62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Educação Física e Esportes - 1. Educação Física e Esportes
AVALIAÇÃO MOTORA EM CRIANÇAS PRATICANTES DE BALÉ CLÁSSICO NA CIDADE DE NATAL - RN - BRASIL.
Thábata Marques Liparotti 1
Pepita Luz Marques Liparotti 2
Flávia Nery Ramos 3
Nayama Keila da Silva 3
Nayara Kênia da Silva 3
João Roberto Liparotti 4
1. Grupo de pesquisa: Estudos da vida; homem, natureza e sociedade. CNPq/ UFRN.
2. Escola de Ballet Maria Cardoso. Natal/ RN.
3. Dpto de Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte/ UFRN.
4. Prof. Dr/Orientador - Depto de Educação Física/ UFRN.
INTRODUÇÃO:
O atraso no desenvolvimento motor pode gerar consequências como déficit na aprendizagem e dificuldade na execução de movimentos básicos. Com o avanço tecnológico e a violência urbana, há uma tendência das crianças ficarem mais tempo em espaços limitados e mais horas sentadas em frente ao computador ou à televisão. Sendo mais inativas, reduzem suas experiências e limitam seu repertório motor. Isto pode ser uma das causas de atrasos na idade motora em relação à cronológica. O balé clássico é uma atividade que pode desenvolver habilidades rítmicas, motoras e expressivas necessárias ao desenvolvimento humano. Variar as situações motoras enriquece o desenvolvimento das habilidades desejáveis a determinadas faixas etárias, propiciando uma mecânica corporal eficiente e auxiliando na conquista de autonomia das crianças. O presente estudo teve como objetivos analisar as habilidades motoras de crianças praticantes de balé clássico em Natal/RN - Brasil. Aplicando-se a Escala de Desenvolvimento Motor proposta por Rosa Neto (2002), para verificar a adequação da idade motora em relação à idade cronológica. Este estudo pode fornecer base para o ensino de um balé clássico baseado em evidências científicas, buscando associações entre o perfil individual e uma prática adequada.
METODOLOGIA:

Trata-se de um estudo descritivo do tipo transversal, com amostra constituída de um grupo único. Caracteriza-se como de campo observacional do tipo diagnóstico. Participaram 35 crianças, do sexo feminino, de uma escola particular de balé (Escola de Balé Maria Cardoso). O critério de inclusão foi a faixa etária, sendo convidadas a participar alunas entre 3 a 11 anos de idade. Foi utilizada a Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) proposta por Rosa Neto (2002). Este instrumento permite uma estimativa da Idade Motora (IM), podendo ser um indicador do estágio de desenvolvimento motor em que a criança se encontra. As participantes foram submetidas à bateria de testes que envolve seis habilidades: esquema corporal e rapidez (EC/R); linguagem e organização temporal (L/OT); equilíbrio (E); motricidade fina (MF); motricidade global (MG) e organização espacial (OE), para apontar a fase de desenvolvimento motor de cada uma. Os testes foram realizados individualmente, estando cada avaliado sem calçado, em ambiente adequado. Para a realização do teste utilizou-se a ficha de avaliação, Manual de Avaliação Motora - Rosa Neto (2002) e o Kit EDM - folha de respostas, materiais para a aplicação dos testes (cubos de madeira, bola de borracha, banco de madeira e jogo de encaixe).

RESULTADOS:
31% das crianças apresentaram atrasos na Motricidade Fina, sendo a habilidade com mais alto índice de inadequação. Talvez, nem as atividades rítmicas programadas para crianças até 7 anos, nem a técnica do balé clássico, tenham muito a contribuir como atividades manuais realizadas no ambiente escolar ou doméstico. 23% de atrasos constatados foram nas habilidades Equilíbrio e Organização Espacial. Este achado aponta para a necessidade da intervenção dos profissionais para suprir esta lacuna. Verificou-se, apenas, 14% de inadequações foram na Motricidade Global e Esquema Corporal/Rapidez. A MG é a ação representada pelos movimentos dinâmicos globais, já o EC é definido como a organização das sensações relativas ao corpo em relação ao exterior e a Rapidez como a capacidade de realizar ações em um dado tempo. Os resultados satisfatórios nestas habilidades podem ter relação com o tipo de moradia e de brincadeiras das crianças, além das práticas desenvolvidas. A Organização Temporal/Linguagem apresentou atraso em apenas 3% dos casos. A Linguagem foi realizada para pré-escolares e a OT para crianças as demais, esta possui dois componentes avaliados: ordem e duração. O componente rítmico característico do balé pode ser um dos fatores responsáveis pelo bom desempenho nesta área motora.
CONCLUSÃO:
As alunas da escola de Ballet Maria Cardoso apresentaram em média, de cada uma das seis habilidades, 82% de adequação na relação idade motora e idade cronológica. Em cada uma das seis habilidades foi encontrado algum atraso entre idade motora e idade cronológica. A contribuição desse estudo ao identificar as inadequações das habilidades motoras nas alunas pode servir de subsídio para futuras intervenções. Apesar da maioria das praticantes de Balé terem apresentado em média graus de adequação satisfatória, o fato de algumas bailarinas terem apresentado valores inadequados em três diferentes habilidades, nos testes aplicados é preocupante, uma vez que esta atividade exige de seus praticantes, equilíbrio, noção espacial e temporal, além da motricidade global para a execução dos movimentos característicos. O componente rítmico inerente a dança pode ser um dos fatores responsáveis pelo bom desempenho da habilidade Organização Temporal/Linguagem. O Equilíbrio e a Organização Espacial são fundamentais e aplicadas tanto para atividades rítmicas como para o balé clássico e necessitam de uma intervenção pelas profissionais que atuam com esta amostra.
Palavras-chave: Habilidades, Balé clássico, Desenvolvimento motor.