Comunidades situadas próximas a reservas ou parques, dificilmente mantêm uma adequação aos respeitos do uso e/ou preservação das reservas em seu entorno como é o caso da comunidade do Sítio dos Macacos, Recife - PE. Está se localiza ao lado da Mata de Dois Irmãos, entre a BR 101 (próximo ao bairro da Guabiraba) e a comunidade do Sítio dos Pintos, ao lado da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Próximo do sítio, no sentido oposto a BR 101, fica o Zoológico de Dois Irmãos. A Mata de Dois Irmãos se constitui, segundo a Fundação de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Recife (FIDEM, 1987), em refúgio de espécies da fauna e flora, além de área protetora do sistema hidrográfico, fazendo parte das bacias hidrográficas dos Rios Beberibe e Capibaribe. Porém, devido aos processos de exploração dos recursos naturais, a reserva apresenta apenas parte de sua vegetação original. Observou-se que varias espécies tem desaparecido nos últimos decênios, motivada pelos processos de degradação ambiental causado pelos moradores residentes no entorno da área. Neste contexto, o presente trabalho busca analisar a relação entre a comunidade Sítio dos Macacos e a Mata de Dois Irmãos, buscando identificar as possíveis ações impactantes que estejam contribuindo para a degradação do ecossistema.

A ocupação irregular da população residente na comunidade Sítio dos Macacos acabou acarretando diversos impactos ao ecossistema. Uma das conseqüências desta ocupação irregular é os diversos impactos causados pela fragmentação que provoca mudanças na estrutura e na dinâmica do ecossistema. Exemplos de degradação podem ser observados tais como: a derrubada de árvores e aberturas de clareiras na borda da mata para a construção das habitações; a deposição de lixo no entorno e no interior da comunidade; exploração mineral de areia e "barro" para os armazéns de construção; exploração vegetal através da retirada de madeira para queima em fornos nas padarias próximas e nas próprias residências, bem como para fabricação de móveis e construção de moradias; caça de pequenos animais para alimentação; abertura de clareiras no interior da reserva para a realização de rituais religiosos, provocando pequenas queimadas onde se depositam oferendas e velas, essas práticas caracterizam o "efeito de borda". Todos estes aspectos observados mostram a complexidade das relações homem-meio e a necessidade de um trabalho de conscientização ecológica direcionado às populações estabelecidas nas proximidades de Unidades de Conservação, visando garantir a sustentabilidade de seus recursos.

A análise da interação da comunidade Sítio dos Macacos com a Mata de Dois Irmãos possibilitou a compreensão da relação dos aspectos físicos e sociais que compõem o espaço geográfico. Os impactos diagnosticados revelam o desequilíbrio existente na Reserva Ecológica afetando diretamente a biodiversidade local, tanto a flora quanto a fauna. A relação entre a existência de comunidades periféricas com uma área de preservação ambiental torna-se de grande fragilidade, pois se observa que a construção de habitações irregulares no entorno da mata através de assentamentos formais ou informais acabam alterando este resquício de mata atlântica existente em uma área urbana do Recife, definindo a área da Mata de Dois Irmãos como um componente do geossistema urbano. Portanto, é vital a análise do entorno da área de mata, pois se pode observar o efeito das atividades humanas pela sua ocupação desordenada provocando com isso uma degradação dos recursos naturais, sendo necessário um processo de conscientização para uma prática social fundamentada nas teorias ecológicas.