62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 2. Biologia - 3. Biologia Geral
A INFLUÊNCIA DA URBANIZAÇÃO NA COMPOSIÇÃO DA COMUNIDADE DE AVES EM TRÊS ÁREAS DA CIDADE DE NATAL, RN
Damião valdenor de Oliveira 1
Fábio Batista Freitag 1
Daniel Augusto dos Santos 1
Rhudson Henrique Santos Ferreira da Cruz 1
Tonny marques de Oliveira Jnior 1
Mauro Pichorim 1, 2
1. Dep. de Botânica, Ecologia e Zoologia-Uni. Federal do Rio Grande do Norte-UFRN
2. Prof.Dr./Orientador - DBEZ - UFRN
INTRODUÇÃO:
A urbanização pode ser considerada a forma mais importante de intervenção humana no ambiente, por representar um estado de permanência. A matriz urbana, depois de estabelecida, não permite mais o retorno da vegetação original, alterando a composição de comunidade de animais e vegetais presentes nessas áreas (Marzluf & Ewing, 2001). Estudos indicam que a urbanização diminui a riqueza e a diversidade de espécies, (Jokimaki & Suhonen, 1993; Blair,1999). No entanto, algumas espécies podem ser muito abundantes em áreas urbanas. Conseqüentemente, as comunidades de aves urbanas são homogenias e geralmente caracterizadas pela predominância de algumas espécies (Jokimaki & Suhonen, 1998; Marzluff, 2001). O Brasil apresenta avifauna significativa em suas cidades, com cerca de 30% de todas as aves de seu território registradas em áreas verdes presentes no ambiente urbano (Franchin, 2009). O que evidencia a importância de estudos que busquem entender a relação da avifauna com o meio urbano. Objetivamos avaliar a riqueza, diversidade e abundância da avifauna em três áreas com diferentes níveis de urbanização localizadas na cidade de Natal, Rio Grande do Norte.
METODOLOGIA:
Foram amostradas três áreas no município de Natal, RN sob diferentes níveis de urbanização e em cada uma escolhidos quatro pontos com distância média entre eles de 150 metros. O método de censo utilizado foi o de pontos fixos seguindo Blondel et al. (1970). Os pontos foram amostrados independentemente por quatro observadores durante 20 minutos em sistema de rodízio de forma que todos os observadores passaram por todos os pontos. O início das amostragens ocorreu às 6h00min com término às 7h50min, com um intervalo entre cada amostragem de 10 minutos. O esforço total em cada área foi de 16h30min/homem totalizando 66 horas de observação. Consideramos como nível baixo de urbanização os ambientes com pouca ou nenhuma ação humana, limitado acesso de pessoas e vegetação nativa predominante sobre a exótica. O nível médio foi utilizado para ambientes onde, mesmo com a presença humana e construção de estabelecimentos habitacionais, a vegetação nativa ainda estava presente em parte da área e o acesso era moderado, com poucos veículos e pedestres. A área com alto nível de urbanização apresentou vegetação nativa total ou quase totalmente destruída, dando lugar a plantas exóticas e à circulação de pedestres e de veículos. Foram obtidas a riqueza, abundância e diversidade (Shannon) de cada área e comparadas por meio de um test-t seguindo as premissas de Zar (1984).
RESULTADOS:
Foram registradas 45 espécies de aves nas três áreas estudadas, distribuídas em 26 famílias, sendo Tyrannidae a mais representada (8 espécies). No Centro Administrativo, área caracterizada com alto nível de urbanização, foram registradas 29 espécies. Na Mata da CAERN, nível médio de urbanização, foram registradas 28 espécies e no Parque Estadual Dunas de Natal, que está inserido no nível baixo de urbanização, foram registradas 25 espécies. A diversidade na Mata da CAERN (H = 1,08) foi maior do que no Centro Administrativo (H = 1,02 (t = 2,2; p < 0,05), no entanto, não houve diferenças entre Mata da CAERN e Parque estadual Dunas de Natal (H =1,02) (t = 1,2; p > 0,05) e Parque estadual Dunas de Natal e Centro Administrativo (t = 0,1; p > 0,05). O centro Administrativo apresentou maior riqueza. No entanto, a maioria das espécies observadas nessa área é típica de bordas e ambientes abertos como: Guira guira, Crotophaga ani,Columbina picui,Pitangus sulphuratus e Estrilda astrild. O Parque Estadual Dunas de Natal ainda conserva uma vegetação original e possui baixa ação antrópica, algumas espécies foram observadas apenas nessa área como: Ortalis guttata, Tachyphonus rufus, Formicivora grisea,Vireo olivaceus e Herpsilochmus pectoralis.
CONCLUSÃO:
O centro Administrativo foi a área que apresentou a menor diversidade de espécies de aves dentre as estudadas, fato esse que pode ser explicado pelo alto grau de antropização que essa área está submetida, que é resultado principalmente da intensa urbanização que sofreu ao longo do tempo, levando conseqüentemente a uma diminuição da cobertura vegetal, o que pode ter dificultado o estabelecimento de espécies de aves mais exigentes. As duas espécies, Estrilda astrild e Pitangus sulphuratus parecem ter sido favorecidas pelas áreas abertas e urbanizadas, o que explicaria a alta abundância delas no Centro Administrativo. Herpsilochmus pectoralis, espécie endêmica do Brasil e considerada ameaçada de extinção segundo MMA (2003), foi registrada apenas para Parque Estadual Dunas de Natal, evidenciando a importância dessa área para a manutenção da biodiversidade urbana do município de Natal.
Instituição de Fomento: Propesq
Palavras-chave: Aves, Urbanização, Natal.