62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia
AVALIAÇÃO DO EFEITO SINÉRGICO ANTIBACTERIANO DE PLANTAS CONSTITUÍDAS POR COMPOSTOS SULFURADOS
Anna Jacinta Dantas de Medeiros 1
Ana Carolina Morais Apolônio 3
Luiz de Macêdo Farias 3
Maria Auxiliadora Roque de Carvalho 3
Elizabeth Cristina Gomes dos Santos 2
Maria das Graças Almeida 2
1. IFRN
2. UFRN
3. UFMG
INTRODUÇÃO:
A busca por novas substâncias antimicrobianas aumentou, consideravelmente, devido à resistência aos antimicrobianos convencionais, sendo as plantas o seu principal alvo (CUNICO et al., 2004). As espécies Allium sativum e Allium cepa, plantas constituídas por compostos sulfurados, vêm sendo utilizadas como alternativa terapêutica desde a antiguidade, principalmente no tratamento de doenças infecciosas. Esses compostos são metabólitos secundários, extremamente voláteis, derivados da cisteína, subdividindo-se em sulfóxidos de S-alilcisteína e γ-glutamil-S-alilcisteína, que apresentaram atividade contra nematóides, insetos, bactérias e fungos (MARCHIORI, 2005; SCHULZ et al., 2002). O objetivo deste estudo consistiu em avaliar o potencial inibitório das variedades de Allium sativum (alho branco e roxo) e A. cepa (cebola branca e roxa) contra cepas de Staphylococcus aureus e determinar o efeito sinérgico da planta de melhor atividade associada com a vancomicina.
METODOLOGIA:
Foram preparados extratos aquosos de Allium cepa (cebola branca- CB e roxa- CR) e Allium sativum (alho branco- AB e roxo- AR), pelo processo de turbólise, obtendo-se o sumo de cada bulbo, nas concentrações de 70% e 50%, respectivamente. Cada extrato foi realizado no momento do uso. Os resíduos secos obtidos foram 28,6 mg/mL (CB), 17,9 mg/mL (CR), 78,6 mg/mL (AB) e 142,8 mg/mL (AR). A atividade antibacteriana dos extratos e o perfil antibacteriano da vancomicina foram realizados pelo método de diluição em ágar, utilizando-se 10 cepas de S. aureus. Esse método consistiu no preparo de diluições crescentes de 64-2048 µg/mL dos extratos, e 0,25- 512 µg/mL da vancomicina, em 30 mL de Ágar Mueller-Hinton (AMH). O inóculo bacteriano foi padronizado de acordo com a escala 0,5 de MacFarland, sendo semeado no AMH com auxílio do replicador de Steers, e incubado a 37°C/24 h, determinando-se a Concentração Inibitória Mínima (CIM), correspondente a menor concentração capaz de inibir o crescimento bacteriano. O efeito sinérgico do extrato associado à vancomicina foi determinado nas concentrações de ½ + ½; ½ + ¼; ¼ + ½; ¼ + ¼, correspondentes as suas CIMs. Foi considerado sinergismo a associação em que houve inibição do crescimento. Todos estes métodos foram realizados em duplicata.
RESULTADOS:
Dentre os extratos estudados, somente o do alho branco (A. sativum) mostrou-se ativo, inibindo S. aureus ATCC 25923 e S. aureus 011 na concentração de 1024 µg/mL. A maioria das bactérias foi inibida pela vancomicina na concentração de 0,5 µg/mL, exceto as amostras clínicas Sa001 e 002, apresentando CIM > 512 µg/mL. Dados na literatura mencionam resistência do S. aureus a vancomicina com CIM > 128 µg/mL (OGATA et al. 2005). O efeito sinérgico foi observado pela associação desse extrato nas concentrações de 1024 µg/mL com a vancomicina a 0,25 µg/mL, inibindo todas as bactérias testadas; de 1024 µg/mL + 0,125 µg/mL, atuando sobre as amostras clínicas Sa 007, 008, 009 e 012; e de 512 µg/mL + 0,25 µg/mL, sobre as amostras clínicas Sa008 e Sa012. Acredita-se que essa atividade antibacteriana esteja relacionada à capacidade da alicina inibir o crescimento das células por modificar as enzimas dependentes de sulfidrila (HARRIS, 2001).
CONCLUSÃO:
De acordo com os dados obtidos, pode-se concluir que o extrato aquoso do alho branco (A. sativum) apresentou atividade inibitória contra o S. aureus, e que a maioria das amostras clínicas de S. aureus mostrou-se sensível à vancomicina. A associação do extrato aquoso do alho branco com a vancomicina foi efetiva em concentrações menores que a Concentração Inibitória Mínima isolada. Desta forma, sugere-se que o extrato aquoso do alho branco possa vir a ser utilizado na prática clínica, desde que sejam realizados estudos mais aprofundados, para que se possa garantir a sua segurança e eficácia terapêutica.
Palavras-chave: Staphylococcus aureus, Allium, Sinergismo.