62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE MEIO AMBIENTE, EDUCAÇÃO AMBIENTAL E GESTÃO DE ÁREAS PROTEGIDAS DE GESTORES E TÉCNICOS DE PARQUES URBANOS NA CIDADE DE SALVADOR, BAHIA, BRASIL.
Eliane dos Santos Alcântara Fiaccone 1
Sueli Almuiña Holmer Silva 2
1. Msc, Instituto de Biologia, Universidade Federal da Bahia - UFBA
2. Profa. Dra./Orientadora, Instituto de Biologia, UFBA
INTRODUÇÃO:
Os parques urbanos são áreas protegidas que apresentam grande relevância no cerne das discussões acerca da importância do envolvimento da comunidade local na conservação do meio ambiente. Nas grandes cidades a expansão urbana tem gerado uma série de pressões sobre os parques, reduzindo de forma significativa sua área original. A questão das áreas protegidas levanta inúmeros problemas de caráter político, social e econômico e não se reduz, a uma simples questão de conservação do mundo natural, e mesmo da proteção da biodiversidade. Nesta perspectiva, o desenvolvimento de ações em educação ambiental, visando ao enfrentamento dos conflitos existentes nas áreas protegidas e a gestão das mesmas, devem tomar como ponto de partida as concepções de meio ambiente, educação ambiental e gestão de áreas protegidas. (REIGOTA 2004). Dessa forma, este trabalho tem como objetivo: analisar as representações sociais de meio ambiente, educação ambiental e gestão de áreas protegidas de gestores e técnicos de quatro parques urbanos da cidade de Salvador, Bahia, Brasil.
METODOLOGIA:
A metodologia utilizada nessa pesquisa foi qualitativa, tomando como referência as representações sociais dos gestores e técnicos dos Parques Metropolitano Lagoas e Dunas do Abaeté, Joventino Silva, Metropolitano de Pituaçú e São Bartolomeu, localizados em Salvador, Bahia. A pesquisa foi realizada no período entre agosto e novembro de 2007. A amostragem utilizada para a consecução dos objetivos da pesquisa foi do tipo não-probabilística, intencional ou por julgamento (BABBIE, 2005), pois a meta da pesquisa foi entrevistar as pessoas envolvidas no processo, não sendo possível a realização de amostragem aleatória. Desse modo, a coleta de dados foi realizada por meio da aplicação de entrevistas semi-estruturadas, no sentido de obter informações relevantes para a pesquisa, com nove gestores e técnicos dos parques. Além disso, foi realizada pesquisa documental, a partir da análise de decretos de criação dos parques, e do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Salvador (PDDU, 2004). A análise dos dados foi realizada através da técnica de análise de conteúdos e de estatística descritiva.
RESULTADOS:
Os gestores e técnicos apresentaram representações sociais de meio ambiente baseadas na concepção natural e cognoscente (Tozoni-Reis, 2004) e, de educação ambiental na perspectiva conservadora (Loureiro, 2006), as quais, associadas ao paradigma que orientou o processo de criação desses parques, se expressam numa abordagem preservacionista na gestão destas áreas (Diegues, 2000 a e b). A existência de imóveis em situação irregular e a retirada de recursos têm se constituem os principais impactos ambientais negativos nos parques, estabelecendo uma situação de conflito com a comunidade do entorno. Apesar da falta de educação, da expansão urbana e das condições econômicas terem sido indicadas como causas dos impactos, os entrevistados elegeram ações de fiscalização, repressão e recuperação como solução, ratificando a concepção preservacionista na gestão dos parques. Atividades com a comunidade do entorno, visando a conservação dos recursos naturais, valorização da cultura, geração de renda e oferta de serviços de saúde e lazer tem contribuído para desenvolver do sentido de confiança e pertencimento por parte da mesma em relação ao parque e apontam a uma perspectiva emancipatória de educação ambiental por parte de gestores de dois parques.
CONCLUSÃO:
A diversidade de formação profissional dos gestores e técnicos que atuam nos referidos parques, remete ao caráter interdisciplinar da questão ambiental, cuja abordagem exige a contribuição de diferentes áreas do conhecimento. Possivelmente, a ausência de formação em educação ambiental, associada às representações sociais de meio ambiente baseadas na concepção natural e cognoscente, e, de educação ambiental pautada na perspectiva conservadora, bem como o paradigma que orientou o processo de criação desses parques urbanos, se expressam em uma abordagem preservacionista no processo de gestão destas áreas protegidas. Finalmente, os dados analisados indicam a necessidade de realização de um curso de formação em educação ambiental dirigido aos gestores e técnicos, possibilitando superar a perspectiva conservadora de educação ambiental, predominante entre os entrevistados. Desse modo, estes seriam instrumentalizados para o desenvolvimento de ações educativas junto à comunidade do entorno, numa perspectiva emancipatória, visando construir coletivamente um processo de gestão territorial ambiental participativa nos parques urbanos de Salvador.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Representação social, Educação ambiental, Parques urbanos.