de saúde por parte dos profissionais em detrimento de práticas curativas, principalmente na atenção básica, a fim de diminuir e prevenir agravos na saúde. Desta forma, a prática do auto-exame da mama pode ajudar a reverter o quadro da doença no país. A abordagem do tema foi importante para que as mulheres fossem estimuladas a conhecerem seu próprio corpo, pois muitas delas demonstravam receio por se observar frente ao espelho. Esse processo educativo procurou desmistificar o câncer de mama e propôs a realização do auto-exame como método de reconhecer possíveis alterações nos seios que em sua maioria são fisiológicas ou benignas, e como proceder ao encontrá-las. A utilização do jogo educativo promoveu, assim, a sensibilização por parte dos participantes que se sentiram estimulados para aprendê-lo e colocá-lo em prática.