62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 7. Fisiologia - 5. Fisiologia
RESPONSIVIDADE ALOPARENTAL EM MACHOS NÃO REPRODUTORES DE SAGÜI, Callithrix jacchus, DURANTE INTERAÇÃO SOCIAL COM FILHOTES RECÉM-NASCIDOS.
Maricele Nascimento Barbosa 1
Maria Teresa da Silva Mota 1
1. Departamento de Fisiologia- UFRN
INTRODUÇÃO:
Dentre os mamíferos, o sagüi, C. jacchus, tem sido usado como sujeito experimental nas mais diversas áreas da biologia, como a endocrinologia e a pesquisa etológica. Tal fato se deve a algumas características comportamentais e fisiológicas apresentadas por essa espécie, como o pequeno porte, a fácil manutenção em cativeiro, a flexibilidade quanto ao sistema de acasalamento, a produção de gêmeos em cada gestação, o rico repertório comportamental e a participação dos membros do grupo social no cuidado com a prole. Com relação a participação dos membros do grupo social no cuidado aos filhotes, um componente importante na facilitação e iniciação dessa atividade é a experiência prévia. Nesse sentido, o objetivo desse estudo foi avaliar a responsividade aloparental de machos não reprodutores de sagüi (Callithrix jacchus) durante a interação social com infantes não aparentados.
METODOLOGIA:
Foram utilizados 12 machos adultos nascidos em cativeiro, seis deles com experiência prévia no cuidado aloparental e 6 deles sem experiência. Cada macho foi exposto 4 vezes durante 15 minutos a um infante recém-nascido colocado em uma caixa teste, que estava em 2 condições: a) fechada, não permitindo a interação do macho com o filhote e b) aberta, permitindo a ocorrência de interação social entre os animais. Na primeira condição, a única pista sensorial fornecida ao macho foi apenas a visão do infante. Na segunda, na qual a caixa teste estava aberta, os machos foram expostos a outras pistas (auditiva, olfativa e tátil), já que podiam ficar próximos e carregar o infante. Os seguintes comportamentos foram registrados para o macho não reprodutivo: as freqüências de aproximação do filhote, de marcação de cheiro, de deslocamento e o tempo de proximidade e os episódios de carregar e latência de recuperação dos filhotes.
RESULTADOS:
A comparação geral da resposta comportamental dos machos adultos entre as 2 condições mostrou diferença significativa apenas para a freqüência de deslocamentos. Machos adultos se deslocaram mais entre os quadrantes da gaiola-viveiro quando a caixa teste com filhote foi mantida fechada. Quando experiência prévia foi considerada, machos experientes se aproximaram, passaram mais tempo próximos, carregaram e recuperaram mais rapidamente o infante do que os inexperientes. Além disso, a exposição sucessiva a infantes levou a exibição do comportamento de carregar pelos machos inexperientes, bem como diminuiu sua latência de recuperação do infante. Com relação aos deslocamentos, ambos os grupos (experientes e não experientes) se locomoveram mais freqüentemente quando a caixa estava fechada e o acesso ao filhote não era permitido.
CONCLUSÃO:
Sugere-se que pistas sensoriais provenientes dos infantes são um importante modulador da responsividade aloparental de machos adultos de sagüi. E ainda que, a resposta dos machos foi fortemente influenciada pela experiência prévia no cuidado com os irmãos mais novos quando vivendo no seu grupo familiar, como também pela exposição sucessiva a infantes.
Palavras-chave: Callithrix jacchus, cuidado aloparental, Experiência prévia.