62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 1. Ciência do Solo
DECOMPOSIÇÃO E LIBERAÇÃO DE NITROGÊNIO, FÓSFORO E POTÁSSIO DE RESÍDUOS CULTURAIS DO CRAMBE
Rafael Heinz 1
Daniel Comiran Dallasta 1
Allan Michel Pereira Correia 2
Antonio Luiz Viegas Neto 2
Fabiano Wust Pedroso 2
Paula Pinheiro Padovese Peixoto 3
1. Bolsistas PET-Agronomia - Faculdade de Ciências Agrárias - UFGD, Dourados/MS
2. Graduandos em Agronomia - Faculdade de Ciências Agrárias - UFGD, Dourados/MS
3. Profa Dra/Orientadora, Faculdade de Ciências Agrárias - UFGD, Dourados/MS
INTRODUÇÃO:

O Crambe (Crambe abyssinica Hochst. Ex Fries) é uma planta de ciclo anual, pertencente à família Brassicaceae apresentando teores de óleo variando de 35-60%. É um vegetal muito robusto que consegue se desenvolver em condições climáticas antagônicas, suportando desde geadas típicas do sul até climas quentes e secos como do centro-oeste. Por ser uma cultura de inverno, a planta tem despertado interesse, sendo mais uma alternativa para a rotação de culturas.

A manutenção de resíduos vegetais na superfície do solo diminui a erosão e reduz as perdas de solo e nutrientes. A palhada ainda constitui em reserva de nutrientes, cuja liberação durante a decomposição depende de fatores climáticos, de organismos do solo e da forma e localização destes nutrientes.

O conhecimento da decomposição de resíduos vegetais e de liberação de nutrientes é fundamental para o sistema de plantio direto.

O objetivo deste trabalho foi avaliar a decomposição e liberação de nitrogênio, fósforo e potássio dos resíduos do Crambe.
METODOLOGIA:

O experimento foi realizado na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), em Dourados - MS.

O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualisados, com quatro repetições. Os tratamentos compreenderam cinco épocas de coleta das bolsas de decomposição (0, 15, 30, 45, 60, 75 dias após o manejo).

A semeadura do Crambe foi realizada manualmente no dia 09 de junho de 2008.

O manejo da fitomassa foi realizado quando as plantas encontravam-se em florescimento pleno, com uso de um Triton©. Para avaliação da produção de biomassa e acúmulo de nutrientes, no dia do manejo foram quantificados os resíduos contidos em quadros com 0,25 m2. Para avaliar a decomposição e a liberação de nutrientes pela palhada, foi empregado o método das bolsas de decomposição. O material foi acondicionado em bolsas com malha de 2 mm.

Nas épocas de coleta das bolsas os resíduos vegetais passaram por uma pré-limpeza e foram acondicionadas em sacos de papel perfurados e secos em estufa, até atingir peso constante. Em seguida, realizou-se a determinação da massa seca, e as amostras foram moídas em moinho tipo Willey e submetidas à análise química, para determinação de N, P e K conforme descrito por Malavolta et al. (1997).

Os dados obtidos foram submetidos às análises de variância e regressão polinomial.
RESULTADOS:

A produção de matéria seca do Crambe foi de 2.688 kg ha-1. A dinâmica de decomposição da fitomassa do Crambe ajustou-se ao modelo quadrático, apresentando R2 de 0,996. Observou-se que aos 75 dias após o manejo (DAM) a fitomassa remanescente consistia em cerca de 39% da quantidade inicial.

A cultura do Crambe acumulou 64,95 kg ha-1 de nitrogênio. O nitrogênio foi rapidamente liberado dos resíduos culturais, apresentando uma liberação de 27% do nitrogênio total aos 15 DAM e aos 30 DAM a liberação acumulada de nitrogênio ultrapassava 49%.

No estudo da cinética de liberação de fósforo dos resíduos culturais do Crambe, observou-se uma liberação acumulada de 56% aos 30 DAM. Na última época de coleta, ou seja, aos 75 DAM foi observada uma liberação acumulada de 86% do fósforo presente inicialmente nos resíduos culturais.

O potássio foi rapidamente liberado dos resíduos do Crambe, sendo observada uma liberação de 35% do valor inicial aos 15 DAM e 84% do valor inicial aos 30 DAM. Na última coleta foi observada uma liberação acumulada superior a 98%, demonstrando sua alta taxa de liberação.  A ação das chuvas e até mesmo do orvalho nos resíduos das plantas permite a liberação do potássio, devido este nutriente apresentar alta mobilidade entre os tecidos.
CONCLUSÃO:
Os resíduos culturais do Crambe apresentam uma dinâmica de decomposição e liberação de nitrogênio, fósforo e potássio semelhantes, apresentando maiores taxas até os 30 dias após o manejo da fitomassa.
Instituição de Fomento: MEC/SESu
Palavras-chave: Crambe abyssinica, Persistência da palhada, Ciclagem de nutrientes.