Entende-se por Pronto Socorro (PS) um espaço apto a prestar atendimento de Urgência e Emergência com a responsabilidade de estabilizar os agravantes à saúde, bem como estabelecer alívio rápido e eficaz nos diversos níveis de sofrimento por um período máximo de 24 horas após a entrada do usuário. Por fornecer uma resposta rápida de cessação dos sinais e sintomas e pela facilidade do acesso à assistência, o PS tem se tornado a primeira opção de busca por atendimento, o que tem levado a uma sobrecarga e desorganização do setor, dificultando o desenvolver de um cuidado mais humanizado e resolutivo. Assim, a Política Nacional de Humanização (PNH), alicerçada nos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), surge como possibilidade de intervir na dinâmica dos serviços de saúde, voltando o atendimento para um olhar humanizado com responsabilidades éticas e solidárias capaz de reorientar a atenção. Para isso, a PNH utiliza-se de inúmeras ferramentas, sendo o Acolhimento com Classificação de Risco (ACCR), um instrumento chave para a reorganização e resolubilidade no atendimento do PS. Objetivamos, assim, analisar do ponto de vista da eficácia em termos absolutos, sem análise dos determinantes, o primeiro ano de implantação da estratégia de ACCR no PS do Hospital Regional Tarcísio Maia.

O presente estudo se caracteriza como descritivo-exploratório, documental, retrospectivo e estatístico, de abordagem quantitativa, que utiliza dados do mapa anual de atendimento do Serviço de Arquivo Médico (SAME) do HRTM, para realização de um estudo comparativo entre os dados relativos aos anos de 2003-2006 e 2009, primeiro ano da implantação do acolhimento. Para tal, utilizaram-se as seguintes categorias para análise: número geral de atendimentos no PS, cirurgias e internamentos e as proporções por mês.

A partir da análise dos dados apresentados, é possível perceber que apesar de uma diminuição significativa nos números de atendimentos, o número de internamentos se manteve em um patamar estatisticamente estável e o número de cirurgias teve substancial aumento, o que nos leva a inferir que a implantação do ACCR no hospital estudado representou uma reorganização das demandas por cuidado, diminuindo o atendimento a situações ambulatoriais que não representam situações de urgência ou emergência. Ao mesmo tempo, percebe-se que há uma representativa resposta às situações específicas de atendimento que realmente são de responsabilidade do hospital, registrado como de urgência e emergência.