62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 3. Antropologia das Populações Afro-Brasileiras
O IMAGINÁRIO E O SIMBÓLICO NOS RITUAIS DO CANDOMBLÉ
Allyne Dayse Macedo de Moura 1
Marco Aurélio de Medeiros Jordão 2
Rasland Costa de Luna Freire 3
1. Faculdade Natalense para o desenvolvimento do Rio Grande do Norte/FARN.
2. Professor Mestre/Orientador - FARN
3. Professor Mestre/Orientador - FARN
INTRODUÇÃO:

O presente trabalho consiste em uma análise antropológica acerca do imaginário e do simbólico dentro do Ritual do Candomblé. O imaginário e o simbólico são elementos indissociáveis que estão relacionados a muitos contextos sócio-históricos. O imaginário é a fonte de explicação do Simbólico, é dele que brotam as Representações que fundamentam os Símbolos, e estes, por sua vez, influenciam fortemente o imaginário, fortalecendo o senso-comum, numa intrínseca relação dialética. As instituições sociais têm como escopo instituir símbolos e dar a eles significados, sancionando-os a serem considerados válidos para a sociedade ou para determinado grupo. Essas representações, geradas através dos símbolos e seus significados, estão intimamente ligadas a conceitos normativos, que indicam como os indivíduos devem ou não agir. Por serem fenômenos presentes em todas as instituições sociais, o imaginário e o simbólico devem ser objetos de estudo das mais diversas ciências sociais.  Nós usaremos como parâmetros os mitos e os ritos utilizados nos rituais de candomblé - instituição religiosa, afro-brasileira, rica em elementos representativos e com adeptos em todo o país - para entendermos as relações existentes entre o imaginário e o simbólico.

METODOLOGIA:

O trabalho de pesquisa dividiu-se, metodologicamente, em dois eixos: Iniciamos com a pesquisa bibliográfica de importantes pesquisadores brasileiros, acerca do recorte temático escolhido, como Câmara Cascudo, Iaperi Araújo, Reginaldo Prandi, Maria Machado, e José Medeiros, bem como do pesquisador belga Arnaud Halloy - doutorando da "Université de Nice-Sophia Antipolis", Nice/França; do grego Cornelius Castoriadis; do norueguês Jostein Gaarder; e do franco-brasileiro Pierre Verger. E, posteriormente, às pesquisas de campo no terreiro "Ylê axé omo ya omi" (casa da força dos filhos das águas), localizado na comunidade Jardim Progresso, na Zona Norte de Natal, assim como no ritual de lavagem dos batentes, realizado na Pedra do Rosário, pela Federação de Umbanda e Candomblé do RN. Em ambas as atividades, pudemos assistir os ritos em torno dos elementos do Candomblé, conhecendo seus símbolos e analisando a relação entre o imaginário e o simbólico dentro do ritual observado e, ainda, registramos, através de câmera-digital, vídeos e imagens fotográficas de cerimônias e depoimentos de Babalorixás e adeptos da religião supracitada, sobre os significados que esta representa para eles.

RESULTADOS:

A instituição religiosa do candomblé - escolhida como nosso objeto de estudo - comporta uma infinidade de detalhes. Esses detalhes são colocados no mesmo plano de importância, devido à sua relação com o que os adeptos do culto acreditam ser "sobrenatural". Essa interpretação é centrada em um imaginário - observado através da mitologia dos orixás -, e concretizada através dos símbolos, que podem ser percebidos nos elementos e nas cerimônias da religião em análise. Diante do exposto, percebemos que esses ritos não seguem uma lógica racional, mas histórico-cultural, uma vez que a justificação para essa não-distinção entre o essencial e o secundário não parte da razão, mas se dá, simplesmente, pela relação com o divino. Depois de concretizado, o imaginário age de forma coercitiva sobre as ações dos indivíduos inseridos no contexto religioso, indicando-os normas de condutas, justificadas pelos adeptos do candomblé como sendo sagradas. Os resultados desta pesquisa nos levaram a entender que o imaginário e o simbólico têm papeis significativos na formação do senso comum de variados grupos sociais, como destaca-se aqui, entre os participantes do Candomblé.

CONCLUSÃO:
Concluímos que o Candomblé é pautado em um imaginário que, concretizado através dos objetos e cerimônias simbólicas que envolvem os seus rituais, formam uma instituição religiosa e atuam na formação do senso comum de determinados grupos. Percebemos, então, que o imaginário e o simbólico são componentes essenciais à fundamentação e à constituição das instituições sociais, daí a necessidade de conhecermos e reconhecermos suas influências sobre as sociedades. As religiões tem um papel bastante significativo na história da humanidade, devido à sua vasta influência cultural e política na vida social, por isso, há relevância no estudo e nas discussões sobre as instituições religiosas e suas influências sobre a coletividade.
Palavras-chave: imaginário, Simbólico, Candomblé.